As tão esperadas vacinas, que podem nos devolver a vida pré-pandemia, estão chegando e agora muitos andam com medo delas.
Tirando argumentos fantasiosos de movimentos antivacina, observamos que o que tem preocupado muitas pessoas é a rapidez com que as vacinas contra a Covid-19 foram desenvolvidas e liberadas para uso, mesmo que emergencial.
Assim como qualquer medicamento, as vacinas passam por fases de avaliação após a sua manufatura e testes em animais de laboratório.
As fases 1 e 2 são desenhadas para avaliar a segurança e a capacidade de gerar resposta imune.
Sendo aprovadas, as vacinas entram na definitiva fase 3, em que milhares de voluntários são efetivamente vacinados e comparados a um grupo controle que recebeu um placebo.
No caso das vacinas, depois da obtenção de um número pré-determinado de infectados, um grupo independente avalia quantos destes receberam a vacina ou o placebo.
Como exemplo, se são avaliados os primeiros 100 infectados entre os voluntários de um ensaio clínico e destes 90 fazem parte do grupo controle (no caso, não vacinados), é dito que a vacina tem 90% de eficácia.
No caso do coronavírus, alguns fatores contribuíram para essa celeridade.
O principal é o envolvimento de muitos cientistas associados, com o apoio e financiamento das maiores indústrias farmacêuticas do mundo - que não colocariam sua reputação (e capital) num processo desses se não tivessem convicção da sua segurança.
Outro, o grande número diário de casos, que permite que aquele número pré-determinado de infectados necessários para a análise estatística seja alcançado.
Esses cálculos independem se a vacina foi desenvolvida em 10 meses ou 10 anos.
O que assegura e quantifica a eficácia é essa análise estatística da fase 3.
Algumas vacinas contra o Covid-19 já venceram essa barreira – a melhor garantia que podemos ter que são eficazes e seguras.
Evidentemente, muitos dados ainda estão por surgir – a denominada fase 4 começa após a liberação do uso para grandes grupos populacionais, com particularidades que não conseguem ser avaliadas nessa fase 3.
Num tuíte recente, o professor de economia da Unicamp, Thomas Conti, lembrou que mais de 1.100.000 pessoas já receberam a vacina contra a Covid em 4 países diferentes.
As vacinas causaram 3 reações alérgicas relevantes, em indivíduos que já se recuperaram e estão bem.
Nesse intervalo, o coronavírus matou mais de 90 mil pessoas.
Lembrem dessa comparação.
E não tenham medo destas vacinas.