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Centro de Inovação de Criciúma: o sonho que se torna realidade

Local promete transformar o setor da inovação e tecnologia da região, contribuindo assim com a economia. Confira imagens do projeto

Por Marciano Bortolin Criciúma, SC, 11/09/2021 - 19:33
Fotos: Guilherme Hahn/Especial/4oito
Fotos: Guilherme Hahn/Especial/4oito

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Noite do dia 26 de agosto de 2021. Teatro Elias Angeloni. Criciúma. A caneta percorreu o papel sobre o púlpito e formou uma assinatura que representa o fim de mais de uma década de espera. 

Rodeado de pessoas, o governador Carlos Moisés da Silva levanta o papel e mostra para o público. A Ordem de Serviço é para o início das obras do Centro de Inovação de Criciúma. A assinatura sobre ela, o fim de uma espera que já passa de uma década. Da plateia, os aplausos, como se fosse um dos grandes espetáculos já recebidos no histórico teatro.

Saímos do Teatro Elias Angeloni e vamos ao Complexo Educacional Nereu Guidi, entre as ruas Araranguá e Henrique Lage. É nesta estrutura que, após ampla reforma, se transformará no Centro de Inovação de Criciúma. É lá que a empresa PGC Engenharia de Obras, de Curitiba, vencedora do processo licitatório, já iniciou os trabalhos que têm prazo de conclusão de 12 meses.

Como ficará a fachada do Centro de Inovação de Criciúma

O prédio foi cedido pela Universidade do Extremo Sul Catarinense (Unesc), sendo que o valor total dos serviços é de R$ 7 milhões destinados pelo Governo do Estado, por meio da Fundação de Apoio à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc) e R$ 1,4 milhão de contrapartida da Administração Municipal de Criciúma. 

O gerente de Inovação da Unesc, Oscar Montedo, faz questão de esclarecer que o Centro de Inovação não é da universidade. Ela é a detentora dos direitos do imóvel. A Unesc conseguiu com apoio do Governo do Estado, por meio da Fapesc e também pela Prefeitura e pela Câmara de Vereadores, os recursos para recuperar o prédio que vai ser destinado, em um contrato de seção por 20 anos, para que toda a sociedade usufrua desta importante ferramenta de inovação e empreendedorismo.

Serão dois pisos onde as empresas poderão se instalar, independente do nível de maturidade e um terceiro piso onde haverá um auditório para promover eventos, além de espaço para confraternização. “A Unesc, por força de contrato, vai disponibilizar de 500 metros quadrados, ou seja, será para uso da universidade. Então pretendemos ter a nossa estrutura de inovação e empreendedorismo para dar apoio e espaço para que as nossas ideias sejam incubadas dentro da Unesc, que possam ocupar o espaço, interagindo e cooperando com as demais empresas”, fala.

Ele diz ainda que a obra avançou até um ponto que já tinham algumas salas definidas, por isso adequações são necessárias, tanto interna quanto externamente. “Também iremos atualizar itens de segurança porque, desde quando foi projetado, teve alterações de normas. Serão feitas alterações na arquitetura para deixar um prédio imponente, bonito, para que estimule a inovação. Terá bastante estrutura metálica e bastante vidro. Entregaremos uma belíssima construção para a sociedade”, afirma.

“Mais que uma incubadora”

Montedo ainda explica que o Centro de Inovação é mais que uma incubadora. “Não é uma incubadora onde as empresas vão lá e se instalam. Ele é mais que isso. É um ambiente onde esperamos ter toda a representatividade da sociedade organizada que tem na sua missão estimular a inovação e o empreendedorismo.

O empreendimento de Criciúma faz parte da Rede Catarinense de Centros de Inovação é uma iniciativa que integra o Programa Catarinense de Inovação (PCI), fomentado pelo Governo do Estado, por meio da Diretoria de Ciência, Tecnologia e Inovações vinculada a Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico Sustentável.

Obras para tranaformar o Complexo Educacional Nereu Guidi no Centro de Inovação já tiveram início 

Desde 2015, o Estado trabalha na implantação da rede. Inicialmente foram selecionadas as cidades de Florianópolis, Joinville, Itajaí, Brusque, Blumenau, Chapecó, Joaçaba, São Bento do Sul, Criciúma, Rio do Sul, Tubarão, Jaraguá do Sul e Lages. No entanto, a partir deste movimento, outros municípios articularam os seus ecossistemas locais para também ingressar na rede.

Para o presidente da Fapesc, Fábio Zabot Holthausen, a inovação e a pesquisa são instrumentos essenciais para o desenvolvimento de uma sociedade e, no caso de Santa Catarina, a dedicação e o compromisso do Governo do Estado com a finalização dos centros reforçam a visão inovadora e de vanguarda. “O Centro vai unir empreendedorismo e inovação. É um incentivo para que os talentos permaneçam em suas regiões”, pontuou, ao agradecer pela parceria da Unesc e prefeitura de Criciúma.

