No encontro com o presidente da República, Jair Bolsonaro, o presidente da Federação das Indústrias (FIESC), Mario Cezar de Aguiar, defendeu investimentos em infraestrutura, a realização de reformas estruturantes e de um novo pacto federativo. “Temos um grande paradoxo. Santa Catarina contribuiu com R$ 70 bilhões em impostos federais e recebe um retorno de menos de 20% deste valor. O resultado dessa distorção, que é histórica, é a precariedade da nossa infraestrutura de transporte, comprometendo nosso presente e ameaçando nosso futuro. Definitivamente, o País precisa de um novo pacto federativo”, afirmou Aguiar, no evento, realizado em Joinville, nesta sexta-feira, dia 6.
Ao fazer referência à questão dos investimentos federais, Bolsonaro citou o pagamento de juros e serviço da dívida como o principal responsável pelo problema. Em seu discurso, o presidente defendeu a liberdade, a transparência e destacou aspectos positivos de sua gestão, citando como exemplos a reversão de prejuízos das estatais, como a Petrobras e os Correios.
No encontro, a Federação das Indústrias (FIESC) e a Associação Empresarial de Joinville (ACIJ) entregaram documento ao presidente da República em que reforçam a defesa por mais investimentos do governo federal em SC e levantam uma série de questões importantes para que o estado possa manter sua contribuição ao País com geração de riqueza, impostos e divisas. Entre os pontos destacados, além de pedir mais atenção à infraestrutura (rodovias, ferrovias e portos), as entidades empresariais chamam atenção para aspectos como a segurança jurídica na área ambiental, as reformas administrativa e tributária e defendem a implantação de uma política industrial para que o setor possa seguir gerando empregos e desenvolvimento.
Aguiar salientou que o complexo portuário catarinense não possui acesso ferroviário. “É fundamental o seu apoio para viabilizar o complexo intermodal catarinense, que já propusemos no Plano Nacional de Logística”, disse, lembrando que os corredores rodoviários federais estão em condição precária, onerando o setor produtivo com elevados custos logísticos e trazendo sérios riscos à segurança da nossa gente. “Isso macula Santa Catarina como um dos estados com mais óbitos em acidentes rodoviários”, completou.
“Não podemos deixar de mencionar as reformas estruturantes, pré-requisitos para assegurar a competitividade da empresa brasileira. Apoiamos as reformas administrativa e tributária, sem aumento de impostos e com redução gradativa no médio prazo”, declarou Aguiar, observando que é necessário continuar a construção de um ambiente de negócios desburocratizado, livre de armadilhas e obstáculos que dificultam o investimento e diminuem nossa capacidade de crescer e inovar.
Ele reforçou ainda a urgência em se consolidar uma legislação ambiental que respeite as especificidades das cidades e do campo, equacionando a forte insegurança jurídica hoje vigente na área. “Santa Catarina é um estado exemplar. O Brasil é um país que tem tudo. O maior trabalho do Estado é não atrapalhar", disse Bolsonaro, ressaltando que o governo quer concluir as obras iniciadas, como as de infraestrutura. "É mais barato para nós, para o tesouro e é mais útil para a sociedade", completou.
Ao pedir mais apoio federal em seu pronunciamento, o presidente da FIESC ressaltou a força da economia catarinense. “Santa Catarina é um estado que possui 1,1% do território nacional e 3,4% da população brasileira. Mas que tem economia pujante e dinâmica, com destacados indicadores socioeconômicos, frutos do trabalho, da dedicação, da resiliência e do empreendedorismo, que caracterizam o povo catarinense. Joinville traduz muito bem tudo isso e reforça o quanto o setor industrial gera desenvolvimento. Aqui estão nove indústrias listadas no ranking das mil maiores do País. Joinville é um espelho da indústria catarinense: diversificada, exportadora e cooperativa”, disse Aguiar.
Além das principais rodovias federais, como as BRs 280, 470, 282 e 163, FIESC e Acij aproveitaram o encontro para também chamar atenção para a questão da BR-101. “O trecho Norte da BR-101 requer obras urgentes, mas não previstas no contrato de concessão, e que dependem de autorização da ANTT e aditivos que possam tirar do papel os projetos com recursos do pedágio”, disse o presidente da ACIJ, Marco Antonio Corsini.