Em mais de um ano da pandemia da Covid-19, muitas mudanças foram vivenciadas e novos sentimentos ganharam força e se tornaram ainda mais presentes na vida de todos. No trabalho realizado no Hospital São José de Criciúma, muitas foram as alterações na rotina de trabalho e também inúmeras as preocupações, especialmente com a saúde física e emocional dos colaboradores. Pensando nisso, como uma forma de aliviar o estresse do dia a dia e uma maneira de compartilhar as vivências, o HSJosé iniciou o projeto “Café com as Psicólogas”, uma iniciativa voltada para discutir temas em torno do luto profissional, coletivo e também um espaço de cuidado.
“A proposta é voltada para as equipes das UTI’s Covid-19, porém, estamos nos organizando para estender para as equipes de outros setores também. A ideia surgiu de escutas e observações que foram feitas ao longo da pandemia, sobre os impactos da rotina de trabalho e a lida com pacientes acometidos pela Covid-19”, explica a psicóloga hospitalar do HSJosé, Fernanda de Souza Fernandes.
Durante os encontros é realizada uma roda de conversa com um tema proposto pelas especialistas, para iniciar os trabalhos. “Mas deixamos o grupo seguir a sua dinâmica, porque se algum assunto surge e ganha espaço, é sobre ele que precisamos falar. Os temas são sempre voltados para luto do profissional e luto coletivo. O objetivo principal é oferecer espaço de cuidado, então os benefícios vão desde promover essa sensação de acolhimento, uns aos outros, até facilitar a elaboração e compreensão dos processos de luto. Tudo que cuida do profissional, por consequência, também chega no paciente. Temos usado uma expressão que acho que explica bem: estamos ali juntos para ‘descomprimir’”, reforça a psicóloga do Hospital São José, Josiane Javorski.
Para os colaboradores, iniciativa é muito importante
Há quase quatro anos trabalhando no HSJosé, a técnica de enfermagem Lidiane Tereza Gomes, vivenciou dentro de uma UTI toda a pandemia da Covid-19. Presenciou situações onde a recuperação do paciente é muito comemorada, e também momentos onde o luto esteve presente. “Este encontro com as psicólogas foi muito importante pois ali conseguimos expressar o que estamos sentindo. Nós, colaboradores, nos alegramos muito quando o paciente sai de alta, mas também ficamos muito tristes quando ele vem a falecer”, explica Lidiane.
Segundo a técnica de enfermagem, por ser um processo onde as pessoas ficam muito tempo internadas é criado um vínculo ainda maior com cada paciente. “A internação por Covid-19, em uma UTI geralmente é um processo que leva muito tempo. É comum a gente chegar no plantão e sair perguntando por cada uma das pessoas que estão internadas. Temos afeto por cada uma delas e gostamos de ver a melhora. Quando a morte acontece, não é só os familiares que se comovem, para nós também é muito difícil. E todo este cuidado que o hospital tem conosco é essencial para nos auxiliar em todo esse processo”, garante a técnica.