É cada vez maior a preocupação com a proliferação do mosquito Aedes aegypti no Estado e com o aumento no número de casos de dengue. O primeiro boletim epidemiológico sobre o Levantamento de Índice Rápido para o Aedes aegypti (LIRAa), desse ano, revela que 45 municípios de Santa Catarina apresentam alto risco de transmissão de dengue, a maior parte deles localizado na região Oeste do estado.
Em Araranguá a luz alerta acendeu essa semana após um paciente ser internado com sintomas de dengue hemorrágica, a mais grave.
“Nós já temos presença do vetor há algum tempo, desde 2019, inclusive Araranguá aparece como área infestada no mapa epidemiológico do Estado de Santa Catarina, e estamos agora trabalhando com uma investigação com a possibilidade de ser o primeiro caso autóctone (com transmissão dentro da região). Trata-se de um paciente que não se deslocou para nenhuma outra cidade, permaneceu em Araranguá nos últimos 20 a 30 dias. Ele apresenta sintomas bastante semelhantes à dengue, inclusive com possibilidade de ser dengue hemorrágica, que é o caso mais grave. Ainda não temos o resultado, esse material foi encaminhado ao Lacen (Laboratório Central de Saúde Pública) e estamos agora aguardando o resultado. Nós fizemos a busca ativa por larvas no entorno do imóvel onde ele mora. Como ele é um cidadão aposentado e não trabalha em lugar nenhum, essa pesquisa se restringiu na área da sua residência. Na ocasião nós fizemos a coleta de duas amostras para averiguar a espécie do mosquito. Feita a leitura em laboratório essa espécie foi positiva para culex e não para Aedes Aegypti, muito embora a gente fique alerta, pois ele reside justamente na nossa área infestada que é o bairro Mato Alto”, explica Joelcio Anastácio, coordenador do programa de combate à dengue de Araranguá.
Focos em Araranguá
Joelcio também aponta para a necessidade de atenção redobrada, já que o número de focos aumentou muito. O registrado somente nos 3 primeiros meses do ano já quase o mesmo de todo 2021.
“O número de focos aumentou muito e vem acompanhando o cenário de Santa Catarina. Os índices vêm indicando um acrescimento extremamente importante. Até o momento Araranguá já está com 14 focos, o que representa um número muito superior ao que tivemos no ano passado no mesmo período. Em 2021 foram 20 focos o ano inteiro e agora, como eu disse anteriormente, já estamos com 14 e estamos apenas no mês de abril. Esse indicador nos mostra que teremos um ano preocupante com relação à dengue. No Estado de Santa Catarina já foram registrados 8 óbitos e no Brasil já são 70 mortes, o que representa um acréscimo de mais de 70% em relação ao mesmo período do ano passado”.
O alerta também vale para evitar a combinação ideal que potencializa o desenvolvimento do Aedes aegypti.
“Nós estamos no período da estação do ano de transição. Nesse período é frequente a ocasião de chuvas e ao mesmo tempo ainda vivemos um clima quente. Esses dois fatores são um prato cheio para a proliferação do mosquito. Ele vai encontrar água em abundância, que é a condição que ele precisa para cumprir o seu ciclo de desenvolvimento, passando da fase de larva até se transformar e um mosquito adulto. E o calor, que ainda está presente, acelera esse ciclo”.
Na lista dos municípios infestados
A cidade do extremo Sul de Santa Catarina está na lista das consideradas infestadas e o coordenado do programa de combate à dengue explica os motivos.
“Araranguá foi considerada infestada em 2019 por conta de um grande número de focos que nós encontramos no bairro Mato Alto, dentro de um curto espaço de tempo. Na ocasião foram 40 focos em um período de 40 dias. Para que saiamos dessa condição existem alguns critérios. O principal critério é que essa área não registre mais nenhum foco por pelo menos um ano. Achamos quase impossível, por ser uma região muito urbanizada e com muitas indústrias localizadas lá, que recebem materiais de fora do Estado e que podem também estar trazendo o vetor. Além de ser um território geográfico cortado por uma importante rodovia que é o corredor de escoamento de cargas”.
Principais criadouros do mosquito
Segundo um levantamento da Diretoria de Vigilância Epidemiológica do Estado (DIVE), nesse ano os principais criadouros do mosquito foram: pequenos recipientes móveis, como pratinhos de plantas e baldes (35%), lixo e sucata (29,8%) e os recipientes fixos como calhas e piscinas (17,5%).
Mortes no Estado
Já foram confirmados oito óbitos pela doença:
Brusque, 81 anos, homem, autóctone
Caibi, 72 anos, homem, autóctone
Chapecó, 86 anos, mulher, autóctone
Chapecó, 73 anos, homem, autóctone
Criciúma, 40 anos, homem, importado
Itá, 72 anos, homem, autóctone
Romelândia, 61 anos, homem, autóctone
Xanxerê, 51 anos, homem, autóctone
Sintomas
A transmissão da dengue acontece durante a picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti infectado com vírus. Após a picada, os sintomas podem surgir entre quatro e 10 dias. Normalmente, a primeira manifestação da dengue é a febre alta (39° a 40°C) de início abrupto, que tem duração de dois a sete dias, associada à dor de cabeça, fraqueza, dores no corpo, nas articulações e no fundo dos olhos. Manchas pelo corpo estão presentes em 50% dos casos, podendo atingir face, tronco, braços e pernas. Perda de apetite, náuseas e vômitos também podem estar presentes.
Ao apresentar sinais e sintomas deve-se procurar atendimento médico para evitar o agravamento do quadro.