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Mais um passo rumo à dignidade menstrual em Criciúma

Cinco mil absorventes foram entregues à Casa da Infância, no bairro Fábio Silva, através de uma iniciativa do Poder Judiciário Catarinense

Por Geórgia Gava Criciúma, SC, 22/04/2022 - 17:54 Atualizado em 22/04/2022 - 18:15
Fotos: Fernanda de Maman/ Divulgação
Fotos: Fernanda de Maman/ Divulgação

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Mais um passo dado rumo à dignidade menstrual. Na tarde desta sexta-feira, dia 22, cerca de cinco mil absorventes foram entregues à Casa da Infância, no bairro Fábio Silva, em Criciúma. A iniciativa é do Poder Judiciário de Santa Catarina. A entrega foi realizada pela desembargadora e coordenadora estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar (Cevid), Salete Silva Sommariva. A vereadora Giovana Mondardo, o prefeito Clésio Salvaro e o secretário de Assistência Social, Bruno Ferreira, também estiveram na ocasião. 

“Nós nem conseguimos mensurar os prejuízos que a pobreza menstrual traz à sociedade. As meninas que frequentam escolas não têm coragem de ir, porque não têm como se proteger. Às vezes até acontece o pior e elas saem em uma situação de humilhação. Para essas meninas, os resultados desta campanha representam uma chamada de 'alguém lembrou de mim e eu estou incluída na massa'”, comenta a desembargadora, Salete Silva Sommariva. 

 

Mobilização do Poder Judiciário

A campanha do Judiciário Catarinense, denominada “Dignidade Menstrual'', arrecadou cerca de 60 mil absorventes, que foram distribuídos em algumas comarcas do Estado. Em Criciúma, os itens foram encaminhados à Casa da Infância, entidade que atende 73 crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade, com idades entre seis e 17 anos, do bairro Fábio Silva. Lá, elas recebem assistência e participam de oficinas de cultura no contraturno escolar. 

“Muitas mães, com crianças pequenas, de repente, precisam ir no 24h e não podem ir, porque não tem como se proteger [da menstruação]. Por isso, essa ação é muito representativa. Mesmo em casa, ela não pode ser humilhada a ponto de não ter essa proteção. Então, vai ser um recomeço, um aceno da sociedade para as pessoas excluídas de que existe preocupação e de que em todos os aspectos elas vão receber essa proteção”, enfatiza a desembargadora. 

Realidade em Santa Catarina

A pobreza menstrual é uma realidade em todo o país, afirma Salete. “Eu acho que a situação em Santa Catarina é uma das menos piores, porque é onde o nível de desemprego é menor do que no restante do país e o nível econômico e a renda per capita são maiores. Aqui no Estado, façamos uma analogia para ver o que será em São Paulo e no Rio de Janeiro”, acrescenta. “As pessoas, agora, estão unidas. A partir disso, coisas maravilhosas estão acontecendo”, opina a desembargadora, a respeito da mobilização. 

Segundo a representante do Conselho Municipal de Direitos das Mulheres, Patrícia Vedana Marques, que também esteve na entrega dos absorventes, a pobreza menstrual e a dificuldade de acesso ao item pelas mulheres já vem sendo discutida em Criciúma. “É um assunto que até pouco tempo atrás não era falado, nem discutido. Existe um tabu muito grande e é uma questão que precisa ser vista. Ações como essa, que traz acesso à população, a gente vê com bons olhos”, pontua.  

A falta de renda e as dificuldades econômicas acentuam a pobreza menstrual. “As famílias precisam priorizar a alimentação e o leite para os filhos. Essas mulheres se colocam em segundo e terceiro lugar. Ações como essa, que a gente garante qualidade de vida, e a parceria com a sociedade civil organizada, são de extrema importância”, ressalta Patrícia. 

Problema também acomete cidades menores

A dificuldade de acesso aos absorventes não é restrita às grandes cidades. “A gente tem hoje, em Criciúma, 10 mil famílias cadastradas no CADúnico, que garante benefícios federais, por exemplo, o antigo Bolsa Família. Aí, percebemos que há um recorte de vulnerabilidade no município. Muitas vezes só conhecemos o eixo da Centenário, mas existem as comunidades de carentes que precisam disso”, frisa a conselheira. 

Os cinco mil absorventes já começaram a ser distribuídos no bairro Fábio Silva. “Nós vamos entregar para as mães e meninas das famílias mais carentes que atendemos e também para outras famílias carentes que não têm crianças na idade de estar aqui conosco, mas que são atendidas na entidade”, explica a presidente da Casa da Infância, Bianca Bez Batti Dias. 

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