A segunda edição do programa Agora, nesta terça-feira, 3, na Rádio Som Maior, tratou de política local. Os vereadores Ademir Honorato (MDB), Aldinei Potelecki (Republicanos), Arleu da Silveira (PSDB) e Zairo Casagrande (PSD) discutiram, durante uma hora, aspectos do governo Clésio Salvaro.
"O governo é bom, é realizador, é trabalhador, ele é incansável no trabalho. Ele diz isso. Às vezes fico me perguntando, como ele arranja tempo para ser um grande empresário da região também", elogiou Ademir Honorato, que tem apresentado perfil de oposição no Legislativo. "Tem dinheiro à vontade para fazer as obras. O que eu vejo errado, tento fazer corrigir, nem que seja na marra", emendou. "O vereador Ademir é coerente na sua fala, pois o prefeito é trabalhador e realizador, que procura fazer uma gestão com seriedade. É bom para o governo quando a Câmara se posiciona e aponta algumas questões, é importante que isso aconteça", considerou o vereador Potelecki, que é líder do governo Salvaro na Câmara.
O vereador Zairo não deixou de elogiar o prefeito, mesmo que, a exemplo de Ademir Honorato, faça um discurso oposicionista. "Eu vejo aspectos positivos no governo, é um governo que busca, que vai atrás", ponderou. Mas foi adiante com uma crítica. "O principal problema é a capacidade de diálogo, de ouvir. Há uma dificuldade brutal de relacionamento do governo na Educação. Há uma dificuldade de retenção de profissionais na área da Saúde. Não existe uma política pública de retenção de bons profissionais na área da Saúde. É um governo que não tem time, tem seguidores", sublinhou.
Em resposta, o vereador Arleu citou a quantidade de dívidas que a gestão Salvaro pagou. E citou investimentos e melhorias na Saúde. "Uma das maiores vitórias que o município de Criciúma teve, por mérito do prefeito Salvaro, foi a transferência do Hospital Materno Infantil para a parte regional", exemplificou.
Leis não cumpridas
O vereador Ademir lembrou que há muitas leis que não são cumpridas na cidade. "No nosso município muitas leis não são respeitadas nem cumpridas. É dado um dane-se", apontou. Lembrou, por exemplo, o caso da inauguração do Parque Centenário Altair Guidi, entregue ainda com obras por fazer. "O parque está inaugurado, com festa de pompa, mas está ali. Uma pessoa ligou para o Lessa dizendo que tem cercas dando choque", salientou.
Mas o investimento no parque foi defendido por Arleu da Silveira. "Passei ontem à noite ali, o parque estava todo iluminado, bonito, e tem pessoas que cuidam do parque. "As coisas nos parques vão acontecendo, tem uma emenda para fazer a cancha de bocha no Parque dos Imigrantes", listou o parlamentar tucano.
E o diálogo
O líder do governo citou que Salvaro "faz uma gestão responsável" ao pagar contas e organizar as finanças. "Criciúma é um dos únicos municípios no Brasil que paga melhor salário para o professor da rede municipal. Inclusive ACTs. Professor que trabalha 40 horas semanais recebe mais de R$ 5 mil de salários. As escolas municipais, todas elas estão recebendo ar condicionado nas salas. Todas as crianças tem uniformes", mencionou, elogiando o desempenho do governo na Educação. Zairo Casagrande retrucou, ao lembrar o endividamento do município. "É provável que vamos terminar com uma dívida de longo prazo que supera R$ 1 bilhão, considerando a dívida atuarial do Criciumaprev. Eu não tenho toda essa tranquilidade de afirmar que é governado com imensa responsabilidade", argumentou. "A capacidade de endividamento do município é de R$ 1,2 bilhão. A dívida do Criciumaprev começou no governo Décio Góes e veio se acumulando, agora foram pagos os atrasados do patronal e servidor e em dia as parcelas", devolveu Arleu da Silveira.
Para Ademir Honorato, o diálogo poderia ser afinado entre Paço e Legislativo. "Não há diálogo às vezes. Chamem o vereador, o zeguedé da Quarta Linha, o seu projeto estão fazendo valer", afirmou. Para Zairo Casagrande, "esse governo não trouxe soluções duradouras, é sempre arremedo, é sempre conserto, é sempre medida no afogadilho, sempre assim. Não há debate. Nunca fui chamado no Paço para debater uma proposta sequer". Potelecki discordou. "O vereador não está bem informado, várias reuniões o prefeito chamou", e Arleu emendou: "as portas estão sempre abertas". "Reuniões para decisões tomadas. Há um clima de submissão. Não estou lá para ser office-boy de nenhum mandatário. Sempre fomos chamados para serem comunicados de decisões tomadas", respondeu Zairo.
Funcionalismo e licitações
O respeito aos limites da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) foi lembrado. "O prefeito não inventa, mas ele aumenta. Gosta de aumentar. Exagera um pouco. Sobre os 37% do funcionalismo. Já há lei, que esses empregos terceirizados tem que fazer parte, não são eventuais, tipo os do Afasc, que não entram na conta", criticou Ademir Honorato, lembrando que a prefeitura alega comprometer 37% da receita com folha, mas sem contar os investimentos na Afasc. "A Lei de Responsabilidade Fiscal não considera. A lei diz que pode comprometer até 54% e que não entram nessa conta as OSs. A Afasc é uma associação de direito privado que recebe recursos do município. Qual a forma de fazer prestação de contas? Apresenta as notas fiscais naquilo que se propõe a fazer. A Afasc está de forma legal recebendo os recursos", respondeu Potelecki. "Que tipo de controle nós temos sobre esses R$ 43 milhões. Tem contratos de até R$ 30 mil que são verbais. Esse modelo não existe", rebateu Zairo. "Não são contratos de R$ 30 mil, é apenas um contrato, e a Câmara já chamou a Afasc para esclarecer", mencionou Arleu da Silveira.
As licitações promovidas pelo município também entraram na pauta. "O que estranhamos são critérios colocados em determinados editais que acabam por direcionar, e sabemos quem vai vencer. Há casos muito discutíveis, estranhos, de valores elevadíssimos. Essa questão da iluminação de lâmpadas LED, está no Ministério Público, tem inquérito civil, já teve visita de Gaeco em empresas. Os valores que estão sendo pagos são extrapolados na iluminação pública de Criciúma", relacionou Zairo. "O Observatório Social tem uma cadeira dentro das licitações, e teve uma lei do vereador Salésio Lima que falava de fazer as transmissões ao vivo das licitações. Elas são transparentes, às claras, feitas por profissionais sérios e competentes", disse Arleu.
Em seu comentário de abertura do programa, Archimedes Naspolini Filho deixou uma provocação aos vereadores: "perguntem aos ACTs se eles estão satisfeitos com o governo Salvaro". Em resposta, Ademir Honorato concordou que "só pela quantidade de pessoas que nos buscaram, nos chamaram, logicamente que não estão, devido a esse TAC feito em 2016, a Câmara passou batido". Aldinei Potelecki discordou. "Tanto quanto os professores, os ACTs são bem pagos, e agora fizemos o ajuste legal a favor deles", observou.
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