Os problemas de mobilidade urbana têm sido evidenciados em Criciúma, especialmente, durante dias chuvosos. Nos últimos 16 anos, o número de veículos no município mais do que dobrou. Em 2006, eram 83 mil automóveis e, este ano, são mais de 167 mil, apontam dados da Diretoria de Trânsito e Transportes (DTT).
O professor doutor do curso de Arquitetura e Urbanismo da Unesc, Jorge Luiz Vieira, traz como exemplo o caos registrado no trânsito do município na noite desta segunda-feira (10). "Não podemos considerar Criciúma só como uma cidade, mas associada a Cocal do Sul, Forquilhinha, Siderópolis, Içara e Morro da Fumaça. Porque nós temos atividades industriais e prestação de serviço que gera um deslocamento de longa distância. Por isso, nos horários de pico, sobrecarrega o sistema viário, como aconteceu ontem", comenta.
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Para o especialista, o problema tende a piorar em períodos de chuva e, principalmente, quando ocorrem inundações na área central. "A cidade, à medida em que vai crescendo, se continuar neste modelo voltado para o uso de automóvel individual, não há dúvidas de que vai necessitar de investimentos de grande porte no futuro", afirma.
Segundo o diretor da DTT de Criciúma, Gustavo Medeiros, a circulação aumentou, mas pouco mudou em relação à estrutura. "Em dias de chuva, as pessoas podem utilizar a carona solidária. Imagina se cada um dos 167 mil sair com o seu carro em um dia de chuva, vai acontecer o que ocorreu ontem: a cidade vai virar um caos. Porque ela não foi programada, lá atrás, para suprir a necessidade que temos hoje", ressalta.
As soluções para o problema
Há diversas ações de curto, médio e longo prazo, que podem ser feitas para superar os desafios da mobilidade urbana, de acordo com o professor. Uma solução em um tempo menor, sugere Vieira, seria fazer uma pesquisa de origem e destino para entender como o trânsito fica sobrecarregado, em especial, na Avenida Centenário. E, dessa forma, buscar alternativas e utilizar melhor o sistema de transporte público, minimizando o uso de carros locais.
"Criciúma tem uma fotografia bastante peculiar que dificulta a integração do sistema viário, com custo altíssimo para fazer. O ideal, para uma cidade que tem todo o sistema convergente para a Avenida Centenário, é justamente trabalhar com anéis", avalia Vieira.
Para exemplificar, o professor cita o Anel de Contorno Viário do bairro São Simão. "Foi pensado nos anos 80. Quarenta anos depois, o anel ainda não se completou. Tem obras e projetos que são de longo prazo em função dos grandes investimentos que precisam ser feitos", comenta.
Plano de Mobilidade Urbana
Já está em desenvolvimento na Secretaria de Obras, um Plano de Mobilidade Urbana que tem como objetivo um estudo completo de todos os modais da cidade. O projeto também terá ênfase em ciclovia e escoamento de cargas, além da melhoria da circulação dos moradores na cidade.
Conforme Medeiros, o plano contempla a realização de pesquisas, levantamento e análise de dados, planos e ações que devem abranger curto, médio e longo prazo.
"Com a assinatura do Fonplata II, vamos licitar o projeto da Central Semafórica, um estudo completo que a cidade merece. A central tende a fazer a reprogramação de todos os semáforos da cidade, montagem de plano de trabalho 24 horas por dia, a modernização de todo o parque semafórico e simulações de onde precisam intervenções dentro de Criciúma", explica.