O delegado regional de Polícia Civil está diante de um grave problema: o efetivo. "E deve se agravar ainda mais essa falta de pessoal, que já sentimos e bastante", conta Vitor Bianco Júnior. "Temos um efetivo bastante reduzido, principalmente se formos fazer um comparativo com outras regionais como Araranguá, Laguna e Tubarão", acrescenta.
Bianco, que tratou do assunto nesta quarta-feira (9) no programa Conexão Sul, na Rádio Som Maior, aponta que a perspectiva não é boa para a sequência de 2022. "Teremos muitas aposentadorias esse ano", sublinha. "Fizemos um levantamento, devem ocorrer de 15 a 25 aposentadorias de policiais", afirma. Colocando esse número absoluto sobre o tamanho do efetivo na regional, a situação piora. "Isso representa 18% do nosso efetivo, esse montante todo se aposentando no mesmo ano", coloca, sem esconder a preocupação.
Entre os delegados, a situação também é alarmante. "Eu estou atendendo as duas delegacias regionais, de Criciúma e Araranguá. E em Criciúma teremos a aposentadoria de cinco delegados nesse ano. Nós não teremos delegados nem na 1ª DP nem na 2ª DP. Todos esses delegados já terão tempo para aposentadoria esse ano", informa Bianco. "A gente já comunicou a nossa chefia imediata, eles têm conhecimento dessa situação, é algo bastante grave", avalia. "A partir de abril teremos um noovo processo promocional que, esperamos, faça vir novos delegados para cá", sinaliza.
Enquanto isso, Bianco não tem alternativas de reposição dos delegados que partirão para a aposentadoria. "Não teremos, estamos fazendo um esforço bastante grande, acredito que teremos uma comarca que deva ficar sem delegado nos próximos meses", reforça.
Delegacias fechadas
O delegado acrescenta que a Polícia Civil tem feito o que pode para gerir da melhor forma possível o efetivo disponível. "Otimizamos de todas as formas. Criamos a Central Regional de Plantão, foram fechados todos os plantões das outras delegacias", conta. "Tantoq ue quando a Polícia Militar faz um flagrante, ela conduz tudo para Criciúma. Nenhuma outra delegacia recebe. Isso foi muito bom pois acabamos profissionalizando e atendendo com mais agilidade", detalha. "Mas fizemos isso também pensando em ter um efetivo mais disponível para nossa atividade principal que é a investigação", observa.
Uma das preocupações do delegado Vitor é não deixar acumular a demanda por investigações. "Precisamos apurar inúmeros crimes o tempo todo. Por exemplo, agora aumentaram muito os crimes cibernéticos, que são complexos, dependendo de inúmeras representações. Com essa falta de pessoal é mais complicado", diz.
Mesmo com as dificuldades, a região usufrui de índices baixos de criminalidade. "Estamos com índices de criminalidade bastante baixos. Temos um índice de homicídios bastante baixo perto de outras cidades com o mesmo número de habitantes de Criciúma. O percentual de resolução é muito alto, sempre acima de 80%", confirma. "A estrutura física, delegacias, parte de informática, essa é uma estrutura boa, perto de outras regiões, temos uma estrutura muito boa", pondera.
Sobre reforços para o quadro de pessoal da Polícia Civil, Bianco lembra que, na última seleção para a formação na academia, foram chamados 50 da lista de seleção e somente 17 atenderam a convocação. "É que, pelo tempo de espera, muitos acabam submetendo-se a outros concursos", relata. "E temos mais 200 excedentes aguardando a autorização do Estado para que possam ser chamados. Mantendo-se essa média, desses 200 deverão aparecer uns 70 no máximo", salienta.
Confira a entrevista do delegado Vitor Bianco Júnior no podcast: