Está confirmada para iniciar à 0h desta segunda-feira (7) a greve dos mineiros no Sul de Santa Catarina. Com isso, cerca de 2,6 mil trabalhadores paralisam atividades nas seis mineradoras que operam em Siderópolis, Treviso, Içara, Urussanga e Lauro Müller.
"Não queríamos a greve. Ela não é boa nem para a empresa, nem para o trabalhador, muito menos para a sociedade. Mas é a forma que temos de lutar", justificou o presidente do Sindicato dos Mineiros de Criciúma, Djonatan Elias, o Pirigueti.
O Sindicato da Indústria da Extração de Carvão do Sul de Santa Catarina encaminhou na última quarta-feira (2) um pedido de antecipação de tutela ao Tribunal Regional do Trabalho (TRT) solicitando que uma eventual greve, que estava sendo gestada na ocasião, fosse considerada abusiva. A definição pela greve ocorreu em assembleia dos trabalhadores neste sábado (5) em Siderópolis e, no mesmo dia, o TRT pronunciou-se sobre o pedido do Siecesc.
Em despacho assinado pela desembargadora federal do Trabalho que atua no caso, Quezia Gonzales, o pedido das empresas foi negado. Ela entendeu que a atividade não está contemplada nas deliberações sobre o que é essencial, conferindo sim aos trabalhadores do segmento o direito à greve. A desembargadora requereu, porém, que os mineiros garantam um contingente mínimo para conferir a segurança das minas. "Manteremos os eletricistas e os bombeiros", respondeu Pirigueti.
O impasse vem se arrastando nos últimos dias, com as negociações que não avançaram em relação ao dissídio. Os trabalhadores pediram ganho real de 4,27% além dos 10,16% de INPC. As empresas, a princípio, estavam dispostas a pagar somente a inflação do período, mas depois consentiram em avançar em um ganho de 2,29%. A proposta foi discutida em audiência de conciliação realizada pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) na tarde da última sexta-feira (4) sem sucesso.
Além do ganho real, estão na pauta de reivindicações dos trabalhadores a manutenção do vale-leite por mais de 30 dias para mineiros acidentados e afastados, a ampliação do plano de saúde e a equidade salarial entre todas as carboníferas e a garantia da pensão por morte do trabalhador para a família por 5 meses. As mineradoras insistiram, nesse caso, em no máximo 4 meses.
"Imaginamos que a greve não vai causar prejuízos ao abastecimento que as minas da região fazem à Usina Jorge Lacerda em Capivari de Baixo. Eles tem estoque suficiente por lá. E nunca se produziu tanto carvão aqui. Na pandemia, a mineração não parou, e estamos batendo recorde atrás de recorde na produção", commentou Pirigueti.