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O que aprendemos em uma semana sobre a nova variante

Por Dr. Renato Matos 06/12/2021 - 10:18 Atualizado em 06/12/2021 - 10:18

Quando parecia que as coisas estavam se ajustando com as altas taxas de vacinação, veio essa nova variante de preocupação, identificada na África do Sul.

O mundo entrou novamente em alerta.

Já foram detectados casos em mais de 30 países, Brasil inclusive.

Continuamos sem saber se é mais transmissível ou letal que as variantes que a precederam, mas há sinais de que tenha maior capacidade de reinfectar pessoas que já tiveram a Covid.

Boa parte dos casos descritos na África do Sul mostram doenças leves, mas o relato se refere a pessoas jovens, que costumam apresentar formas mais brandas da doença. 

Não costuma haver perda de olfato ou paladar, apresentando-se como um quadro gripal usual, o que já observamos em pessoas completamente vacinadas e infectadas pela Covid.

A farmacêutica Regeneron, fabricante do coquetel de anticorpos monoclonais contra o SARS-CoV-2, já avisou que seu produto poderia ser menos eficaz contra essa nova variante, devendo ser atualizado caso a variante se espalhe de forma agressiva.

Já a britânica GSK informou que seu Sotrovimab, também uma mistura de anticorpos monoclonais, usado naqueles casos com potencial de evoluir para formas graves, continua eficaz.

A grande questão – e preocupação – é se as vacinas em uso, na maioria baseadas na proteína Spike, manterão sua eficácia contra a Ômicron, que apresenta mais de 30 mutações nessa localização. 

Na pior das hipóteses, as fabricantes de vacina já informaram que em 3 meses poderão lançar no mercado novos imunizantes direcionados contra a nova variante.

Lembrar que a segunda variante de preocupação, a beta, também surgida na África do Sul, não trouxe maiores consequências em nível mundial.

Evidentemente, não é hora para pânico, mas de vacinar os recalcitrantes, reforçar a imunização dos já vacinados há mais de 6 meses e manter medidas sanitárias adequadas à situação local e pessoal de cada um.

O brasileiro da Ômicron

A descoberta da variante Ômicron teve a participação direta de Túlio de Oliveira, brasileiro de 45 anos que há 25 vive no país africano.

Com estilo zen, filho de hippies “raiz”, estudou no Colégio Champagnat da congregação Marista em Porto Alegre e formou-se em biotecnologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Chegou à África do Sul em 1997, quando sua mãe foi trabalhar por lá.

Fixou residência no país, e, estudando o vírus HIV, fundou um dos maiores centros de estudos genômicos do mundo, de onde veio a informação sobre o surgimento da nova variante, logo rotulada de preocupação pela OMS.

Nosso conterrâneo tem mais de 150 publicações em revistas científicas, dentre elas Nature, Science e Lancet.

Em entrevista ao The New Yorker Magazine, Túlio de Oliveira disse que o surgimento dessa nova variante é “o último prego no caixão da imunidade do rebanho” induzida por infecção natural.

Diz a Folha que é torcedor do Internacional.

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