Eric Topol, cardiologista norte-americano, é um dos 10 pesquisadores mais citados da área médica. Acompanha, como poucos, o desenrolar da pandemia, com postagens baseadas nas melhores evidências disponíveis. Uma excelente indicação para quem gosta de ciência e do Twitter.
Publicou há poucos dias um interessante artigo no seu site Ground Truths.
“Qual é a nossa situação em relação à Ômicron?
Os dados, a matemática, os padrões, e a saída”
Daí, saem as informações abaixo.
Enquanto as doses de reforço com as vacinas mRNA (Pfizer e Moderna) e de vetor viral (AstraZeneca) restauram a proteção contra infecções sintomáticas provocadas pela variante Delta num patamar acima de 90%, o mesmo não acontece contra a variante Ômicron.
Nesse caso, o reforço vacinal aumentou a proteção (contra infecções sintomáticas) para pouco mais de 50%.
Deixaram de funcionar?
Claro que não.
Estão cumprindo o prometido – redução das hospitalizações e mortes.
Há 3 estudos avaliando esse tópico, com surpreendente consistência entre eles – 88%, 89% e 90% de eficácia do reforço contra complicações da Ômicron.
Valores muito acima do observado entre aqueles que ainda não fizeram o reforço, apesar da indicação: 44% a 68%.
A dose de reforço não só multiplica os anticorpos neutralizantes, já conhecidos dos leitores, mas expande as células de memória, estas, sim, mais importantes contra as formas graves da doença – e relacionadas à duração da resposta imune.
Na dúvida, Israel já começou a aplicar a segunda dose de reforço naqueles com mais de 60 anos. Aguardemos os resultados.
Enquanto alguns torcem para que a Ômicron seja a última parada da pandemia, “parece estar claro que estamos longe de conter o vírus neste momento”.
Pior, “esta alta circulação viral poderá resultar em novas variantes, inclusive com maior evasão vacinal”.
Precisamos de novas vacinas, capazes de reduzir ainda mais a transmissão.
E que, idealmente, resultem em uma vacina universal, capaz de proteger contra muitas – ou todas – as variantes do SARS-CoV-2.
“Talvez este dia não chegue tão cedo”, escreveu Eric Topol, citando um editorial do The Washington Post.