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O vírus russo

Por Dr. Renato Matos 02/03/2022 - 09:55

Plausível, hipótese interessante, talvez.
Essas são algumas caracterizações utilizadas por pesquisadores quando são confrontados com a história da chamada gripe russa e sua relação com a nossa pandemia de Covid-19.
Em 1889, apareceu uma nova doença respiratória que se espalhou pelo mundo e causou supostos 1 milhão de mortos – os primeiros casos teriam surgido no mês de maio, em pessoas que viviam em Bukhara, uma cidade que fazia parte do, então, Império Russo. 
O que parecia ser mais uma das recorrentes epidemias de influenza apresentava algumas características peculiares: além dos sintomas habituais da gripe, havia comprometimento do aparelho digestivo e neurológico, entre eles a perda de olfato e paladar, não encontrados em quadros tradicionais da doença.
Também foi notada uma incidência muito baixa de manifestações em crianças e a permanência dos sintomas por meses, principalmente a fadiga.
A gripe russa acabou alguns anos mais tarde, após pelo menos três ondas de infecção.

Existem, até agora, 32 espécies conhecidas de coronavírus em animais. Infectam porcos, cães, gatos, roedores, vacas, cavalos, camelos, baleias beluga, pássaros e, principalmente, morcegos.
Em humanos, há 7 espécies. 
Além daquelas que provocaram doenças graves nas últimas décadas - a SARS-CoV1, MERS e a atual SARS-CoV2 - são conhecidas outras 4 espécies capazes de infectar humanos.
Elas são conhecidas desde a década de 60 e causam sintomas leves de vias aéreas superiores, como um resfriado comum. 
Entre elas, a OC43, a principal suspeita de causar a gripe russa.
A hipótese dos pesquisadores é que a OC43 surgiu em 1889 como um novo vírus, desconhecido do sistema imunológico dos seres humanos da época, motivando a gravidade da pandemia.
Abrandado pelo tempo e, agora, reconhecido pelo nosso sistema de defesa, hoje é um vírus comum, “leve”.
Se aceitarmos a hipótese de que a gripe russa era uma epidemia anterior de coronavírus, sua dinâmica pode nos dar algumas pistas sobre o futuro da Covid-19.
Com a indispensável ajuda das vacinas se transformará numa doença como o resfriado comum?
Ou, como a Influenza, terá mutações frequentes que exigirão reforços vacinais anuais e ainda causarão muitas mortes?
Esperemos os próximos capítulos.

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