Esta segunda-feira, 15, foi marcada pelo dia mundial da conscientização da violência contra a pessoa idosa, uma data criada pela Organização das Nações Unidas (ONU) e que perdura há mais de 10 anos. A importância da denúncia efetiva dessas violências foi reforçada pela presidente da Comissão dos Direitos da Pessoa Idosa da OAB de Criciúma, Mily Christie, em entrevista ao Ponto a Ponto desta segunda.
Segundo Mily, o número de denúncias do gênero vem aumentando significativamente desde 2019. “Em um balanço do disque 100 do ano passado registramos 21.749 denúncias de violação dos direitos da pessoa idosa em todo o país, quase 30% a mais do que os números registrados em 2018. Nessa época de pandemia e isolamento social, os números estão assustadoramente maiores, e aguardamos um fechamento bastante triste do balanço”, declarou.
Na grande maioria das vezes, o agressor é alguém que possui uma relação de parentesco de primeiro grau com o idoso, como filhos e netos por exemplo. Além disso, por mais que a violência física seja a mais lembrada quando pensamos nesses casos, ela não é a única. “Há também a violência patrimonial, financeira, moral, a autonegligência e a discriminação”, disse.
A presidente da Comissão ressalta que não há um sintoma padrão para que seja possível identificar um indício de abuso contra os idosos, mas que mudanças de comportamento bruscas como forte agressividade ou grande reclusão, podem ser sinais. “É preciso acompanhar o quadro clínico da pessoa também, porque pode ser algo vindo de uma patologia”, pontuou Mily,
A negação da violência por medo de represálias por parte dos familiares também é algo presente nas denúncias. “Nós identificamos coisas como: se você não deixar o cartão do benefício comigo, não trago mais os netos para te visitar. Isso é um caso real e é bastante triste lidar com situações desse tipo”, ressaltou.
As denúncias podem ser feitas pelo Disque 100, Disque 181 e o WhatsApp da Polícia Cívil: 48 98844-0011. “É importante meter a colher nesses casos, porque você tem a obrigação enquanto cidadão de se portar e levar ao conhecimento da sociedade. Pode estar salvando uma vida”, afirmou.