João Alberto Silveira Freitas, 40 anos, foi até o supermercado Carrefour fazer compras em Porto Alegre, no fim da tarde desta quinta-feira, 19. E morreu lá, logo após sua esposa, Milena Borges Alves, passar pelo caixa com os mantimentos comprados e pagos.
"Lá pelas seis e meia, ele queria ir no mercado. Fomos fazer as compras e deu essa tragédia toda", contou Milena, em depoimento ao UOL nesta sexta. "Eu comprei alface, beterraba, tomate. Ele queria comer um pudim de pão, comprei leite condensado, ovos e um refri", detalhou. "Fiquei pagando as compras. Ele, sempre muito brincalhão, fez uma brincadeira boba, a segurança se sentiu ofendida e chamou outros seguranças", contou Milena.
"Fui descer a escada rolante, os seguranças passaram por mim correndo e quando cheguei lá embaixo o meu marido estava imobilizado", relatou. "'Milena, me ajuda', foi a última palavra dele. Quando fui ajudar, o segurança me empurrou", destacou a agora viúva. Instantes depois, bastante agredido pelos dois seguranças, João Alberto morreu.
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O caso ganhou grande repercussão nas últimas horas - hoje é Dia da Consciência Negra - e João Alberto, um negro, foi morto surrado no saguão de um supermercado. "Achei muito fortes as cenas, o que fizeram com ele foi um absurdo", contou a esposa. Os dois seguranças que agrediram a vítima estão presos, acusados de homicídio qualificado. Um deles é policial militar no Rio Grande do Sul.
Mourão comenta
O vice-presidente da República, Hamilton Mourão - que estará em Criciúma para uma palestra no próximo dia 25 -, opinou sobre o caso. "É coisa de uma segurança despreparada para a atividade", avaliou. "Pra mim, não existe racismo, é uma coisa que querem importar, isso não existe aqui. Existe desigualdade, isso é uma coisa que existe, temos uma brutal desigualdade, fruto de uma série de problemas. Grande parte de pessoas de nível mais pobre, com menos acessos aos bens e necessidades da sociedade moderna, são gente de cor", comentou Mourão.