Quando estávamos nos acostumando a uma vida mais normal – em muitos casos normal demais - o relato do aparecimento de uma nova variante com potencial para trazer de volta dias sombrios preocupa.
Apesar de ainda não sabermos se é mais transmissível, se provocará casos mais graves ou se poderá escapar das vacinais em uso, com certeza, alguns dados chamam a atenção.
Antes de tudo, a rapidez com que a Organização Mundial de Saúde (OMS) a rotulou como variante de preocupação.
Essa denominação é reservada para aquelas variantes com maior transmissibilidade, maior capacidade de provocar doença ou que podem suplantar as medidas habituais de controle sanitário ou eficiência das vacinas.
Para comparação, a variante Delta, que hoje predomina na maior parte do mundo, foi detectada na Índia no final de 2020 e foi classificada como de preocupação pela OMS somente em maio de 2021.
No caso da Ômicron, a OMS foi informada no dia 24 de novembro. O Comitê Consultivo responsável pela avaliação das novas variantes reuniu-se dois dias depois e já a etiquetou como de preocupação.
Tem 50 mutações, 32 na proteína Spike – o alvo utilizado pela maioria das vacinas no mundo, entre elas Pfizer, AstraZeneca e Janssen.
Essa é a quinta cepa classificada como variante de preocupação. As anteriores são alfa, beta, gama e delta.
Era uma história já prevista: o diretor geral da OMS, Tedros Adhanom, está rouco de dizer que os países ricos deveriam ajudar os mais pobres na aquisição de vacinas.
A África – que tem apenas 7% da sua população completamente vacinada – mostra que essa doença é de todos.
Sem vacinas e sem cuidados, o surgimento de novas variantes de preocupação é (era?) somente questão de tempo.
Ômicron – a breve?
Seguindo a nomenclatura adotada pela OMS, seu nome deveria ser “nu”, mas a letra foi pulada por soar como “new” em inglês.
A letra seguinte da fila seria “Xi”, também desprezada por ser um sobrenome comum na China, inclusive do seu Presidente, Xi Jinping.
As maiores fabricantes de vacinas já preveem que entre duas e três semanas saberão se suas vacinas continuam eficazes contra a Ômicron.
Caso haja escape da vacina, calculam que em três meses terão imunizantes diretamente dirigidos contra ela.
Tomara que a Ômicron tenha o comportamento previsto pelo seu nome.
Segundo o dicionário Houaiss, a origem da palavra significa 'o pequeno, ou seja, breve'.