No início da pandemia, sem medicamentos eficazes ou vacinas, dependíamos exclusivamente de isolamento físico, uso de máscaras e medidas de higiene.
Ou sorte, casos infectados.
Meses depois, as fantásticas vacinas começaram a mudar o cenário.
Além da proteção de até 90% contra quadros graves e mortes, reduzem o risco de transmissão do vírus em aproximadamente 50%.
Mas não temos – ou não tínhamos - medicamentos eficazes que pudessem ser usados naqueles em que a eficiência da vacina não era suficiente – ou naqueles teimosos não vacinados.
O tratamento precoce “de verdade”.
Os aprovados anticorpos monoclonais são extremamente caros e, na nossa realidade, não disponíveis.
Partindo do princípio de que vírus são combatidos com antivirais e não com antibióticos ou antiparasitários – vide hepatite C e HIV - as companhias farmacêuticas vêm trabalhando exaustivamente na sua pesquisa.
As últimas semanas nos trouxeram excelentes notícias.
Primeiro, o Molnupiravir, da Merck. Usado até o quinto dia de sintomas, por via oral, em indivíduos não vacinados e com pelo menos uma comorbidade, reduziu em 50% a necessidade de internação em comparação ao grupo placebo, sem nenhuma morte entre aqueles que o usaram.
Agora, a Pfizer tornou público o resultado do ensaio clínico que vinha testando a associação de dois antivirais, também utilizados por via oral: o PF-07321332, associado ao Ritonavir.
Se confirmados, os resultados do já batizado PAXLOVID são exuberantes: redução de 89% no risco de internação ou morte naqueles tratados até três dias após o início dos sintomas. Com 5 dias, resultados quase parecidos.
Diversos antivirais – mais de 200, segundo a revista Science - estão em estudos.
Até termos esses medicamentos à disposição, alguns cuidados ainda se fazem necessários.
Quanto maior for o seu risco, pela presença de comorbidades ou pela possibilidade de infectar familiares ou amigos que façam parte de grupos mais vulneráveis, maiores devem ser os cuidados.
Não podemos, nesse momento, colocar toda a responsabilidade nas vacinas.
Já sabemos da imprevisibilidade do SARS-CoV2.
Não temos o direito de agora botar tudo a perder.