Até a semana passada, Vagner Espíndola Rodrigues (PSD) era pré-candidato a vereador. Mas a estagnação de Arleu da Silveira (PSD) nas pesquisas internas colocaram Vaguinho na pré-candidatura à chefia do Executivo.
Já nessa condição, ele foi o terceiro entrevistado da série realizada pela rádio Som Maior com os possíveis candidatos a prefeito de Criciúma. Vaguinho foi sabatinado na manhã desta segunda-feira (29) pelos jornalistas Adelor Lessa e Maga Stopassoli.
Ouça, abaixo, na íntegra:
Vaguinho: Foi um fim de semana de fortes emoções, mas muito gratificante também, Adelor, a gente já começou na sexta-feira mesmo, fazendo algumas visitas, enfim, a comunidades, o sábado e domingo de intensas visitas também. E é muito clara a receptividade. A acolhida das pessoas por onde a gente tem passado neste final de semana me dá a certeza que, de fato, a decisão tomada foi a decisão acertada, isso de comum acordo, como tu mesmo disseste também, inclusive com o vereador Arleu, que foi quem, de fato, também teve essa iniciativa. E aí, é claro, também com o consentimento do deputado Júlio, também com o prefeito Cléber Salvaro, nós chegamos neste momento, na decisão de fazermos essa troca. No momento que a gente achou que, de fato, o próprio projeto que nós desenhamos para a cidade de Criciúma, desde 2009, ele precisava, de fato, dessa mudança, dessas características, desse perfil muito mais técnico, por onde eu passei. Tu mesmo disseste, sempre ocupando cargos técnicos, então, isso, na realidade, não tenho dúvida nenhuma, que também me credenciaram para essa decisão, e estou muito à vontade.
Vaguinho: Adelor, duas construções. A primeira construção que me deixa, hoje, preparado para ser, futuramente, prefeito da cidade de Criciúma, é uma preparação de uma vida toda, eu tenho comigo, e tenho um propósito muito grande na minha vida, que é sempre poder fazer o bem e ajudar as pessoas. Esta preparação, na minha construção, na minha formação, para, hoje, ser, futuramente, uma pré-candidatura e, futuramente, uma campanha, estar preparado para ser prefeito de Criciúma, isso é uma preparação de uma vida, de uma história. Este episódio, em si, na sexta-feira, era por volta das dez e meia da manhã, o prefeito me liga, que a gente precisava conversar. Eu estava na minha campanha de pré-candidatura de vereador, e aí, ainda brinquei com ele: “prefeito, tem que me render uns bons votos aí, essa minha ausência da pré-campanha de vereador”. E aí, na sala, estava já o deputado Júlio Garcia, também prefeito Salvaro, o Arleu havia saído, que ele tinha um compromisso, foi no dentista, me parece, e, na sequência, voltou também, e a conversa foi neste sentido, de que, realmente, todos os trabalhos, todas as pesquisas que haviam sido feitas, naquele momento, traziam para o nosso projeto político uma instabilidade. E, também, neste diagnóstico, nesta própria pesquisa, trouxe também o perfil que o cidadão de Criciúma espera do próximo gestor, aquele que vai dar continuidade a todo um trabalho que a gente vem desenvolvendo já desde 2009, e que é um trabalho de transformação na cidade de Criciúma. Com certeza, a grande maioria das pessoas não conhece Vagner, não conhece o Vaguinho, mas é inevitável que as pessoas conheçam o resultado do meu trabalho na prefeitura de Criciúma. Todas as ações que hoje refletem no dia a dia do cidadão criciumens tiveram uma contribuição, um tijolinho do Vaguinho. Então, é por isso que a gente também aceitou o desafio. É uma candidatura, uma responsabilidade muito grande. Eu não aceitaria, de forma alguma, se em algum momento eu estivesse com um pingo de dúvida, se eu soubesse que não, não estou preparado, eu não assumiria, pelo tamanho da responsabilidade.
