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O Natal dos italianos

Por Dr. Renato Matos 07/12/2020 - 18:19 Atualizado em 07/12/2020 - 18:20

Severamente atingida pela primeira onda e voltando a enterrar quase mil conterrâneos por dia em consequência das mortes por coronavírus, a Itália já decidiu que este final de ano será diferente. 

O país que chamou a atenção do mundo ocidental para a mortalidade associada à infecção de Covid-19 e que no começo fez vistas grossas – lembram do "Milano Non Si Ferma" (Milão Não Para)? - adota agora a única estratégia que se mostrou efetiva em conter o avanço do coronavírus.

Abraçam a técnica do martelo e da dança, alternando entre períodos de medidas rigorosas - quando o contágio sai de controle - e abertura cautelosa - para manter a infecção sob controle.

O premiê italiano, Giuseppe Conte, anunciou no dia 3 de dezembro duras medidas para tentar conter a propagação adicional do vírus. As mais severas têm prazo de validade: de 21 de dezembro a 6 de janeiro, evidentemente para conter as viagens, aglomerações e festas de fim de ano.

O impacto social dessas medidas será imenso numa população que, como bem sabemos, valoriza a convivência familiar e a proximidade física, de preferência regada a um bom vinho e muita conversa.
Qualquer deslocamento sem justificativa está proibido após as 22 horas – nosso toque de recolher, só que mais alongado.

Também não serão permitidas as viagens entre as diversas regiões da Itália, mesmo que justificadas por visitas a parentes ou deslocamento para uma segunda casa que possam ter em outras províncias. Entre os dias 24 e 26 de dezembro e no dia 1º de janeiro, as regras endurecem ainda mais: está proibido o trânsito entre cidades da mesma região.

Nas áreas menos afetadas, os restaurantes poderão funcionar para almoços de Natal e Ano Novo, desde que limitem a 4 o número de pessoas por mesa. 

Jantares, proibidos.

Ceias de Natal e festas de Réveillon também estão vetadas, inclusive em hotéis – só serão permitidos serviços de quarto.

O premiê sabe que é impossível controlar o que acontece dentro das casas, mas apela para o bom senso dos seus governados: “Temos que entender que em um sistema liberal-democrático não podemos entrar na casa das pessoas e impor restrições rigorosas. Mas recomendamos fortemente que não sejam recebidas em casa pessoas com quem não se convive, sobretudo nessas ocasiões, nas quais os festejos se tornam mais intensos”.

O ministro italiano, Francesco Boccia, já avisou que neste ano o menino Jesus precisará nascer duas horas antes – até a missa do Galo será antecipada para obedecer ao toque de recolher.

No entanto, o sucesso dessas medidas poderá permitir que as atividades produtivas e as escolas para crianças sejam preservadas. E milhares de vidas, salvas.
 

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