Foi por meio deste gesto de conscientização da sociedade, que a vida do Antenor de Jesus, 47 anos mudou e hoje ele sorri e celebra um novo começo.
O supervisor de qualidade de confecções, descobriu em 2013 que era portador de um problema chamado nefropatia por IGA (problema que atinge os rins); por oito anos realizou inúmeros tratamentos entre eles hemodiálise e uso de medicações para controlar o problema. Durante todo este tempo, Jesus precisava vir todos os dias ao Hospital realizar seu tratamento.
Mas no dia oito de agosto de 2020, a vida do supervisor mudou, quando recebeu uma ligação do serviço de transplante renal do HSJosé dizendo que havia chego um “presente” para ele.
“Recebi a ligação da doutora Cassiana Mazon Fraga, perguntando como eu estava e que tinha chego um presente para mim (05/08/21 às 16h30), foi muita felicidade. Fiz o transplante no mesmo dia; iniciamos às 22h30 e acabou 1h30 do dia 06/08/21, que considero meu novo aniversário. A equipe do HSJosé, minha família e amigos foram muito importantes para minha recuperação e são até hoje”, relatou emocionado.
Apesar da dor dos familiares por ter perdido um ente querido, a doação de órgãos é um ato de amor e de generosidade.
O que é o transplante de órgãos
Transplante é o ato de transferir um órgão, tecido ou célula de uma pessoa/doadora para outra/receptor.
A doação de órgãos pode acontecer de duas maneiras; por meio de doadores vivos ou falecidos. Em vida, as pessoas podem doar rins, parte do fígado ou do pulmão e medula óssea. Por lei, familiares podem ser doadores até o quarto grau de parentesco, quem estiver fora deste parâmetro, poderá ser doador somente com autorização judicial.
A doação de órgãos para pessoas falecidas já é diferente. Para ser um doador, a pessoa precisa ter deixado claro em vida, sua intenção de ser um doador; após a morte, a família precisa concordar com a doação.
O doador falecido é a pessoa com dano cerebral irreversível, a morte encefálica (ME), que é causada por traumatismo craniano ou acidente vascular cerebral. Quando acontece a morte encefálica, uma série de exames para constatar o dano cerebral precisa ser realizado. Somente após o resultado destes exames, o médico neurologista pode dar o diagnóstico de que a pessoa é um possível doador.
Muito já se sabe sobre a doação de órgãos, nos últimos anos, houve no mundo todo uma ampla discussão a respeito do tema, mas de acordo com as comissões que realizam a entrevista com os familiares, ainda há um difícil entendimento, o que resulta em um alto índice de recusa familiar.
“Dentro do Hospital São José, temos uma Comissão Hospitalar de Transplante muito ativa. Sempre que somos comunicados sobre a Morte Encefálica (ME) de algum paciente, após todos os exames necessários realizados, entramos em contato com os familiares. Explicamos todo processo da ME, e falamos sobre a importância da doação de órgãos e para que outras famílias não passem por este sofrimento e que mesmo na dor eles podem ajudar outras pessoas autorizando a doação de órgãos. Explicamos que mesmo na dor é um dever do profissional da saúde estar explicando sobre isso. É doloroso sim, mas precisamos tentar ajudar as pessoas e nos colocamos a disposição da família que está sofrendo naquele momento”, explica Renata Mendes Machado, enfermeira do HSJosé e participante da CHT do HSJosé.
Quem pode ser um doador e o que pode ser doador de órgãos
Todas as pessoas podem ser doadores de órgãos. O importante é sempre deixar a família avisada sobre a intenção de se tornar um doado. A compatibilidade de cada pessoa será avaliada por médicos e exames complementares.
O ser humano pode doar rins, coração, pulmão, pâncreas, fígado, intestino, córneas, válvulas, ossos, músculos, tendões, pele, veias e artérias. A avaliação sobre a doação dos órgãos será sempre antes de realizar a captação de órgãos.
A Comissão Hospitalar de Transplantes no HSJosé
O HSJosé possui uma Comissão Hospitalar de Transplantes-CHT desde 2005. A equipe é composta por médicos e enfermeiros dedicados e experientes na área. Os profissionais divididos em equipes e plantões, auxiliam em conjunto no reconhecimento da morte encefálica e abordagem da família do paciente explicando sobre a ME e também fornecendo todas as informações e atendimento necessários para os familiares, bem como, auxiliando no processo de captação.
“Todos os casos de ME são acompanhados por esta equipe que dá suporte a família, dá suporte ao diagnóstico da morte, sempre supervisionado pela Central Estadual de Transplantes. Quando um paciente é identificado com ME a equipe auxilia no diagnóstico efetivo da ME, dá suporte à família neste processo juntamente com a equipe assistente. A medida em que se confirma a morte, a equipe aborda a família do paciente para determinar a vontade ou não da família em doar os órgãos”, explica o médico dr. Felipe Dal Pizzol (CRM- 10643/RQE-8822), médico intensivista, e coordenador da Comissão Hospitalar de Transplantes do HSJosé.
O serviço que funciona 24h no HSJosé, já realizou este ano, 37 notificações de morte encefálica, destas, 24 entrevistas com familiares, 18 captações de órgãos foram autorizadas e seis pessoas recusaram a doação de órgãos de seus familiares. “Em qualquer lugar do Brasil, existe uma lista de espera de pessoas que necessitam de transplante de alguma natureza, rim, fígado, pulmão, coração, córneas; mas a demanda é sempre maior que a oferta, então é uma lista que dificilmente é zerada. A doação de órgãos permite que se possa ajudar essas pessoas, melhorar a qualidade de vida delas, como um gesto de doação, um gesto de amor ao próximo”, finalista Dal Pizzol.
Em Santa Catarina existe atualmente 1224 pessoas na fila de espera por um órgão. Em 2021 em todo Estado foram realizadas 71 notificações de possíveis doadores, destas, 49 doações foram efetivadas, e somente no Sul 26.