Dia 14 de janeiro de 2021. A fumacense Nádia Cechinel conta os dias e as horas para tomar a primeira dose da vacina contra o novo coronavírus (Covid-19).
A médica veterinária de 30 anos de idade mora há três anos em Verona, na Itália e é para a próxima quinta-feira, o dia 14 de janeiro, que os profissionais de seu local de trabalho tomarão a vacina. Já a segunda dose será aplicada no início de fevereiro. “É uma sensação de alívio, um sentimento de que tudo isso está chegando ao fim, e ao mesmo tempo me sinto mal por não poder estar garantido que minha família possa ser vacinada também”, fala.
A família de Nádia mora em Morro da Fumaça e enquanto a vacina não chega ao Brasil, fica o temor. “Eu estive no Brasil no fim do ano e foi desesperador, eu sabia que a situação estava ruim, mas quando me deparei com a realidade foi muito pior. Me preocupo muito pelos meus pais e pela minha avó e espero que eles se mantenham saudáveis até que a situação torne a normalidade”, enfatiza.
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Um presente de Natal
A vacinação na Itália foi como um presente de Natal com dois dias de atrasado. A vacinação no país europeu iniciou no dia 27 de dezembro no Hospital Lazzaro Spallanzani, em Roma e já está sendo realizada em todo o país. O governo italiano garantiu mais de 215 milhões de doses do laboratório Pfizer para que todos tenham acesso à primeira e à segunda dose da vacina. A previsão é que até a primavera 80% da população esteja vacinada. “No momento, o primeiro grupo apto à receber a vacina são os operadores sanitários (médicos, enfermeiros, técnicos e profissionais da área da saúde em geral) nos hospitais e casas de repouso para idosos, isto pelo fato de estarem na linha de frente e serem as pessoas com maiores chances de contrair e transmitir a doença, então depois começam com a vacinação ao segundo grupo que serão os idosos e doentes do grupo de risco. Em geral as pessoas estão entusiasmadas, poucos relatam medo ou insegurança”, salienta Nádia.
A fumacense enfatiza que em menos de um ano está previsto o fornecimento de uma vacina totalmente produzida na Itália, sem precisar da Pfizer ou de qualquer outra estrangeira. “Os testes do laboratório ReiThera já estão na última fase e se mostram muito eficazes. É uma grande e ótima notícia”, comemota.
Um país que sofreu com a Covid-19
A Itália é um dos países que foi fortemente impactados pela pandemia. Em março do ano passado, as imagens de caminhões do Exército carregando caixões de vítimas do coronavírus. Depois, na segunda quinzena de outubro, o país precisou enfrentar o pico da segunda onda. Na ocasião, chegaram a ser registrados 40 mil casos em apenas 24 horas. “Na época, o número de internados também foi muito maior, ainda é bastante grande. Onde eu trabalho o hospital está com 123 internados positivos sendo 16 em situação crítica em UTI, as salas operatórias foram novamente fechadas, e esse cenário é generalizado em várias regiões do país. Desde outubro novas medidas de restrições e outro lockdown foi decretado. As pessoas continuam mantendo as medidas de higiene para prevenção, mas se percebe que muitos mudaram o discurso referente à pandemia, conversando com várias pessoas você escuta frequentemente que eles já não possuem mais medo, ou porque já pegaram, ou porque não acreditam na patogenicidade do vírus, e que não se preocupam se forem positivas, o que é lamentável”, relata.
“Não é o fim da pandemia”
Mesmo com a chegada da vacina, Nádia deixa um alerta. “Aqui a sensação não é de fim de pandemia com a chegada da vacina, pelo contrário, todos estão focados no que ainda está ocorrendo, na situação crítica em que estão os hospitais e nas centenas de pessoas que perderam suas vidas, o clima ainda é bastante pesado. Mas acredito que nos próximos meses conseguiremos enxergam a tão sonhada luz no fim do túnel, com a diminuição do número de contágio e de leitos ocupados nos hospitais”, conclui.