Ir para o Conteúdo da página Ir para o Menu da página
Carregando Dados...
DEIXE AQUI SEU PALPITE PARA O JOGO DO CRICIÚMA!

Alopecia: a superação e a coragem do menino Erik (VÍDEO)

Ele contou sua história contra essa doença autoimune, que foi pauta ao longo da semana, depois da cerimônia do Oscar

Por Giovana Bordignon Criciúma, SC, 03/04/2022 - 09:30 Atualizado em 03/04/2022 - 18:20
Erik sofreu bullying na escola e fez acompanhamento com psicóloga / Fotos e vídeo: Eliel Jesus / 4oito
Erik sofreu bullying na escola e fez acompanhamento com psicóloga / Fotos e vídeo: Eliel Jesus / 4oito

Quer receber notícias como esta em seu Whatsapp? Clique aqui e entre para nosso grupo

A cerimônia de premiação do Oscar 2022 no último domingo (27) gerou muita repercussão após o tapa que o ator Will Smith deu no comediante Chris Rock. Chris, que estava apresentando uma categoria na premiação, fez uma piada com Jada Pinkett Smith, mulher de Will. A atriz sofre de alopecia, uma doença autoimune que faz com que a pessoa perca seu cabelo, e Rock fez uma brincadeira sobre isso.

No programa Ponto a Ponto da Rádio Som Maior de terça-feira (29), o menino Erik Valentini Leal, de 10 anos, falou sobre o assunto. O garoto mora em Criciúma e possui a mesma doença que Jada, a alopecia areata. Inicialmente ele teve problemas para se aceitar e para que os outros o aceitassem, mas, com o acompanhamento de uma psicóloga, não só superou o desafio como fala livremente sobre.

Erik inclusive resolveu se pronunciar publicamente após a polêmica. Ele não achou a piada nem um pouco engraçada e comentou que, quando as pessoas descobrem que não é câncer, acham que podem brincar com isso apenas por não ser nada grave. “É uma coisa que eu acho que a sociedade tem que mudar. Se tivesse graça ela teria rido. Nas gravações dá pra ver que ela fez uma careta virando o olho”, opinou. “E a minha pergunta: o que dói mais agressão física ou mental?”.

Preconceito e superação

Assim como Erik sofreu com o bullying, ele acredita que a atriz também já deva ter ouvido piadas daquele tipo. No início da queda de seus cabelos, ele usava boné para esconder a careca. As outras crianças da turma ficavam tirando o acessório e perguntavam se a doença era contagiosa. “Várias coisas que eu tive que enfrentar, principalmente as piadas que eu não sabia. Eu soube por um colega que amigos dele faziam piadas com atores carecas e apontavam pra mim. Eu só fui saber por ele”, lamentou Erik.

Na rua as pessoas olhavam com pena. “Quando eu saio na rua todo mundo me olha, e é muito chato isso. Eu sou normal, a única coisa que aconteceu comigo é que eu perdi o cabelo”, desabafou. O problema fez com que ele procurasse uma psicóloga.

“Eu recebi ele de boné, jaqueta, todo encapuzado, em um dia que não era frio. (…) Isso acionava muito a questão da vergonha e insegurança. Ele estava com raiva, medo e muito angustiado com esses olhares, foi uma coisa muito forte. E aí a gente foi mostrando pra ele, ‘eu olho pra ti, não pra tua careca’, pra ele começar a se valorizar e enfrentar”, disse a psicóloga de Erik, Anie Fabris Casagrande.

“O Erik sempre teve uma comunicação muito boa conosco em casa, mas a alopecia o amadureceu no sentido de ele mostrar a força que tinha. Não foi fácil e é muito importante o Erik estar dando o depoimento dele principalmente para crianças e pessoas que estão acometidas na mesma condição”, orgulhou-se a mãe, Melissa Valentini. “Lá em casa a gente não fala que é doença, por que ele está muito bem de saúde, então é uma condição de não ter pelos”, completou.

A condição também o levou a buscar a prática de um esporte. Erik procurou um professor da escola que o auxiliou com o basquete, jogo que ele se identificou e mostrou muito talento e empenho. Ações como esta trouxeram maior segurança a Erik, mas o boné, que ele ainda usava por vergonha, o atrapalhava. Então eles iniciaram um trabalho em cima disso.

“Realmente atrapalhava muito, então eu me perguntei: por que eu vou continuar usando isso se eu to de boa e as pessoas que tem que me perguntar? Um dia eu resolvi tirar o boné e foi bem melhor. Parece que foi um pássaro saindo do ninho”, relatou o menino. Hoje, ele utiliza o acessório apenas para se proteger do sol.

Alopecia areata

Erik e a mãe também explicaram sobre os dois tipos da alopecia: a universal e a parcial. Na alopecia areata parcial, há somente a queda dos cabelos, já na universal, que é o caso de Erik, todos os pelos do corpo caem. Hoje, o menino possui apenas os cílios. Em seu caso, ele nasceu com a condição, mas ela só apareceu há dois, iniciando com a queda lateral dos cabelos. Porém ele não sente nenhuma dor física por isso.

Diversos fatores estão envolvidos no seu desenvolvimento, como a genética e a participação autoimune. Os fios começam a cair resultando mais frequentemente em falhas circulares sem pelos ou cabelos. Fatores emocionais, traumas físicos e quadros infecciosos podem desencadear ou agravar o quadro.

“A alopecia já é rara, os médicos explicam que só existe em um 1% da população, a alopecia universal é mais rara ainda. Existe tratamento, só que é um pouco agressivo e prolongado. Não há ainda uma garantia da volta dos pelos”, explicou Melissa. “A gente não sabe por que o Erik está nessa situação, a gente suspeita. Não temos esse nível de comprovação”, completou.

Ouça a entrevista no Ponto a Ponto de terça-feira (29) completa:

Copyright © 2024.
Todos os direitos reservados ao Portal 4oito