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Renato Bez Batti, primeiro cirurgião plástico do Sul de SC

Confira sua história

Por Henrique Packter 01/07/2024 - 14:37 Atualizado em 01/07/2024 - 14:40

O HOMEM, O CIRURGIÃO

"Meu pai é um homem que gosta de ajudar as pessoas, sempre de um jeito prático, agilizado, sem jargões. É uma pessoa alegre, que acaba conquistando os outros com a alegria dele",  comenta Giorgio Bez Batti, filho e também cirurgião plástico.

Além da alegria, Renato Bez Batti é reconhecido por ter sido um homem simples, gente como a gente, com 43 anos de prática médica. Um de seus passatempos favoritos era pescar aqui perto, mesmo, no Balneário Rincão, e, já aposentado, conversar e fazer novas amizades.

Natural de Urussanga, filho de produtores de vinho, cresceu apegado à nossa região, característica que manteve ao longo  de sua vida. Por fazer parte da história da cirurgia plástica no Sul, virou referência nessa especialidade, atraindo pessoas para consulta, de Garopaba a Porto Alegre.

Sua dedicação e a procura por fazer o que é certo ganhou a admiração de seus pacientes e colegas de trabalho, inspirando os filhos  filho, Giorgio Bez Batti (também cirurgião plástico) e Giuliano Bez Batti, pós-graduado em implantodontia e especialista em periodontia, a seguirem o legado do pai na área da saúde. "Ele sempre foi muito focado no trabalho, então a gente cresceu acompanhando visitas médicas, trocas de curativo, essas coisas... Isso e o reconhecimento que ele recebia na rua acabou nos inspirando a ir por esse caminho", completa o filho, Giorgio.

A FORMAÇÃO DE UM PIONEIRO

Formado no RS, Renato Bez Batti, no final dos anos 60 cursou a Faculdade de Medicina, na Universidade Católica de Pelotas (UCPel), graduando-se em 1973.

De 1974 a 1975, fez residência médica em Cirurgia Geral no Hospital Miguel Couto, no RJ. Nesse período, foi aluno do Dr. Savino Gasparini Filho. Ainda na capital fluminense, especializou-se em Cirurgia Plástica na Pontifícia Universidade Católica do RJ (PUC-Rio).

Foi momento muito importante em sua vida, pois durante sua especialização, de 1976 a 1978, teve contato com um dos grandes mestres da cirurgia plástica no Brasil e no mundo: Ivo Pitanguy. Com o professor, o atendimento era dividido entre a Clínica Ivo Pitanguy, bairro do Botafogo, e o Hospital Geral da Santa Casa da Misericórdia do RJ, Centro da urbe.

Colegas da época relembram que, mesmo nos períodos de férias, ele continuava participando das atividades médicas. Também nesse período, participou do atendimento médico às vítimas do incêndio no Gran Circus Norte-Americano, no tratamento de suas sequelas, um dos episódios mais chocantes da nossa história.

UMA TRAGÉDIA NACIONAL

No início da década de 60, a Cidade Maravilhosa exportando sucessos de Tom Jobim e Vinícius de Moraes, acontecimento na região estarreceu os brasileiros. Em 17.12.1961, o Gran Circus Norte-Americano incendiou-se em Niterói com 3.000 pessoas na plateia. 503 morreram e outras 300 sofreram ferimentos diversos.

O professor Ivo Pitanguy foi um dos líderes à frente do socorro às vítimas e ainda em 1976 muitos pacientes estavam em tratamento com ele, dada a gravidade das queimaduras sofridas quinze anos antes. Nessa fase, Renato Bez Batti  prestou assistência a pacientes, especializando-se cada vez mais no campo da cirurgia plástica, mais especificadamente, em procedimentos reconstrutivos que viria a exercer entre os mineiros feridos em Criciúma, ao voltar ao Sul.

Experiências assim marcam a trajetória de quem se dedica à Medicina. Mas é preciso converter isso em conhecimento para poder ajudar os outros, como Pitanguy revela na autobiografia Aprendiz do tempo, da editora Nova Fronteira: "A experiência que marcou mais fortemente a minha vida foi o tratamento das vítimas do incêndio do circo".

