Após a compra superfaturada dos 200 respiradores que em sua maioria ainda não chegaram, o Governo de Santa Catarina enfrenta mais um problema na aquisição dos equipamentos usados nos leitos de UTI. Agora, uma compra de 100 respiradores feita através da Intelbras pode ser cancelada.
A compra no valor de R$ 7 milhões foi realizada com dispensa de licitação e a empresa catarinense escolhida não possui licença na Anvisa para importar o modelo do aparelho escolhido. O contrato também não especifica o prazo de chegada do material ou garantia dos equipamentos. A única empresa brasileira autorizada pela Anvisa a realizar a importação do ventilador mecânico é a Exxomed, de São Paulo.
O site The Intercept publicou uma reportagem detalhando minuciosamente o caso. A Secretaria de Estado da Saúde questionou, via e-mail, se a Intelbras tinha autorização da Anvisa ou da Exxomed para importar o respirador. O contato foi realizado no dia 22 de maio, 17 minutos após a equipe do Intercept contatar o Governo. Questionamentos a respeito de garantias do equipamentos, treinamentos e sobre reposição de peças e insumos também foram feitos no e-mail despachado pela Saúde. Mas o e-mail foi enviado para a equipe da Exxomed, dando a entender que a Intelbras estaria apenas intermediando a compra. Anteriormente, não havia qualquer menção a empresa paulista no processo de compra, tudo estaria sendo realizado pela empresa catarinense especializada em equipamentos de telecomunicações.
No dia 26 de maio, um parecer técnico de uma equipe de médicos e engenheiros da Secretaria de Saúde recomenda a não continuidade do processo e cita como justificativa a falta de permissão da empresa para importar os equipamentos e também a falta de garantia. Dias após, na primeira semana de junho, o corpo jurídico da Secretaria de Saúde recomendou a anulação do acordo.
A Intelbras sinaliza que já efetuou o pagamento referente aos 100 respiradores a fabricante chinesa. O cancelamento do acordo após recomendação da equipe técnica significaria um calote de R$ 7 milhões do Governo do Estado e nenhum respirador entregue para os hospitais catarinenses.