Moradores de Criciúma estão reclamando da falta de reciclagem de vidros na cidade. Segundo Airton Dal Magro, que reside no município há mais de 30 anos, nem a cooperativa de reciclagem do município e nem os catadores avulsos estão realizando a coleta do material que, quando descartado na natureza, pode levar mais de 1 milhão de anos para se decompor.
“Já conversei com vários catadores avulsos e nenhum deles pega mais os vidros. No prédio onde moro, nós fazemos essa separação e, um dia, fui levar esses vidros para a própria cooperativa. Eles falaram que não estavam mais vendendo o material, e sim doando para um senhor que passava ali para buscar, porque o vidro não tem um preço definido e não compensa realizar a venda”, destacou Airton.
Dal Magro comenta ainda que qualquer um pode buscar os vidros na própria Associação Criciumense de Catadores (ACRICA), já que a cooperativa não encontram compradores para realizarem a venda.
“Nós recolhemos os vidros, mas estamos doando para um senhor que passa lá na cooperativa para buscar. A gente coleta, separa, faz a triagem e a reciclagem, então pedimos para que esse senhor venha buscar”, comentou uma das associadas da ACRICA, Cristiane, afirmando que não existe mais a venda do vidro reciclado na cidade.
Segundo o presidente da ACRICA, Rogério Barbosa, a reciclagem do vidro só é feita ainda porque chega para a associação e não pode voltar para o aterro. “Garrafas de vidros de bebidas quentes, como vinho, 51 e velho barreiro nós até vendemos para uma empresa de fora, que acaba vindo uma vez por mês para buscar. Os demais nós doamos, já que não há compradores”, afirmou.
A presidente da Fundação do Meio Ambiente de Criciúma (Famcri), Anequésselem Fortunato, afirma que o município ainda realiza a coleta, reciclagem e a venda do vidro, mas destaca que o material possui um valor muito menor do que os demais.“ A questão do vidro é que ele é muito barato para a venda e acaba não gerando lucro. Nós coletamos e a associação vende, mas o valor dele não se compara ao dos demais. Ele custa de R$ 0,03 a R$ 0,04 o quilo, enquanto os outros pode custar de R$ 0,40 até mais de R$ 1”, comentou a presidente.
Anequésselem ressalta que materiais recicláveis podem ser entregues não só aos caminhões de lixo, que atendem a 70% dos bairros de Criciúma, como também na Famcri, na própria ACRICA e em algumas igrejas da cidade. “Está sendo construindo um novo pavilhão atrás da usina de asfalto, e esse poderá abranger melhor a associação de catadores e fazer com que o programa atenda a 100% dos bairros de Criciúma”, concluiu.