Vaguinho: Maga, eu gosto muito de olhar para frente. A gente precisa, de fato, ter sempre o cuidado de enxergar aquilo que não foi tão exitoso para não fazer igual. Então, não tenha dúvida, a pré-campanha terá minha cara. A campanha terá o espírito de gestor. Porque é isso, eu fui forjado nisso, no trabalho, nos estudos. A gente tem uma cidade hoje com um PIB acima de R$ 10 bilhões, 31,6 mil CNPJs ativos. Isso tudo nos torna a oitava economia de Santa Catarina, mas há uma possibilidade real de subir, de elevar esse tom. Transformar a matriz econômica da nossa cidade, pautada em tecnologia, pautada na inovação. Tudo o que nós construímos até agora, tudo que o governo do prefeito Clésio Salvaro construiu até agora, foi deixar a cidade pronta, foi resgatar aquilo que é mais precioso no criciumense, o orgulho de ser criciumense. Como ontem, por exemplo, estávamos lá no Parque Astronômico, eu e o prefeito, (e havia lá) um cidadão do Pará junto com a família. Ele é um missionário evangélico, e ele dizia: “prefeito, eu conheço muitas cidades pelo Brasil e inclusive fora, mas nenhuma delas tão bem limpa, tão bem organizada como essa cidade”. Então, Maga, eu vou levar, sim, para a campanha o jeito Vaguinho, o jeito humano, quem me conhece sabe da forma como eu trato as pessoas. Eu gosto de gente, eu gosto de pessoas, porque são pessoas que realizam as coisas. Agora a gente não pode pensar que a cidade cresce sem as pessoas crescerem junto. Nessa toada de crescimento, todo mundo tem que vir junto. O empresário tem que vir junto, o empreendedor tem que vir junto, o comerciante tem que vir junto. Também as pessoas precisam vir juntas. Temos muitas ideias que, inclusive, já iniciamos. O Programa Mão na Roda, por exemplo, que é um programa espetacular, inédito quase, de possibilitar aquele microempreendedor. Quando você passa por uma sinaleira e ali você vê um carro, um Uno, um carro com uma escadinha em cima, ali você tem que sair do carro e aplaudir aquele cara. Aquele cara é um microempreendedor. Aquele cara saiu de uma zona de conforto, muitas vezes, e está empreendendo. É para isso que a nossa cidade, Adelor, será preparada para os próximos anos. Para que a gente tenha essa pujança da economia sempre viva no nosso dia a dia.
Vaguinho: Gestão, Adelor, gestão. Nós temos números, nós temos indicadores. Hoje a cidade de Criciúma está elegível para acessar qualquer recurso público de financiamento internacional. Quando nós falávamos lá em 2017, 2018, da possibilidade de acessar um recurso internacional, diziam que éramos loucos. Porque nós estávamos na letra C da elegibilidade, da capacidade de endividamento, de liquidez e de poupança. Isso para um cenário de governança política é um caos. O que nós construímos em 2018 e 2019 foi recuperar toda a saúde fiscal do município. Dentro do nosso dia a dia, nós fazemos simulação de empenho. Cada despesa que entrava na fazenda, nós conseguiríamos, junto com o professor Celito, fazer a simulação para chegarmos no final do balanço de 2018 no rating. Nós fomos considerados no Congresso do Fonplata, no Rio de Janeiro, como o case de sucesso em todas as cidades que compreendem o Fonplata. Isso nos enche de orgulho. E é isso, é esse toque de gestão. Nós falamos muito no segundo mandato agora de governar o governo. A gente conseguiu trazer, com muita liderança, mas também com muita participação, modos e jeito de governar o governo, que até então eram conhecidos apenas da gestão privada. O modelo de eficiência de gestão que nós criamos na Prefeitura de Criciúma é algo que as empresas fazem. Nós tínhamos o nosso comitê gestor, que era representado por empresários da cidade, e quando nós apresentamos o nosso planejamento estratégico, eles ficaram orgulhosos por saber que a Prefeitura de Criciúma tem, sim, um planejamento estratégico, que a Prefeitura de Criciúma está pensando na cidade daqui 10, 20, 30 anos. Algo que também será muito pautado na minha gestão é pensar a cidade de Criciúma como uma cidade polo, uma cidade regional, uma cidade que tem hoje mais cinco cidades conurbadas, já com ela, e todas as ações que nós fizermos, todas elas, de caráter, principalmente no sistema de mobilidade, precisam de estar conectados. Com Içara, com Nova Veneza, com Siderópolis, com Morro da Fumaça. Essas cidades que nos circunferenciam precisam participar dessas políticas públicas. Não é novidade, tu mesmo aqui já disseste e trouxeste o exemplo, da Amfri, o que foi feito naquela região lá do Vale do Itajaí, um complexo de sistema integrado Isso para nós, Adelor, num primeiro momento é impossível de buscar? Não, não é. Eu conheço os caminhos, eu sei como se faz para chegar lá. É isso que o Vaguinho vai emprestar para a cidade de Criciúma. Essa é a minha missão, este meu conhecimento. E é claro, não se faz isso sozinho. A gente precisa estar desprovido de vaidades e de bairrismo. Quando se faz um projeto desse, está se falando numa visão muito mais macro, que vai contemplar todo mundo, é verdade, mas precisa a gente também se desnudar de qualquer tipo de vaidade ou de qualquer bairrismo para pensar num processo maior.
