A depressão é uma condição que acomete um número significativo de pessoas e possui consequências importantes para o indivíduo e a sociedade. No entanto, às vezes, a terapia padrão com fármacos pode não ser totalmente eficaz em muitos quadros. Por isso, outras formas de tratamento têm sido estudadas e usadas como alternativa, e uma delas é a Estimulação Magnética Transcraniana (EMT).
A EMT funciona por meio de bobinas colocadas contra o couro cabeludo do indivíduo, gerando campos magnéticos capazes de atravessar o crânio. Essas correntes induzem a formação de correntes elétricas que ativam neurônios de uma área desejada no cérebro (no córtex, abaixo do local onde as bobinas foram colocadas).
Apesar de a estimulação ocorrer em uma região-alvo, as redes que se conectam a ela também são atingidas. O resultado é o efeito antidepressivo da técnica EMT. Ele acontece por diversos fatores, incluindo a normalização da deficiência de serotonina e do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal, envolvidos na fisiopatologia do transtorno.
É uma abordagem não invasiva, segura, bem tolerada pelos pacientes e não necessita de anestesia geral. Nos estudos e na clínica, a EMT mostrou ser bastante eficaz, especialmente quando utilizada como tratamento complementar aos antidepressivos.
No Brasil, o uso da EMT no tratamento contra a depressão é permitido em casos em que a doença é resistente aos tratamentos convencionais, ou seja, em indivíduos que não responderam a antidepressivos em dose padrão usados por pelo menos quatro semanas.
Como qualquer abordagem terapêutica, a EMT possui contraindicações. Por isso, o uso só pode acontecer após uma avaliação detalhada por um médico especializado. Isto inclui a competência de entender desde o estado mental do paciente até exames laboratoriais e de imagem dele.
Se você tiver interesse na técnica do EMT e quiser saber se ela é um tratamento válido para algum caso em questão, ou conhecer outros tratamentos alternativos para depressão resistente, converse com seu médico especialista.
Kelen Cancellier Cechinel Recco
Psiquiatra e Diretora Técnica Médica do Instituto de Neurociências Dr. João Quevedo (InJQ) - unidade Criciúma
CRM-SC 13.394 | RQE 10.277
Colaboração especial: Maria Eduarda