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Júlio Kaminski põe a segurança pública no topo das prioridades de Criciúma

Progressista foi entrevistado na série da Som Maior com pré-candidatos

Por Renan Medeiros 24/04/2024 - 12:43 Atualizado em 24/04/2024 - 13:00
Foto: Vitor Ávila
Foto: Vitor Ávila

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Júlio Kaminski (PP) foi o segundo entrevistado da série realizada pela rádio Som Maior com os pré-candidatos a prefeito de Criciúma. Ele foi sabatinado na manhã desta quarta-feira (24) pelos jornalistas Adelor Lessa e Maga Stopassoli.

Ouça a entrevista abaixo e leia a seguir:

Adelor Lessa: O senhor está no jogo, está colocado como pré-candidato à Prefeitura desde o fim do ano passado e vem fazendo conversas. Sua candidatura, neste momento, é uma candidatura consolidada, definida e irreversível ou ainda há possibilidade de composição, de ser candidato a vice, de uma aliança? 

Júlio Kaminski: Na realidade existe uma possibilidade, sim, de uma composição com o PL. Isso aí é uma discussão que está sendo realizada a nível estadual e municipal. Existem duas possibilidades: o Kaminski pré-candidato a prefeito ou vice também sendo considerado. Papo reto, é assim que estão as coisas sendo conduzidas. 

Adelor: Não tem terceira alternativa?

Kaminski: Não tem terceira alternativa. Acontecendo a coligação, está tudo certo. Não acontecendo, o 11 vai estar na tela. 

Maga Stopassoli: E aí, nessas condições, se o Progressistas compor com o PL, é o seu nome e martelo batido?

Kaminski: Exatamente. Está definido. Houve uma conversa com aqueles pré-candidatos, tanto com o Miri (Dagostim) quanto com o (Miguel) Perini. Ambos abriram mão para que a gente pudesse estar no processo. 

Maga: E como estão as conversas com o pré-candidato do PL, Ricardo Guidi?

Kaminski: Então, quem tem conduzido esse processo é muito mais o Valmir Comin, que é o nosso presidente. E eu tenho me preocupado com a nominata, me preocupei muito com isso, a gente conseguiu fazer uma boa nominata. Hoje nós temos 30 nomes à nossa disposição desse grupo, nós temos 14 mulheres também ali envolvidas no processo. Então, eu tenho me preocupado muito com esse trabalho e essas articulações. Essas conversas têm sido mais direcionadas ao nosso presidente.

Adelor: O que o senhor entende que vai ser a prioridade para o próximo prefeito de Criciúma, que vai assumir 1º de janeiro? O que deve ser foco? O que deve merecer atenção especial e número um do próximo prefeito?

Kaminski: Então, Adelor, a gente poderia fazer de curto, médio e longo prazo algumas projeções. No entanto, creio que o primeiro ato a ser estabelecido, na minha ótica, é o fator segurança. Acho que as pessoas precisam se sentir seguras, as pessoas precisam perceber a presença do poder público dentro disso, dentro da cidade. O poder público dando respaldo para que as pessoas possam andar, circular, ter as suas atividades empresariais, poder, à noite, sair do seu trabalho sabendo que está sendo segura, ao invés de ficar olhando para o lado. Chega dez horas da noite, olha para um lado, olha para o outro, às vezes, para ver se não tem nenhum meliante para te abordar. Eu acho que esse fator é preponderante. As decisões têm que ser tomadas no primeiro dia. No meu caso em especial, você sabe que eu defendo muito o retorno da Guarda Municipal, não naquele modelo, mas no modelo atual, o modelo presente, onde você tem controle, fiscalização, dá todo o suporte para que eles possam trabalhar e, ao mesmo tempo, com a sensação de que estão sendo também fiscalizados e vigiados.

Maga: Mobilidade urbana, candidato. A gente vê o modelo de transporte de Criciúma, eu olho para ele, ele é de 1990. Criciúma não comporta mais esse modelo, a gente não tem um sistema público de transporte eficiente e que atenda quem mais precisa. Ele começa em determinado horário e termina cedo, não permite que o cidadão use o transporte público da maneira como deveria ser.

Adelor: Interessante que hoje o modelo o modelo hoje do transporte coletivo desagrada o empresário, o dono da empresa, que é concessionado, e ele desagrada o usuário.

Kaminski: Bem isso. Na realidade, a questão da mobilidade urbana, nós participamos pela Câmara de Vereadores, através de uma comissão, onde a nossa discussão foi a mobilidade urbana, e dentro disso foi criado, por conta dessa comissão, surgiu o plano de mobilidade urbana que Criciúma nunca teve, e isso aconteceu no ano passado. Então, nós precisamos tratar isso com muito cuidado. A questão do transporte coletivo, inevitavelmente, precisa passar por uma grande reformulação. Eu defendo a ideia do transporte coletivo integrado, isso é um ponto que a gente deve considerar.

Maga: Como funcionaria?