Vaguinho: Maga, todos me conhecem, eu sou muito espiritualizado, eu sou católico, e eu tenho muitos propósitos na minha vida. E um deles é, justamente, que o tempo é determinado, e há tempo para tudo debaixo do céu. Então, eu não tive dúvida. Em algum momento, eu tenho um grande amigo meu que é um pastor, e ainda na quinta-feira eu estava numa comunidade lá na Santa Luzia, e aí o pessoal tirou uma foto minha conversando com a comunidade, e aí ele me deu uma sugestão para me colocar nos meus stories que, se aquilo fosse a minha missão, então que fosse feita a vontade de Deus. Essas coisas são divinas, são providências. E quando veio para mim o convite, eu aceitei. Eu naturalmente precisava falar com a minha esposa, com a Gisele, e no primeiro momento é claro que a reação não é de susto, né? A Gisele teve uma crise de choro no primeiro momento. Eu te amo, minha vida. Nada é por acaso. E daí para frente agora é trabalho.
Vaguinho: Família, né? Porque eu estou canceriano, já sou chorão por natureza, né? Então a gente sabe que não é uma, não é na realidade uma caminhada só minha. Quando a gente decidiu, na realidade, pela eleição de vereador, eu fui consultar o padre da nossa paróquia aqui, que é o padre Carlos, e a gente pediu a benção, né? E ele fez a benção, mas ele fez a benção na Gisele. Ele disse assim: “você será aquela que mais enfrentará as dificuldades”. Então é isso, Adelor. Mas estamos juntos, a família está junto também. Eu não tinha conversado com a mãe ainda, né? Então, ontem a gente foi na mãe também, e aí... Momento de muita emoção porque a gente sabe da nossa história.
