Santa Catarina conta, conforme o mais recente boletim - divulgado no fim da tarde desta segunda-feira, 15 - com 13.960 casos confirmados de Covid-19 e 199 mortes. Perante a esses dados, o secretário de Estado da Saúde, André Motta Ribeiro, reforçou uma previsão preocupante em entrevista à Rádio Som Maior na manhã desta terça-feira, 16: de que o pico da pandemia ainda não chegou. E deverá se registrar entre junho e julho.
"A gente percebe, pelo modelo epidemiológico, que apesar de todo o sucesso no achatamento da curva, se percebe agora que estamos acelerando a nossa curva. Começamos a aumentar o quantitativo de casos. Não chegamos a um pico, e isso é reflexo também desse tempo todo, da qualidade de enfrentamento", reforçou. "Por isso fazemos um apelo para que as pessoas não se desmobilizem, continuem focadas. Ainda há evolução da doença em Santa Catarina", destacou.
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O secretário salientou os bons resultados que Santa Catarina vem alcançando no combate ao vírus. "Como o estado é apontado no Brasil como referência no enfrentamento, nós tivemos impacto minimizado nos primeiros três meses, o que não nos livrou da curva de transmissão", frisou. "O estado trabalha em cima de modelos epidemiológicos muito sérios. No nosso site há uma disponibilização de vários equipamentos e leituras de ferramentas digitais para que se entenda o que está acontecendo", sublinhou. "Quando falamos que não chegamos no pico, é baseado em modelos, estudos que nos dão essas informações", completou.
O reforço na oferta de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) tem atenção constante do Governo do Estado. Ribeiro referiu que a ocupação atual de leitos no sul catarinense está em 70%, mas 11% por pacientes de Covid-19 e o restante por acometidos de outras enfermidades. "No sul, por exemplo, doa 146 leitos ativos de UTI, temos 17 ocupados por Covid-19, 11,6%, 84 liberados e 45 livres para uso, o que já leva a um alerta de dificuldades. A ocupação geral está em torno de 70%", enumerou. "Em outras regiões a gente percebe 20%, 25%. Já tivemos pior mas nesse momento, 11%", confirmou.
A pandemia começou sua transmissão comunitária em Santa Catarina, em março, pelo sul. "O sul já teve uma onda no início, foi o primeiro ambiente com disseminação comunitária do vírus, nesse momento continua com frequência alta apesar da velocidade de transmissão ser um pouco menor", lembrou "Todos os dados estão disponíveis e são levados em consideração para dizer que há uma aceleração da curva, esperamos que o pico não esteja longe mas não chegamos lá ainda", salientou o secretário. "Temos hoje em Santa Catarina mais de 11 mil curados, dos 14 mil diagnósticos", registrou.
Leitos de UTI no sul - 146
Hospital São José (Criciúma) - 55 leitos, 25 novos
Hospital Regional (Araranguá) - 25 leitos, 10 novos
Hospital Nossa Senhora da Conceição (Tubarão) - 40 leitos, 10 novos
Hospital Materno Infantil Santa Catarina (Criciúma) - 16 leitos, 0 novo
Hospital São Donato (Içara) - 10 leitos, 0 novo
O isolamento social está baixo, uma dificuldade apontada pelo secretário. "Uma das grandes dificuldades no sul é o isolamento social, como é no estado inteiro. Nosso isolamento está em 35%, um índice baixo", registrou. "As pessoas estão internando mas estão recebendo alta. Mas volto a frisar que nossos modelos apontam que ainda estamos subindo a montanha, não chegamos lá em cima. É motivo de atenção para todos. A previsão de números é difícil, prevemos sim ações. Se for necessário estruturar mais leitos de UTI, estruturaremos", observou Ribeiro. "Estamos atentos e sempre em contato com as secretarias municipais, com os diretores de hospitais monitorando o uso das UTIs. Estamos nos estruturando para ter leitos suficientes mas precisamos estar muito atentos pois os cenários podem modificar conforme as ações", destacou.
Ainda não é possível prever, diante do crescimento de casos que pode ocorrer, se haverá algum prejuízo à volta das aulas, marcada para o início de agosto. "Não consigo ainda enxergar a segunda quinzena de julho. Por isso que sempre sugerimos que as interferências de gestores em algumas necessidades de liberação ou não devem ser reavaliadas a cada 14 dias", esclareceu. "Conseguimos olhar duas, às vezes três semanas para frente. Mas a gente trabalha sempre nessa perspectiva, por isso estamos dizendo que o nosso pico ainda não chegou", concluiu o secretário.
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