Enquanto os médicos clínicos dedicam-se ao estudo da doença no indivíduo, os epidemiologistas são aqueles treinados para analisar e propor ações de prevenção e controle de saúde na coletividade.
Por isso, tão importantes e participativos neste contexto de pandemia.
Há poucas semanas, o New York Times publicou uma matéria em que ouviu informalmente 700 epidemiologistas americanos sobre suas percepções sobre os meses que estão por vir.
Naquele momento, já aguardavam a ampla disponibilidade das vacinas – as mais eficazes disponíveis no mundo.
Considerar que, por formação, epidemiologistas são mais conservadores e cautelosos e que existem muitas incógnitas, como duração da imunidade, possíveis mutações do vírus, logística de distribuição das vacinas e a reticência na aceitação da imunização entre alguns grupos.
Outro fator a influir nas suas percepções seria o desenvolvimento de algum medicamento eficaz contra o coronavírus – não há nenhum até o momento.
Vejamos:
A metade afirmou que não mudaria seu comportamento pessoal até que pelo menos 70% da população esteja vacinada.
Esse percentual é considerado, no momento, o limiar para que a imunidade de rebanho seja alcançada. Somente com uma grande redução no número de susceptíveis, o vírus perderia sua capacidade de transmissão.
A enquete mostrou que a maioria acredita que, mesmo com as vacinas, provavelmente teremos um ano ou mais antes que muitas atividades – principalmente aquelas que reúnam muitas pessoas - se reiniciem de maneira segura.
Apenas 1/3 dos entrevistados relatou que se sentiria seguro de retornar às atividades da vida diária quando tão somente eles estivessem vacinados.
Outros restringiriam seu contato social a pessoas que também já tenham sido vacinadas.
Muitos manterão o uso de máscaras e o distanciamento social.
“A nova normalidade será usar máscaras durante os próximos 12 a 18 meses e possivelmente pelos próximos anos. Se trata de uma mudança de paradigma.”
Resumindo o sentimento de boa parte da comunidade médica, Michelle Odden, professora adjunta de Epidemiologia da Universidade de Stanford disse que “não acreditava que este nível de fracasso na resposta federal fosse possível nos Estados Unidos - este vírus me deixou mais humilde como profissional e como pessoa”.
Quando perguntada sobre o que não voltará a normalidade, Victoria Holt, professora emérita da Universidade de Washington não titubeou: “Minhas relações com as pessoas que não levaram esta pandemia a sério e ignoraram as mensagens e recomendações da Saúde Pública”.
Por aqui, sem perspectivas reais de vacinação em massa, devemos esperar meses duros pela frente.