A pandemia ressignificou o empreendedorismo. E isso, não se pode negar. A insegurança no mercado de trabalho, motivada pelas baixas nas carteiras e a crise econômica em inúmeros setores, fez com que muitas pessoas ousassem. O que antes poderia ser apenas um sonho distante, para muitos, foi a oportunidade de gerar uma nova renda à família. São tantas histórias e, diversas delas, tiveram início na Páscoa - data que remete ao recomeço.
Juntas, Daniela, Manuela e Laine da Silva criaram uma marca de ovos de colher para comercializar em Criciúma e região, durante a Páscoa. A “Kiovo” teve início em 2021, mas deu tão certo, que neste ano, as três mulheres continuaram com a produção. Hoje, elas se dividem nas tarefas para dar conta das demandas e entregas a serem feitas. O corre-corre é tanto, que a última encomenda foi finalizada somente no sábado.
“A Laina, minha sobrinha, deu a ideia. Como estávamos em época de pandemia, pensamos em arriscar, uma rendinha extra. E, literalmente, foi da noite para o dia. Em alguns lugares não havia mais caixas, corríamos para cima e para baixo. Foi uma loucura, mas, graças a Deus, deu certo. Na véspera da Páscoa do ano passado, 3h da manhã, a gente estava fazendo ovos para entregar no domingo”, comenta Daniela.
Apesar de toda a correria, o sentimento após passar pelo sufoco foi recompensador. “Passamos por uma loucura, entramos em pânico, mas depois vimos que o resultado foi positivo, prazeroso, desgastante, porém, valeu a pena. Neste ano, nos programamos para comprar as coisas com antecedência. Em 2021, decidimos começar a fazer os ovos 20 dias antes da Páscoa”, relembra.
"Foi um recomeço para todas"
Laina, sobrinha de Daniela, conta que a decisão de empreender trouxe alegria a todas as três. “Unimos o útil ao agradável. Queríamos tentar alguma coisa diferente. E foi na Páscoa que a gente decidiu, já que é uma data que relembra o recomeço. Cada uma de nós trabalha em uma área. Eu sou contadora, a Manu é jornalista e a Dani é professora. Mas estamos juntas e gostamos de cozinhar. Foi um recomeço para todas”, pontua.
“Unimos o útil ao agradável. Queríamos tentar alguma coisa diferente. E foi na Páscoa que a gente decidiu, já que é uma data que relembra o recomeço. Cada uma de nós trabalha em uma área. Eu sou contadora, a Manu é jornalista e a Dani é professora. Mas estamos juntas e gostamos de cozinhar. Foi um recomeço para todas”, Daniela da Silva
Para uma marca nova, os resultados impressionam. Em comparação com o ano passado, as vendas em 2022 aumentaram cerca de 40%. ”A maioria dos clientes nesta Páscoa são os mesmos de 2021. O Instagram trouxe bastante clientela, deu um salto na comercialização. Tem gente que nunca vimos na vida, que chamaram, encomendaram e já pagaram”, conta a filha de Daniela, Manuela da Silva, responsável pelas vendas e entregas.
Ela ainda acrescenta que, caso houvesse possibilidade de aceitar mais encomendas, as vendas aumentariam mais 20% somente nesta semana que antecede a Páscoa. “Se tivéssemos mão de obra, com certeza”, comenta Manuela. “Mas, a gente não quer fazer por fazer, tem que ser bem elaborado e montado com carinho”, acrescenta. “No fim, é bem gratificante. A gente brinca, chora e ri”, completa a mãe.
União, trabalho e satisfação
E a expectativa é alta para seguir os trabalhos, as três, em união. “No meu ponto de vista, a tendência é melhorar cada vez mais. A intenção é continuar, de preferência, sempre inovando. No ano passado, a gente fez a cesta para as crianças, agora, fizemos um kit e tivemos a ideia do ovo frito de chocolate. Quem sabe na próxima Páscoa, teremos mais ideias”, pontua Laine.
E para quem não teve a oportunidade de conhecer o trabalho da Kiovo nesta Páscoa, a intenção é que venham novidades ao longo do ano. “A gente estava pensando em fazer algo, talvez, no Dia dos Namorados, porque queremos nos especializar. Estamos pensando em montar também cestas, com barras de chocolate, champanhe ou vinho, algo mais voltado ao inverno”, diz a contadora.
Tem espaços para todos
Outra ideia, conforme Daniela, é “nos especializarmos em chocolate para diabéticos. Tiveram ovos que deixamos de vender justamente por isso”, enfatiza. Mas, com toda a certeza, o sentimento que prevalece nestas três mulheres é: continuar produzindo com qualidade e amor. “É importante dizer que tem espaço para todo mundo. Por mais que a gente esteja bem, sempre indicamos outras marcas. É uma época que todo mundo se ajuda”, finaliza Manuela.