O Rio Mãe Luzia, maior rio que perpassa a região de Criciúma, vem sofrendo com os grandes impactos deixados pelo passado da mineração. Em entrevista nesta semana ao programa Conexão Sul da Rádio Som Maior, o presidente da Fundave (Fundação de Meio Ambiente de Nova Veneza), Juliano Dal Molin, explicou que, apesar de já ter havido um controle ambiental, ainda há uma exploração de carvão nos dias de hoje que afetam diretamente o rio.
“A gente tem uma concepção de que a natureza tende a se recuperar, mas eu acho que uma das ações que nós temos que fazer é trabalhar no não lançamento de poluentes no rio, por que tem muitas áreas que ainda estão em recuperação, áreas que foram mineradas e que ainda estão contribuindo com a água de mina pro Rio Mãe Luzia, e isso vai prejudicar muito na recuperação natural dele”, disse o presidente da fundação.
Para ele, a despoluição do rio é um trabalho a longo prazo e que exige muito trabalho para um dia vê-lo recuperado. “A gente vê que essas áreas ali que estão sendo recuperadas em Siderópolis, elas vêm trazendo um resultado, mas ainda temos muito o que avançar para de fato a gente conseguir uma melhoria”, confessou.
Passado de mineração
O Rio Mãe Luzia já vem com a contribuição de drenagem de água das cidades vizinhas de áreas degradadas no passado. “A gente tem conhecimento que a questão do esgoto doméstico é uma outra problemática, que existem lançamentos ainda que tem que ser fiscalizados, as atividades agrícolas, muitas vezes não bem cuidadas, também são fontes de poluição”.
Segundo o historiador e professor, Carlos Carola, o Rio Mãe Luzia realmente sofreu grandes impactos no passado da mineração. São uma série de fatores que contribuem para o desgaste do local, como o esgoto, descartes industriais e lixo em geral, mas a principal fonte de poluição vem dos antigos depósitos de rejeitos de carvão das companhias carboníferas.
Descaso político e popular
“Os rios são as artérias vitais do planeta”, escreveu Carola em seu livro ‘Era uma vez o Rio Mãe Luzia’. O livro conta que, com a colonização, o rio começou a ser poluído e aos poucos ser morto, o principal motivo foi o rio começar a ser usado como esgoto devido ao crescimento das cidades.
Carola se surpreende com a despreocupação das pessoas em relação a este problema. “A maioria da população e das instituições ainda não tomaram consciência da gravidade e consequências futuras da poluição dos nossos rios. Vivemos de costas para os rios, tratamos os rios como canais de esgoto e lixo”, desabafou o historiador.
“Nunca houve uma recuperação do Rio Mãe Luzia. É possível fazer a recuperação ambiental de todos os nossos rios. Temos conhecimento científico, recursos tecnológicos e financeiros. O que não temos? Consciência ecológica da população em geral e vontade política de nossos prefeitos, governadores e presidentes”.
Ouça a entrevista completa com o presidente da Fundave (Fundação de Meio Ambiente de Nova Veneza), Juliano Dal Molin, no Conexão Sul desta segunda-feira (4):