Vaguinho: Nós temos várias ideias que a gente já desenvolve para os pequenos microempreendedores. Agora, é claro, nós estamos diante de uma realidade que já está na pauta, que é a reforma tributária, né? O debate não está ainda tão conhecido da maioria das pessoas. A nova reforma tributária, na realidade, Adelor, ela vai impactar também na matriz econômica de todas as cidades. Criciúma, por exemplo, arrecada de ISS, num acumulado de um ano mais de R$ 130 milhões, e de ICMS a gente ultrapassa os R$ 150 milhões. Esses dois impostos serão unificados em um novo chamado IBS. E esse imposto deixará de estar aqui nas nossas mãos. Esse imposto passará a ir para o Governo Federal e depois disso é que será feito uma fração desta divisão. E isso, sim, é uma preocupação para nós. Aquela cidade que é produtora, aquela cidade que tem grandes indústrias, toda aquela tributação, ela será feita nas cidades e nos estados que consomem esta produção. O que é inteligente a gente falar agora? Nós precisamos investir, mas muito forte, no turismo. Precisamos trazer pessoas para dentro da cidade Criciúma, trazer dinheiro novo. Nós temos hoje uma ferramenta, que é o nosso mirante do Morro Cechinel, e que terá já, daqui a mais alguns meses, uma novidade também, que também é recurso do Fonplata. O nosso parque ecológico ficará abaixo do mirante, que a gente vai poder fazer ali trilhas, já sobre a própria vegetação, enfim. Então, isso é, para mim, sem dúvida nenhuma, o grande virar de chave. A gente precisa, de fato, investir no turismo. Mas, é claro, Adelor, quando a gente fala também em turismo, a gente precisa lembrar da sustentabilidade. A gente precisa lembrar em tornar a economia atrativa para isso também. E a nossa agenda, principalmente do meio ambiente, a nossa ODS (objetivos de desenvolvimento sustentável estabelecidos pela ONU) já foi reconhecida. A gente tem, também, uma pegada muito grande para isso. E trabalhar, Adelor, volto a dizer fortemente: a matriz econômica da cidade é muito volátil. Nós já tivemos, em tempos passados aqui, a era do carvão, e que foi significativa para o desenvolvimento da nossa cidade. Vivemos ainda a era da cerâmica. Nós temos hoje, nos nossos maiores valores adicionados, quatro cerâmicas. Agora, é inegável também que nós somos uma cidade de serviços. Criciúma tornou-se a segunda cidade de todas as outras cidades da Amrec. As pessoas, para vir ao shopping, vêm a Criciúma. As pessoas, para ver o jogo do nosso Tigre, vêm a Criciúma. Hoje nós temos uma rede hoteleira e gastronômica preparada para receber esses turistas. O que precisa agora é o poder público ser a ferramenta, ser a mola propulsora para trazer esses investimentos aqui para dentro. Como você mesmo disse, dinheiro novo, que é isso que vai, de fato, fazer rodar a nossa economia.
Vaguinho: A conversa com o Progressistas foi ontem (domingo). Eu me reuni com o Valmir Comin, que é o presidente do PP, e o pré-candidato também, o Júlio Kaminski. Conversamos ontem no final do dia. Por que conversamos? Primeiro, a minha primeira coligação, minha primeira aliança, e eu já falei isso para o prefeito Clésio Salvaro, será com a população. Eu não vou fazer coligação com qualquer partido sem antes ouvir as pessoas. Isso parece um clichê, mas não é. A gente precisa ouvir as pessoas. Sabe aquela ouvidoria viva de saber e aí entender? É inevitável também que as pessoas com as quais eu me relacionei uma vida toda, e o deputado Comin e o Júlio Kaminski são essas pessoas também, eu preciso também ouvir deles o que eles pensam para a cidade. Volto a dizer: eu não terei e nós não teremos portas fechadas para nenhum partido com exceção do PT e do PC do B. Por uma questão de ideologia que se afasta daquilo que é o princípio nosso. Agora, os demais partidos, todos, e naturalmente também aqueles que já tem pré-candidatura posta, por respeito, naturalmente, a gente não vai conversar. Da conversa que nós tivemos ontem, foi muito boa, muito esclarecedora, conseguir ouvir pelo menos tanto do Júlio Kaminski como também do Comin o que eles pensam para a cidade, em que ponto nós possamos convergir nessas ideias também, e é claro, é muito cedo para a gente falar. A gente precisa ouvir muito mais. Estarei aberto, sempre respeitando, acima de tudo, os partidos que já estão fechados dentro do nosso projeto. O Republicanos, o PDT, o PSB e o PSDB. Esses quatro partidos que já estão com a nominata de vereadores postas, colocadas. Estes, sem dúvida nenhuma, são os partidos prioritários para qualquer conversa futura.
Vaguinho: Adelor, sempre que se fala no novo serviço, há de se pensar também de que forma nós vamos subsidiar isso. Naturalmente que essa é uma discussão que a gente ainda vai ter que amadurecer muito. O modelo que está aí precisa, de fato, ser inovado. A gente precisa reconhecer isso também. E essa conversa a gente terá durante o nosso período, com as pessoas, com os empresários para que a gente tenha um modelo, de fato, que dê também tranquilidade para todos os nossos criciumenses.