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Faltando menos de um mês para o aniversário de Criciúma, a história do seu “ouro negro”

Os primeiros passos da extração do carvão mineral na região que até hoje carrega o minério em seu nome

Por Paulo Monteiro Criciúma - SC, 25/12/2020 - 10:06
Foto: Arquivo / Siecesc
Foto: Arquivo / Siecesc

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Resta menos de um mês para o 141º aniversário de Criciúma. Ao longo deste mais de um século de existência, a cidade passeou por inúmeras economias. Criou indústrias, incentivou a agricultura, se modernizou, mas nenhum outro segmento é mais marcante para o município do que a extração daquele que é chamado por muitos de “ouro negro” - um dos principais pilares de desenvolvimento.

No sul catarinense, o início da extração do carvão mineral é anterior até mesmo à fundação de Criciúma. Ainda no século XVIII, na época dos tropeiros, descobre-se a existência do minério na região, informação que é repassada à Câmara de Laguna. Entre 1840 e 1860, técnicos e geólogos são enviados à região para analisar a qualidade do carvão.

“Descobre-se então que a qualidade do minério daqui não era tão boa mas, mesmo assim, surge um interesse do império de realizar a extração do minério, o que resulta na concessão dos territórios carboníferos e, posteriormente, na construção de uma ferrovia”, pontuou o economista e presidente da Associação Brasileira de Pesquisadores em História Econômica, Alcides Goularti Filho.

Iniciava-se então um ciclo de venda do carvão que marcaria as primeiras décadas da mineração no estado, que só viria a contar com a presença de carboníferas a partir no século seguinte, com a criação de uma lei federal que liberava recursos para a abertura de empresas do segmento no Brasil. Até então, o minério era extraído nas encostas de morros e riachos, transportados pelas estradas de ferro até o porto e vendido na Europa.

E o boom de importância e extração do carvão em Criciúma vem juntamente com a Primeira Guerra Mundial. Antes disso, a região carbonífera era vista como um investimento para o futuro, mas a grande guerra fez com que o minério ganhasse força devido ao bloqueio continental que impedia a importação do carvão.

“Para atender a demanda do país, enquanto durou o conflito mundial, que provocou total bloqueio das importações do carvão, surgiram dezenas de pequenas empresas familiares de extração do carvão de pedra, com contratos de terceirização ou concessão para o fornecimento de carvão às empresas nacionais estabelecidas na região. Foi durante a década de 1920 que a região carbonífera se consolidou, contribuindo, inclusive, para a construção da malha ferroviária que atendia os maiores setores produtivos de carvão, de Criciúma, Urussanga e Lauro Müller”, destacou o historiador Mário Belolli.

Nesse tempo, começam a surgir as primeiras carboníferas do sul de Santa Catarina. Depois disso, em Criciúma, são criadas as vilas para os trabalhadores dessas empresas - vilas essas que mais tarde viriam a se tornar conhecidos bairros da cidade, como Mina União, Cidade Mineira Velha, Mina do Mato e muitas outras.

“Em consequência do movimento carbonífero, as populações dessas cidades produtoras se multiplicaram, levando as próprias empresas carboníferas a planejarem a construção de vilas operárias em toda a região carbonífera”, disse o historiador, ressaltando a importância da mineração do carvão na região para a construção de casas.

Daí para frente, outros tantos fatores marcaram a história da indústria carbonífera na região. A quebra da Bolsa de Valores de Nova York em 1929 fez com que o segmento praticamente falisse por completo. Depois disso, na década de 30, o governo de Getúlio Vargas implementou leis que incentivam a produção do carvão. Assegurada com as leis, o setor voltou a crescer exponencialmente após a Segunda Guerra Mundial, na década de 40. 

“O carvão impulsionou o desenvolvimento do sul do estado, com repercussão nacional, fornecendo o carvão metalúrgico para as maiores siderúrgicas nacionais a partir dos anos 1940, com mais intensidade a partir de 1960, com a Companhia Siderúrgica de São Paulo e outras de menor porte. Pela classificação do carvão metalúrgico, o carvão vapor passou a ser utilizado para a matriz energética. Foi esta a solução inteligente encontrada na "Mesa Redondo do Carvão", reforçou Mário.

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