Neste domingo, aos 79 anos, morreu Frank Williams, fundador e proprietário da equipe que leva seu sobrenome por 43 anos.
Me lembro do texto de abertura do documentário sobre a vida do pentacampeão mundial Juan Emanuel Fangio, na Netflix, onde dizia para imaginarmos: "Quantas pessoas diariamente guiam automóveis? Milhões. Quantas pessoas guiam carros de corrida? Centenas de milhares. Quantas pessoas são pilotos profissionais? Milhares. Quantos desses realmente são bons? Centenas deles. E aí temos a Fórmula 1, e desses vinte, seis são pilotos incríveis, mas só um é gênio". Esse texto representa bem o que é a Fórmula 1, o mais alto nível do esporte mais disputado do mundo.
Podemos parafrasear essa afirmação de outra maneira. Imagine: quantas pessoas nesse mundo acompanham Fórmula 1? Milhões delas. Quantas realmente amam o esporte? Milhares. Quantas realmente vivem pro esporte, se doam de corpo e alma? Centenas delas. E acima de todas elas, existe Frank Williams. Poucas vezes vi alguma relação tão forte entre um homem e sua paixão. Frank Williams amou a velocidade mais do que a si mesmo, quando não estava em um carro em movimento, o vício em velocidade o fazia percorrer maratonas, por vezes corria em torno dos circuitos da F1.
O destino quis parar esse ímpeto de velocidade em Frank Williams, o colocou em uma cadeira de rodas, após sofrer um acidente saindo de Paul Ricard em 1986, quando dirigia em alta velocidade para chegar a tempo de um evento de maratona. Frank carregou em seu corpo pelo resto da vida as marcas do seu amor pela velocidade e mesmo assim, Frank continuou a comandar a equipe Williams durante décadas. Trabalhou com alguns pilotos brasileiros como Nelson Piquet, Ayrton Senna, Rubens Barrichello e Felipe Massa.
Amar a Fórmula 1 é uma tarefa árdua, um jargão popular diz que na F1 os bons momentos são espetaculares, e os maus momentos são horripilantes, apenas leões sobrevivem nessa selva de asfalto, e Frank não só sobreviveu como dominou por 9 títulos de construtores, 7 títulos de pilotos ( incluindo o título de 1987 com o brasileiro Nelson Piquet), 128 pole positions, 114 vitórias, 312 pódios em incríveis 44 temporadas.
Com o passar do tempo, as sequelas do acidente faziam com que precisasse da ajuda de sua filha Claire Williams para liderar a equipe, que passou (e ainda passa) por fases difíceis na categoria. Esses maus resultados, somado aos problemas financeiros, fizeram com que a família Williams optasse por vender a equipe. Frank não está mais na F1, mas a Williams estará por muitos anos, lendas nunca morrem, o nome Williams para sempre estará marcado na categoria, e a única coisa que nos resta a dizer em um momento desses é forças a toda a família, e um gigantesco OBRIGADO, por amar e cuidar da Fórmula 1 mais do que qualquer um que já existiu nesse mundo.
Colaboração: Thiago Santos