Kaminski: Integrado e intermunicipal, ou seja, as regiões passam a ter todo o transporte envolvido. É claro que isso envolve investimento, é claro que isso envolve projetos grandes ou parcerias. Não tem como você não discutir isso sem pensar também no transporte gratuito. Não tem como você não discutir essa questão. Só que, por outro lado, você também precisa analisar vai fazer para diminuir o custo tributário, a carga tributária para o contribuinte, que é um fator importante nesse processo. Há uma necessidade de uma avaliação, mas o transporte coletivo intermunicipal precisa ocorrer e de forma gratuita. E aí sim você consegue fazer aquilo que você está dizendo. Agradar o investidor, óbvio que ele precisa ser remunerado, e ao mesmo tempo permitir que o usuário possa fazer uso adequado, sério, em condições reais de conforto necessário para a sua mobilização.

Adelor: O ouvinte está me fazendo uma observação, o Roger Rosso, ele está dizendo o seguinte: "ontem o Antonelli esteve em uma entrevista e só faltou dizer que quer ser vice do Guide. Ele é do PP também, e se colocou à disposição para isso". Como é que fica essa discussão dentro do PP?

Kaminski: Isso é perfeito, acho que tem todo o direito, ele foi convidado para estar no partido. O Antonelli, realmente, veio numa participação onde ele pode estar envolvido diretamente. Nós podemos, por exemplo, estar numa chapa pura. Não está descartada essa possibilidade. E aí veio o Antonelli, veio o doutor Irani, tem o Carlos que veio também, o próprio Serginho Pacheco, que já tem uma experiência do passado, enquanto vereador  e enquanto prefeito. Tudo é possível dentro de uma grande composição que eventualmente o partido pode ter a nível de chapa pura.

Maga: O PSD ou o PSDB fizeram algum tipo de contato com os senhores para tentar uma reaproximação, uma composição, algo nesse sentido?

Kaminski: Não, Maga, não, não teve nada. Eu acho que do final de 2022 até agora, inúmeras vezes, até por uma questão de governabilidade, a gente esteve sempre conversando com o prefeito, dando condições para que ele pudesse conduzir o processo na cidade de Criciúma, ou seja, dando governabilidade. Eu entrei no partido depois, aí o partido já tinha os seus alinhamentos, as suas condições com o próprio prefeito. É claro que na medida que eu entrei depois, falei: ‘olha, prefeito, eu também estou aqui no partido, se precisar de governabilidade, nós estamos contigo’. Não tem problema nenhum. Isso não quer dizer que a gente fosse base, mas deu governabilidade. Eu procuro separar muito isso, muito bem. E depois, e a gente vinha sempre conversando, só que houve um afastamento natural, ou seja, nós não nos afastamos, nós fomos afastados do governo, então naturalmente não existe a menor possibilidade de nós estarmos juntos. Declarei, inclusive, a última vez que eu estive aqui, a gente sabe com quem não vai estar: a gente não vai estar com o Arleu da Silveira.

Adelor: O ouvinte me chamou a atenção e me permita voltar a esse assunto do transporte gratuito. Escreve o seguinte: "quando aparece um serviço gratuito, aparece uma conta nova para alguém pagar. Quem custearia esse transporte público gratuito?" 

Kaminski: A minha fala foi que nós precisamos fazer um bom estudo em relação a isso, porque de um lado você tem uma carga tributária que você precisa diminuir do contribuinte, você precisa diminuir, e de um outro lado também você precisa criar mecanismos. A questão toda, ela não está apenas no investimento e no projeto, mas sim no custeio. O segredo todo está no custeio. Para custear, você depende da arrecadação local. Agora, para efeito de projeto, de investimento, você busca através de emenda, de projeto, Governo Federal, etc. Então, há necessidade muito de fazer um trabalho, e aí as coisas começam as suas ramificações. Porque você precisa estimular, por exemplo, o aumento do ICMS, você precisa aumentar o ISS, você precisa… Não aumentar o percentual, não é isso, mas aumentar o incentivo. As pessoas precisam se sentir seguras e investir na cidade de Criciúma e poder colocar os seus próprios negócios. Aumentar a receita. Mas não através do contribuinte, esse você tem que diminuir, você tem que criar negócios em que possam trazer. Por exemplo, o turismo. Não basta você ter um local turístico, você precisa estimular o turismo.

Adelor: Mas quem pagaria o transporte público gratuito, a Prefeitura?

Kaminski: Claro, quando você fala em transporte gratuito, você vem da Prefeitura, é produto da sua arrecadação.

Adelor: Tem receita para isso?

Kaminski: A própria Cosip (Contribuição de Serviço de Iluminação Pública), hoje, está sendo cobrado 50% a mais. Estão falando que no ano passado, nós chegamos a arrecadar R$ 25 milhões de Cosip, R$ 12,5 milhões sobraram. Então tem que se buscar a desvinculação. A desvinculação é automática, é possível, desde que a Cosip não se cobre mais do que a fatura devida.