O PRIMEIRO CIRURGIÃO PLÁSTICO DE CRICIÚMA

O ano era 1979 e o então Membro Especialista da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica inicia seu trabalho no Hospital São João Batista de Criciúma. A seguir, passa a atender também no Hospital São José e no Hospital Santa Catarina, todos na mesma cidade. O primeiro cirurgião plástico do sul-catarinense logo se tornou referência na própria região e em terras mais distantes, atraindo pacientes de municípios mais ao norte, como Garopaba, e até do RS.

Mesmo com os poucos recursos da época — muitas vezes, era só ele e a instrumentadora —, Renato Bez Batti  desenvolveu as áreas estéticas e reparadoras da cirurgia plástica. Quem antes sabia desses procedimentos somente pelas revistas de entretenimento, agora podia consultar com um especialista ali em sua cidade. A novidade causou sensação e as filas na porta do consultório começaram a formar-se.

"Hoje atendo pacientes que são filhas das pacientes do meu pai", diz Dr. Giorgio Bez Batti, "essas mães foram suas primeiras pacientes, que desejavam operar o nariz ou algo do gênero e foram correndo para o consultório dele quando descobriram que finalmente havia um cirurgião plástico em Criciúma".

UMA CIDADE EM TRANSFORMAÇÃO

Já na área reconstrutiva Renato Bez Batti trouxe grandes desenvolvimentos para a recuperação dos pacientes da região, especialmente para as vítimas de acidentes na mineração carbonífera.

Criciúma vivia uma terceira fase de crescimento econômico na comemoração do centenário de fundação. Muitas mudanças na cidade, rápidas e grandiosas. Mas, com o crescimento da população e a expansão da indústria mineradora, em meados dos anos 80, a demanda por cirurgias reparadoras aumentou proporcionalmente, conforme crescia o número de feridos.

Em 1986 e 1987 a capital nacional do carvão registrou 3.464 acidentes relacionados à atividade mineradora como registra Giovani Felipe, bacharel em História pela Universidade do Extremo Sul Catarinense (Unesc). Pouco antes, em 10.9.1984, nossa região já ficara marcada pelo mais grave acidente ocorrido em mina de carvão brasileira, quando morreram  31 operários na mina Santana em Urussanga.

O pioneirismo de Renato Bez Batti estendeu-se também à estruturação da primeira ala para queimados em Criciúma, reservando aos pacientes com tais ferimentos quase um andar inteiro no Hospital São José.

Nos anos 80, essa foi novidade bem-vinda para Criciúma, enquanto a própria capital Florianópolis estava distante de  ter ala específica para tratar vítimas de queimaduras. Renato Bez  Batti se aposenta do serviço público de saúde (SUS), passando a se dedicar em 2004 exclusivamente à cirurgia plástica estética, fixando sua Clínica frente ao Hospital São João Batista.

O LEGADO CONTINUA

Os Bez Batti continuam fazendo história na cirurgia plástica de SC. O legado do pioneiro agora é levado adiante por seu filho, Giorgio Bez Batti, também cirurgião plástico. Formado em Medicina pela Universidade do Sul do Estado de SC

(Unisul), Giorgio segue o caminho iniciado pelo pai ao concluir suas especializações no RJ, sob orientação do Dr. Farid Hakme. Em seguida, tornou-se membro do Colégio Brasileiro de Cirurgiões e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, voltando a Criciúma para estabelecer seu próprio consultório.

O hoje experiente filho-cirurgião brinca que "pai é pai" ao comentar a curiosidade paterna no acompanhamento da diferença da cirurgia plástica efetuada hoje, muito mais sofisticada e moderna, em comparação com a do seu tempo. "Depois de se aposentar ele continua ativo de uma forma ou de outra. Gosta de vir presenciar as cirurgias plásticas que realizo e está sempre por perto. Não dá para evitar, ele nasceu para isso." Bom saber que tão rica história e a tradição estabelecida pelo pioneiro em cirurgia plástica no Sul do estado continua viva, agora nas mãos do filho, Giorgio. Assim como surge uma nova geração de pacientes à procura, os Bez Batti têm uma nova geração de especialistas para atender Criciúma com qualidade.

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