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Comorbidades e vacinação Covid-19

Por Dr. Renato Matos 10/05/2021 - 10:05

Asma brônquica


A Comissão Científica de Asma da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, com contribuições de outras sociedades médicas, divulgou orientações sobre vacinação para pacientes com asma brônquica.

No início da pandemia era temido que esses pacientes pudessem ter piores desfechos. 

No entanto, a maioria dos asmáticos tem quadros leves ou moderados. Quando tinham a doença controlada, não mostravam formas mais graves de Covid-19.

Diferente é a situação de asmáticos graves, que têm maior probabilidade de formas severas e maior mortalidade hospitalar. 

Esses, sim, são considerados grupo prioritário para vacinação contra Covid-19.

Asmáticos graves são aqueles que apresentam uma doença não controlada – continuam a ter sintomas – apesar de doses altas de corticoide inalatório e um ou mais medicamentos de controle (broncodilatadores de ação prolongada) ou necessitam fazer uso de corticoide oral em mais da metade dos dias no ano anterior.

Também são considerados graves aqueles pacientes que necessitam fazer uso de anticorpos monoclonais, como o omalizumabe.

O Plano Nacional de Operacionalização de vacinação contra a Covid-19 também contempla outras pneumopatias crônicas graves:

- Doença pulmonar obstrutiva crônica (bronquite crônica associada a enfisema pulmonar)
- Fibrose cística
- Fibroses pulmonares
- Pneumoconioses
- Displasia pulmonar – doença pulmonar geralmente associada à prematuridade, em crianças que apresentaram insuficiência respiratória e necessitaram de ventilação mecânica.

 

Hipertensão arterial sistêmica

Uma boa definição é contida nas Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial, publicada pelas Sociedades Brasileira de Cardiologia, Hipertensão e Nefrologia, publicada em 2020: a hipertensão arterial (HA) é uma doença crônica não transmissível definida por níveis pressóricos em que os benefícios do tratamento (não medicamentoso e/ ou medicamentoso) superam os riscos. 

Definição Hipocrática na essência: “Primum non nocere” é um termo latino da bioética que significa "primeiro, não prejudicar". 

É caracterizada por elevação persistente da pressão arterial, ou seja, PA sistólica maior ou igual a 140 mmHg e/ou PA diastólica maior ou igual a 90 mmHg, medida com a técnica correta, em pelo menos duas ocasiões diferentes, na ausência de medicação anti-hipertensiva.

É uma doença comum: no Brasil é estimada uma prevalência em torno de 30 milhões de adultos – praticamente o mesmo número de pessoas que receberam até agora a primeira dose da vacina contra a Covid-19 no país. 

Se todos os hipertensos fizessem parte do grupo de risco, frente a escassez de vacinas, teríamos outro problema imenso a ser enfrentado.

Nesse cenário é fundamental que sejam especificadas aquelas situações em que realmente a presença de hipertensão traz riscos adicionais de complicações.

 

O Plano Nacional de Operacionalização de vacinação contra a Covid-19 especifica essas situações:

- Hipertensão arterial resistente, quando, apesar do uso de 3 anti-hipertensivos, os níveis pressóricos adequados não são alcançados;

- Hipertensão arterial estágio 3, quando a pressão sistólica for maior ou igual a 180 mmHg e/ou a pressão diastólica for maior ou igual a 110 mmHg;

- Indivíduos com níveis inferiores de pressão arterial (estágio 1 ou 2) só entram na lista de prioridades quando houver lesão em órgãos alvo (como coração, rins ou cérebro) ou comorbidades importantes.

 

Outras prioridades:


Da mesma forma, existem critérios específicos para outras doenças, como insuficiência cardíaca, síndromes coronarianas, doença renal crônica e imunossupressão.

Seu médico deverá preencher um formulário, inclusive já disponibilizado pela Secretaria de Saúde do nosso município, onde deverá especificar essas situações.

Pelo apresentado, fica claro que não é suficiente apresentar um atestado dizendo que você é portador de asma brônquica ou hipertensão arterial. Seu caso deve ser particularizado.


Num momento de muita procura e pouca oferta de vacinas, essas prioridades são fundamentais.

Converse com seu médico.

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