A pandemia do novo coronavírus tornou explícita algumas das grandes dificuldades das redes estaduais e municipais de ensino de Santa Catarina e, também, de todo o Brasil. Em Criciúma, um dos maiores empecilhos que impedem o município de melhorar a sua educação, de acordo com a professora e presidente do conselho municipal do Fundeb, Raquel da Silva, é a falta de professores efetivos.
Apesar de ser a oitava maior cidade do estado, Criciúma está longe dos dez primeiros colocados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) em SC. Segundo Raquel, o município está acima da média nacional quando o quesito são os primeiros anos do Ensino Fundamental, do primeiro ao quinto ano, a chamada Fase 1. A dificuldade, no entanto, é referente aos anos finais do Ensino Fundamental - problema enfrentado em todo o Brasil.
“Criciúma cresce desde 2011 quando se fala do primeiro ao quinto ano, nos mantemos acima da média. No caso dos anos finais, do sexto ao nono, a realidade é completamente diferente em todo o Brasil e Santa Catarina, tanto em Criciúma quanto em Joinville [cidade usada como modelo positivo pelo prefeito Salvaro]. Nossa nota aumenta desde 2015, mas ainda fica abaixo da meta: 4,6 , 4,7 e 4,9. 19 estados, e mais o Distrito Federal, ficaram abaixo da média do sexto ao nono ano”, comentou Raquel.
Para a professora, Criciúma precisa ouvir os técnicos e profissionais da educação do município para então melhorar os níveis de educação, através de um planejamento estratégico, amplo, sólido e profundo da gestão educacional que não deixe de fora as eleições diretas para diretores.
E uma das dificuldades para a consolidação de uma melhoria educacional na cidade, segundo Raquel, é justamente a falta de efetivos. “Precisamos ter um avanço no quadro de efetivação dos professores, porque temos 1 mil em caráter temporário. Eles não criam vínculos com as diretrizes pedagógicas da rede municipal de ensino, com a escola ou até mesmo com os estudantes, porque não conhecem a história dos estudantes, suas fragilidades e as potencialidades do aluno”, afirmou a diretora.
Por ficarem somente um ano em determinada escola, mudando de instituição a cada ano, os professores efetivos acabam não tendo tempo o suficiente para criar vínculos com alunos e com a própria estrutura escolar, fatores que contribuem para o desenvolvimento estudantil.
“Outro ponto é o nosso calendário escolar, que começa tarde e se encerra cedo. Isso é feito para diminuir o pagamento de professores ACT’s [em caráter temporário], para não precisar pagar mês cheio, mas acaba travando questões importantes para a formação continuada dos professores, que não pode ser pontual no quinto e nono ano para trabalhar as diretrizes da prova do IDEB”, reforçou a professora.