Adelor: O senhor imagina usar a receita da Cosip para o transporte gratuito?

Kaminski: Não, não posso afirmar que eu vou usar. Acho que tem que fazer todo o estudo jurídico em torno disso.

Adelor: Até porque hoje a gente recebe quase que diariamente reclamações de ruas apagadas, de problemas na iluminação pública.

Kaminski: Em 2017 apresentamos um projeto de lei, onde nós permitimos que naquela ocasião já se utilizasse o recurso da Cosip para mudar todas as lâmpadas. Quando eu falo em lâmpada, dá a impressão é que é só lâmpada, mas não é. Ela tem que ter aquela haste, tem todo aquele negócio, e mudar nos próximos dez anos. Por quê? Porque a economia era de 50%. Falava-se muito naquela ocasião que chegava a 70% da economia de uma lâmpada de LED. Mas já se provocava essa discussão. Aí acabou tendo aquele problema todo dos R$ 30 milhões, ações judiciais, uma série de questões que já poderiam ter sido resolvidas. Já poderia ter resolvido tudo isso se tivesse, naquela ocasião, acatado a nossa proposta. Não foi. Hoje nós dependemos de outros fatores, outras receitas para poder viabilizar o que já poderia. Isso, consequentemente, diminuiria a conta. Então, quando a gente fala em transporte coletivo integrado, existem formas de gerar energia, sem precisar ter custos. Tem uma série de investimentos que você tem que considerar e não dá para abrir mão da participação privada. Hoje em dia tem que ter essa parceria. O poder público tem que ser aquele que menos interfere, mas aquele que mais auxilia.

Adelor: Uma ouvinte que está nos acompanhando, e ela escreve o seguinte: "transporte coletivo municipal nos bairros precisa ser revisto. O centro de Criciúma está morrendo Hoje se quatro pessoas vierem de ônibus, já custa 40 reais, que deixam de ser gastos no comércio. É desesperador a quantidade de lojas fechando na área central de Criciúma, claro, não se trata apenas o transporte coletivo, mas é um grande fator o alto custo do transporte coletivo". 

Kaminski: Adelor, existe um projeto, por exemplo, de pedir a concessão por mais de 20 anos, ali da Galeria Cavaler. Por conta disso, faria um investimento muito grande no terminal. Ou seja, mudaria todo o formato daquele terminal central justamente para estimular que as pessoas recebessem uma concessão de trabalho para incentivar o comércio local. Por isso que eu falo quando da parceria privada - é claro que a gente vai ter muito tempo para estar discutindo essas questões -, eu concordo, é característico nosso da região vir para o centro, né, passear no centro.

Maga: Saúde, pré-candidato. A gente tem um problema grave na questão da saúde pela demora, ainda tem demora nas filas. O que o senhor acha que seria a solução para isso?

Kaminski: Os hospitais estão recebendo 63% de atendimentos que deveriam ser atendidos nas unidades básicas. Falta incentivo. As pessoas precisam ir para a consulta médica sabendo que ela vai para o especialista depois. Não adianta você se consultar em uma unidade e levar 30 dias para o especialista. Aí o pessoal reclama: "ah, mas não estão indo às consultas, gera um custo de R$ 1 milhão por ano para o município, etc, etc". Gente, você tem que estimular as pessoas. O profissional tem que ser pago adequadamente. O especialista precisa estar à disposição para o tratamento. Nada adianta você fazer todos esses exames, ir na unidade, ir no especialista e não poder fazer uma cirurgia. Há necessidade, sim, de um trabalho muito focado. Três pontos são fundamentais: você precisa comer, estudar e ter boa saúde. E para isso, tem um conjunto de coisas que precisam ser consideradas.

Adelor: O prefeito Clésio Salvaro foi reeleito com algo em torno de 75, 80% dos votos. Forma uma base estrutural forte. O candidato dele é o Arleu da Silveira, que não é o Clésio, mas é o candidato apoiado pelo Clésio. Fora desse grupo, tem o Arlindo Rocha, o Júlio Kaminski, o Ricardo Guidi e o Paulo Ferrarezi. A divisão desses quatro não facilita uma vitória do Arleu? Se vocês não estão pactuados no mesmo grupo que é liderado pelo prefeito Clésio, a divisão não é favorável ao projeto político do prefeito Clésio?

Kaminski: Uma coisa é o Clésio prefeito, outra coisa é o Arleu ser candidato. Acho que a gente precisa trabalhar muito através de projetos. Acho que a gente tem que mostrar para a cidade que existe um foco natural em uma eleição com relação aos candidatos da majoritária. Eu acho que essa é a ideia, você apresentar um projeto importante, um projeto necessário e saber exatamente qual o papel e o interesse daquele candidato para fazer a gestão do município de Criciúma. Eu acredito, sinceramente, que o processo está aberto, permite muita discussão e apresentar projetos sérios para a cidade.

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