Com a disponibilidade e efetividade das vacinas, o fim da pandemia passa a entrar no radar. Mas por quanto tempo ainda teremos que continuar fugindo do SARS-CoV-2?
Talvez a resposta esteja na obtenção da imunidade coletiva, situação em que o número de pessoas imunes na população impede a propagação do vírus. Já aprendemos que essa imunidade não será alcançada de modo natural, através de pessoas que já foram infectadas – Manaus é o maior exemplo disso.
Mas a vacina pode mudar o jogo de forças a nosso favor. Na edição deste domingo do The New York Times, temos um bom artigo sobre o tema, usando dados do modelo desenvolvido pelo PHICOR, um dos líderes mundiais na área de computação aplicada à saúde.
Partem da premissa que a imunidade coletiva seja atingida quando de 70% a 90% da população estiver imunizada. E estudam diversos cenários – nos EUA.
Lá estão sendo vacinadas cerca de 1,7 milhões de pessoas por dia. Com a aprovação de novas vacinas, os especialistas estimam que esses números possam ser dobrados. Evidente que existem variáveis ainda não definidas:
Quanto tempo durará a imunidade gerada pela vacina?
Quanto tempo permanecem imunes os já infectados?
Qual será o impacto das novas variantes na efetividade da vacina?
Os vacinados apenas se livram das formas graves da doença ou deixam se transmiti-la?
Usando os dados disponíveis, alguns que nos parecem muito otimistas, vamos às simulações:
- Mantendo 1,7 milhões de vacinados ao dia, a imunidade coletiva seria atingida em julho. Até lá, mais 100.000 pessoas podem morrer pelo coronavírus.
- Alcançando 3 milhões de vacinados ao dia, a imunidade coletiva seria atingida em maio – daqui há 3 meses. 90.000 mortes no período.
E se, apesar da vacinação, houver relaxamento das medidas de distanciamento social e uso de máscaras, comprovadamente eficazes em reduzir a disseminação do vírus?
Mantendo as condições atuais, o número de mortes adicionais passa a ser estimado em 320.000.
Caso apareçam variantes mais contagiosas - e as precauções sejam deixadas de lado – mais 530.000 norte-americanos podem morrer antes que a imunidade coletiva seja obtida, dobrando os números atuais.
Por aqui, ainda poucos dados – e poucas vacinas. O epidemiologista Márcio Bitencourt, da USP, postou recentemente no seu Twitter:
“Mantendo o ritmo atual, o Chile vacinará toda a sua população até agosto deste ano. O Brasil, em 2025”.