"Foi um fato atípico, uma ocorrência sem precedentes em Criciúma e no sul. Uma quadrilha muito bem articulada atuando em vários pontos diferentes da cidade, e acaba fazendo com que as forças de segurança se unam para o combate ao crime". Assim o tenente coronel Cristian Dimitri, comandante do 9o Batalhão de Polícia Militar, definiu o ataque de bandidos na área central de Criciúma, com a explosão à agência do Banco do Brasil no Centro e inúmeros disparos, proporcionando uma madrugada de terror na cidade.
A ação dos criminosos começou na região da Próspera, diante do batalhão da PM. "Houve um tiroteio que iniciou na fachada do nosso prédio, armas de grosso calibre perfuraram paredes e janelas, um caminhão foi incendiado", destacou o comandante. "Um caminhão foi incendiado e artefatos explosivos improvisados foram colocados no cercamento do quartel, tudo isso para despistar as forças de segurança para cometer um grande assalto na área central", reforçou. "Eles tinham planejamento em outra área da cidade", observou o oficial.
Em seguida, um PM foi baleado. "O nosso PM ferido, quando o batalhão foi atingido a viatura que fazia rondas na Próspera veio em direção ao batalhão, os policiais desembarcaram perto do hotel Íbis e trocaram tiros com os meliantes. O nosso policial foi baleado no abdomen, ele já foi removido do Hospital da Unimed para o Hospital São João Batista, está em estado grave mas estável", contou Dimitri.
Ao contrário do que se especulou durante a madrugada, o ataque ocorreu em uma agência do Banco do Brasil, não em outras. Não houve, também, ataque a uma empresa de valores no Bairro Michel. "São informações que chegaram na madrugada, de acordo com a rota de fuga, mas não confirmou", salientou.
40 quilos de explosivos
Além dos explosivos utilizados para arrombar os caixas eletrônicos do Banco do Brasil, na esquina da Getúlio Vargas com a Lauro Müller, há dezenas de quilos de bombas que foram encontradas posteriormente, ainda no Banco do Brasil, junto a um automóvel Fiat Mobi estacionado na Lauro Müller e também em outros pontos do Centro. Uma equipe especializada veio de Florianópolis para desarmar esses artefatos. "O desmantelamento vem, se faz uma carga explosiva em cima da carga de explosivo, sob orientação do Exército Brasileiro, uma carga de 40 quilos de explosivos que não foram detonados, preparados para explosão", destacou.
O temor era de que os artefatos pudessem ser acionados de forma remota. "No caso da instalação de explosivos, muito provavelmente a não deflagração de alguns dispositivos e explosivos, poderiam afetar os próprios policiais, tanto próximo à agência, quanto no batalhão, poderiam ser acionados por dispositivos remotos, à distância. Poderiam deixar um explosivo conectado a um celular causando pânico e confusão", referiu.
Presos não são do bando
Quatro prisões já foram feitas. Mas os presos não têm relação direta com o ataque. "Aqueles quatro masculinos que foram presos com duas bolsas grandes de dinheiro. Eles foram monitorados, tanto moradores quanto policiais militares que estavam no Centro ajudaram nós a levantar essas informações, pessoas que verificaram masculinos recolhendo dinheiro, enchendo bolsas e levando para um apartamento no Centro", detalhou o comandante.
Carros abandonados
Os carros utilizados na operação foram abandonados durante a madrugada na comunidade de Picadão, interior de Nova Veneza. "Antes do sol raiar também veículos foram localizados em uma roça de milho na região do Picadão, em Nova Veneza, e policiais fazem diligências lá", frisou.
Disparos
Houve especulações de pessoas que estavam em sacadas de prédios e poderiam ter sido atingidas por disparos. Mas o coronel Dimitri não confirma. "Desconhecemos tiros contra pessoas em sacadas, mas houve muitos disparos", afirmou.
Ele destacou a estratégia da PM, de não entrar em confronto. "Não era confronto com a PM, eram os meliantes atirando para nos afastar do local da crise", relatou. "Temos o protocolo número 1 de salvar vidas e preservar as leis. Nós não confrontamos, nosso modus operandi, nosso protocolo é fazer a contenção no perímetro externo, deixar a fuga para esses meliantes, a fuga demorou por conta deles", emendou.
Para onde fugiram?
"Não temos conhecimento. A princípio todas as alternativas podem ser levantadas e trabalhadas. Podiam haver outros veículos, uma embarcação, um sítio ou chácara, tudo pode ser possível. Por isso a gente pede apoio das nossas redes de vizinhos, em Nova Veneza, Forquilhinha, aquele entorno, quem conhece a região, vê carros diferentes, veículos que antes estavam na região fazendo levantamento de rotas de fugas, tudo isso ajuda", finalizou o coronel.