O rompimento de uma adutora da Casan na madrugada da última quarta-feira, 9, em Nova Veneza causou problemas em vários municípios da região carbonífera. Em regiões mais altas, embora o conserto tenha sido concluído na tarde de quinta-feira, 10, o abastecimento demorou para ser normalizado. "Aqui só normalizou no sábado pela manhã", contou Talita Brunel, moradora do Bairro Ana Maria, em Criciúma.
"Toda semana é quase praxe faltar água. Mas normalmente volta à noite, enche a caixa e tudo bem, temos pra durante o dia. Porém, depois daquele rompimento da adutora que atingiu toda a região, para nós foi ainda pior, fiquei quatro dias sem água. Na sexta veio por uns 5 minutos, ouvi um leve barulho na caixa d´água e parou de novo. Bem difícil a nossa situação", destacou Talita. "Algumas pessoas não têm caixa d´água, e como ficam? Queria uma atenção da Casan para a nossa região. Todo mês a conta de água vem cada vez mais alta", reclamou.
Também residente no Ana Maria, Gislaine Rosa reforçou o relato. "Eu moro no Bairro Ana Maria e aqui a falta de água é frequente. Já estamos acostumados a acordar às 6h e não ter, fim da tarde e não tem. Mas durante o dia dá tempo de encher a caixa, já reclamamos e não tem jeito. Chegamos a quatro dias sem água. Outros bairros receberam antes de nós, moramos na parte mais alta, a parte mais baixa receberam, encheram as caixas e baixou de novo", detalhou.
Conforme Gislaine, o vereador Juarez de Jesus, que mora no bairro, foi acionado em busca de uma solução. "O vereador do bairro foi ver o que pode fazer. Estamos indignados, essa é a palavra. A conta não baixa nunca, esse mês ela aumentou 50% e a gente não sabe o que fazer", sublinhou. "Eu estou aqui há 20 anos e há 20 anos tenho esse problema. Máquina de lavar estragou, enfim, moradores mais antigos dizem que é recorrente. Um dia a gente tolera, mas quatro dias é demais", emendou.
Os relatos abaixo são do fim da tarde da última sexta-feira:
As explicações da Casan
O gerente da Casan em Criciúma, Jaison Speck, explicou que o alto consumo de água na cidade ao longo da sexta-feira, 11, tornou mais lento o reabastecimento em diversos pontos. "O consumo esteve muito elevado por ser sexta-feira, mas toda a cidade já estava abastecida na sexta. Toda a cidade com água, a rede não estava com a pressão normal por conta da elevação do consumo e os reservatórios estavam com 20% a 30%", informou. "Com a demanda muito água, a pressão na rede ainda estava baixa", completou.
Em nota emitida ainda na sexta, e dirigida a moradores de Criciúma, Siderópolis, Forquilhinha, Maracajá, Içara, Nova Veneza e Morro da Fumaça, a Casan informou que o calor e o alto consumo dificultavam o reabastecimento pleno, e que a adutora rompida durante a semana é a responsável por levar a água bruta da Barragem do Rio São Bento até a Estação de Tratamento de Água em Criciúma. A Casan solicitou, ainda, empenho da população no sentido do uso econômico da água "o que é fundamental para que o sistema de abastecimento prossiga em recuperação, principalmente em áreas mais distantes e nas chamadas pontas de rede".
Investimento
A Casan vem anunciando o investimento em uma nova adutora em Criciúma, que será fundamental para reduzir o tempo de recuperação do Sistema Integrado em casos de rompimentos como este registrado em Nova Veneza durante a semana.
Serão aplicados R$ 24,8 milhões na construção da nova adutora, cujas obras iniciaram em 2021 e trata-se da segunda maior obra de sistema de abastecimento em execução atualmente em Santa Catarina. A nova adutora contará com 6.432 metros de extensão, com tubulações em ferro fundido de 800mm de diâmetro. Quando estiver concluída, vai ampliar em 50% a capacidade de levar água da Barragem até a ETA São Defende, em Criciúma.
Essa nova adutora servirá 400 mil habitantes da região atendida pela Casan Criciúma.