FELIZ ANO NOVO A TODOS!
BEM QUE GENTE JÁ FEZ POR MERECER!
Dona Virgínia era casada com o minerador de carvão mineral em Criciúma, Pedro Milanez. O casal era adepto de viajar para outros continentes, especialmente a velha Europa e muito, muito especialmente para a Itália, no velho continente.
Pedro era governador Distrito 465 do Rotary e nesta qualidade, muito voou. Pedro deixou muita coisa escrita o que lhe valeu, merecidamente, dar seu nome ao ARQUIVO HISTÓRICO, órgão da FUNDAÇÃO CULTURAL DE CRICIÚMA.
Dos livros escritos por dona Virgínia, avulta DESCORTINANDO O MUNDO, texto de viagens, muito bem recebido aqui e além fronteiras.
Corria o ano de 1966 e meu irmão, Boris Pakter (assim mesmo, sem o C antes do K), aprestava-se para vir a Criciúma, onde juntos trabalharíamos no Hospital São José, as especialidade de Oftalmologia, Otorrinolaringologia e Broncoesofagologia. Naquela época era assim mesmo. Havia colegas médicos que exerciam legalmente todas essas quatro especialidades. Com sua chegada Frida e eu partiríamos para nosso primeiro voo para a Europa onde eu pretendia participar do Congresso Europeu de Oftalmologia, reunião médica de grande prestígio naqueles dias.
Iriamos nos hospedar no Hotel São Petersburgo, de propriedade de uma família portuguesa e localizado a apenas 5 minutos a pé da Ópera Garnier e de La Madeleine. O Hôtel Saint-Pétersbourg Opéra de Paris, era próximo de tudo e dispunha de quartos com ar-condicionado e isolamento acústico.
O Hotel Saint-Petersbourg Opera estava a 200 m da Estação de Metrô Havre - Caumartin. As famosas lojas de departamento Printemps e Galeries Lafayette ficavam a apenas 5 minutos a pé.
Ainda existirá?
Numa outra ocasião, exatamente no dia em que os Aiatolás apearam do poder o Xá da Pérsia e sua adorável esposa Farah Diba. Frida e eu estávamos hospedado no hotel; era 11.02.1979. A aviação americana tentou resgatar reféns americanos homiziados na Embaixada Americana em Teerã, operação que representou por muito tempo em descrédito para o militarismo gringo, pelo seu fracasso.
Farah Pahlavi, nascida Farah Diba (Teerã, 14.10.1938), viúva do último xá do Irã, Mohammad Reza Pahlavi, foi a imperatriz consorte do Irã de 1959 a 1979. Era mulher belíssima e estudou arquitetura em Paris, França, na École Spéciale d'Architecture, onde foi aluna de Albert Besson. Enquanto estudante, foi apresentada ao Xá Mohammed Reza Pahlavi. Após algum tempo, o Xá a pediu em casamento e os dois contraíram núpcias em 21.12.1959. Com o Xá, Farah deu à luz quatro filhos. Os dois primeiros casamentos do Xá não produziram filhos — necessário para a sucessão real.
Ao contrário do que ocorre hoje, quando as mulheres têm seu acesso negado nas escolas do país, Farah Diba fundou a primeira universidade de estilo americano do Irã, permitindo que mais mulheres lá se tornassem estudantes.
Em 1978, a crescente agitação anti-imperialista, alimentada pelo comunismo, socialismo e islamismo no Irã mostrava sinais claros de revolução iminente. O Xá e a imperatriz deixaram o país em janeiro de 1979 sob ameaça de sentença de morte.
Por esse motivo, a maioria dos países relutou em abrigá-los, sendo uma exceção o Egito de Anwar Al Sadat. O Xá morreu no exílio, julho de 1980. Na viuvez, Diba dividiu seu tempo entre Washington, D.C., EUA e Paris.
Farah Pahlavi até lançou um livro sobre seu casamento com o Xá, cujo título em inglês é An Enduring Love: My Life with the Shah- A Memoir.
Voltando no tempo a 1966, data de minha primeira viagem ao exterior para participar de um congresso, num sábado à tarde, Dona Virgínia Milanez fez-nos visita de surpresa. Vestia-se com grande simplicidade, como de costume. Despojada de joias, um anel de ouro no anular esquerdo, sapatos sem salto, vestido que primava por ser muito simples, velha bolsa de couro debaixo do braço, nenhum colar ou broche. De pé, encarou Frida:
- A senhora está vendo como me apresento em público no exterior. Minhas amigas, que fazem questão de apresentar-se com apuro e riqueza, já foram quase todas assaltadas em suas viagens; eu, até esmola já recebi na Itália.