Tríplice Hélice 

Na década de 1990 o conceito de A Tríplice Hélice da Inovação foi criado pelos pesquisadores Etzkowitz e Leydesdorff, baseados em trabalhos de Lowe, Sábato e Mackenzi e também de observações realizadas, principalmente, no México e nos Estados Unidos. 

Este conceito consiste em um paradigma de produção de inovação que não é centrado somente na indústria, mas se apoia também nas universidades e no governo.

O envolvimento para tirar o Centro de Inovação de Criciúma do papel mostra a presença da Tríplice Hélice. “Não haveria ambiente melhor que a parceria com a Unesc. Foi batalhado para juntar documentos, a parte do Governo, da universidade, mas chegamos a este momento porque a vontade havia e vamos ver esta edificação ser adaptada para este grande Centro de Inovação. Grande em todos os sentidos da palavra e vamos buscar cada vez mais a vocação da região através dele, fazendo a conexão com o restante do estado. Santa Catarina é um estado inovador. Temos muita coisa boa neste setor e o esforço do Governo é fazer com que estes ambientes caminham com as próprias pernas, que tenha gestão própria e trazer resultados que nós esperamos que é resolver o problema das pessoas, encontrar soluções para o público e privado”, cita o governador Carlos Moisés da Silva.

Primeiras mudanças já são vistas no local

Quem comemora a conquista com o governador é a Reitora da Unesc, Luciane Ceretta. “Esta é uma obra tão reivindicada há tanto tempo e que conectará todo o ecossistema de nossa região, investindo em educação, ciência e tecnologia. Agradeço ao Governo do Estado, à Prefeitura, que fez o implemento de recursos. Temos duas palavras: muito obrigada em nome de todas as instituições de nossa cidade”, enfatiza.

Cooperação. Compartilhamento. Colaboração

O Silicon Valley, em português, Vale do Silício, está situado na Califórnia, Estados Unidos e é um pólo industrial que concentra diversas empresas de tecnologia da informação, computação, entre outras. “Imagine que uma pessoa da Netflix está com um problema de programação que não consegue resolver, saí para almoçar e encontra o programador da Microsoft, troca uma ideia, e dali consegue resolver o problema. É um compartilhamento, uma cocriação, um ambiente colaborativo, onde a concorrência fica em segundo plano. Ela existe, mas naquele local as pessoas estão focadas no colaborativo”. 

A comparação é feita pelo presidente do Comitê de Implantação do Centro de Inovação de Criciúma, Valmir Cabral da Silva Neto para explicar um pouco do que o equipamento representará para a cidade e para a região. “O ecossistema de inovação e tecnologia já existe. Está relativamente mapeado, sabemos as empresas, as pessoas-chave, os materiais que temos na região, mas não temos um local, um ponto de encontro onde tudo isso converge, onde você vai e tem o problema solucionado. O papel do Centro de Inovação é catalisar, unir essas forças todas, fazer com que o poder público, o setor produtivo e as instituições de ensino estejam unidas por um único objetivo que é fazer que a comunidade da região seja empreendedora, que pensa no desenvolvimento local e não só absorve questões externas, mas que desenvolve e se auto sustenta”, ressalta. 

Cabral reforça que o local deve ser inaugurado em 2023 e fala de quem poderá se instalar nele. “Teremos empresas consolidadas desenvolvendo tecnologia, startups, empresas que estão começando. Teremos o coworking, que será um espaço aberto onde as pessoas possam desenvolver  os seus problemas, as suas ideias e conversar com pessoas de outras áreas que podem contribuir para a solução para os problemas que cada empresa tem. Há a possibilidade de termos um local para análise de indicadores da região, de empregabilidade, uma aceleradora de empresas, uma mentoria para que dali para a frente possa caminhar com as próprias pernas”, cita.

O presidente do comitê ainda lembra das pessoas que lutaram para que o Centro de Inovação deixe de ser sonho para se tornar realidade. “O Centro de Inovação vem sendo sonhado em Criciúma há pelo menos uma década. Temos muitos entusiastas, pessoas que passaram por Criciúma, hoje estão até fora do Brasil. Outros que continuam nesta luta. O objetivo é instigar a criação de novas empresas, novos produtos, desenvolver o empreendedorismo na comunidade de Criciúma, o intraempreendedorismo quando falamos do setor produtivo, de ter as indústrias cada vez mais capacitada para a inovação, criação de inovação e de processos, o desenvolvimento e o faturamento com os novos produtos que entrarão no mercado”, finaliza.

Como ficarão alguns espaços do Centro de Inovação de Criciúma:
 

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