Em uma sombra à margem da Barra do Camacho, no limite entre Laguna e Jaguaruna, uma tábua com uma prece escrita à mão reflete o sentimento geral da comunidade: “Não pesquei mais nada, preciso muito pescar. Meu Deus, ajuda-nos a abrir esta barra”. Ciente do anseio histórico dos pescadores, o governador Carlos Moisés esteve no Camacho na manhã desta sexta-feira, 7, para determinar o início do desassoreamento do canal, obra que renovará o estoque de pescados na lagoa e a esperança de pelo menos 1.500 famílias que vivem da atividade pesqueira.
"Hoje a gente inicia a retirada da areia do canal, o desassoreamento, que vai dar vida à lagoa e melhorar as condições para os pescadores. Também vamos fazer o enrocamento, que vai avançar mais mar adentro e também aqui na retroárea, onde há muita areia, garantindo mais estabilidade para todo o trabalho", detalhou o governador. "Costumo dizer que a gente conhece as árvores pelos frutos. Aqui não é preciso dizer mais nada, é só ver as coisas acontecendo", concluiu Carlos Moisés.
De acordo com o governador, um passo seguinte após as obras será permitir a extração de areia do leito da barra para comércio, desde que com todas as licenças ambientais necessárias, de modo a manter o canal sempre desassoreado.
Esperanças renovadas
Antes da chegada do governador a Jaguaruna, na véspera, a draga e o maquinário instalados no leito do canal já eram o centro das atenções, assunto das conversas e alvo de fotos e olhares. "Aqui é como se fosse a maior empresa de Jaguaruna. A barra fechada é como se a empresa estivesse falida. Agora é como se o governador estivesse recuperando essa empresa. Para nós, é um sonho antigo. No passado só se fazia a política da fome, promessas, mas agora está virando realidade", reconheceu o pescador Jaime Mariano Porto, conhecido na localidade como Pitbull.
“O Moisés está fazendo um bom investimento aqui em Jaguaruna e vai conseguir abrir a barra do Camacho”, acredita o pescador Jucélio Procópio Luiz, o Celinho, que também passou muitos anos ouvindo promessas e agora está vendo a realidade se concretizar.
O Governo do Estado destinou mais de R$ 10 milhões para o desassoreamento (dragagem do canal) e o enrocamento (colocação de barreiras de pedra nas margens da barra). A obra permitirá a renovação das águas da lagoa e, consequentemente, a manutenção da atividade pesqueira da região. O desassoreamento do canal também significa boas condições para o plantio do arroz em uma grande área, além de ser uma questão de Defesa Civil, uma vez que o canal serve como meio para escoamento das águas, evitando a ocorrência de enchentes.
“Estamos aguardando há uns 20 ou 25 anos. O pessoal está bem ansioso, na expectativa de voltarem os pescados para a lagoa. Tanto almejamos essa obra, que agora está sendo cumprida pelo Governo do Estado”, avalia o pescador Cristiano Oliveira.