Localizado em Capivari de Baixo, o Complexo Termelétrico Jorge Lacerda está sob ameaça de encerrar as suas atividades, o que causaria inúmeros prejuízos econômicos e sociais para o sul de Santa Catarina. A Engie, empresa internacional responsável pela usina, pretende desativar a unidade em 2025, caso não consiga vendê-la. Ao que tudo indica, a salvação da Jorge Lacerda depende da sensibilização e atuação do Governo Federal.
Empresários do segmento, deputados estaduais e federais, prefeitos do sul catarinense e outras autoridades políticas estão unidos em busca de soluções técnicas que possam salvar a atividade carbonífera no estado.
“Criamos esse grupo de trabalho para demonstrar ao Governo Federal que o carvão não gera somente emprego e renda para o sul, mas que o carvão energético, produzido a partir de sua queima, é estratégico em termos de segurança. Você pode até armazenar água por um bom tempo, mas em longos períodos de estiagem, quando falta água, como você gera energia? O carvão está estocado e é necessário para garantir o fornecimento de energia”, pontuou o prefeito de Criciúma, Clésio Salvaro.
A estimativa é de que a desativação do complexo resultaria no fechamento de mais de 20 mil postos de trabalho na região, assim como uma perda de R$ 6 bilhões por ano para a economia do Estado. Além disso, outras empresas importantes do segmento estariam sob ameaça de fechamento com a desativação da Jorge Lacerda, como a própria Ferrovia Tereza Cristina (FTC).
De acordo com o ex-deputado federal e atual conselheiro do Sindicato da Indústria de Extração do Carvão do Estado de Santa Catarina (Siecesc), Ronaldo Benedet, a possível desativação do complexo praticamente encerra a atividade carbonífera no estado.
“Se a carta da Engie se concretizar, a atividade do carvão se encerra em 2025 porque mais de 97% a 99% da atividade do carvão no nosso estado vive em função do Complexo Termelétrico Jorge Lacerda. Se você fechar, não haverá mais recursos para fazer a recuperação ambiental, o que já está sendo feito”, afirmou.
Possíveis soluções
Segundo Salvaro, ainda não há uma solução pronta para a salvação da indústria carbonífera no sul catarinense. Para isso estão mobilizados os deputados, prefeitos, empresários e especialistas do segmento, em busca de articulações também com o próprio Governo Federal.
“A solução vai sair dos estudos que o grupo de trabalho vai pontuar, qual o melhor caminho a ser seguido. O que não pode haver é a desativação do complexo, isso não pode. A partir daí, várias alternativas estão sendo criadas e esse grupo de trabalho conta com pessoas comprometidas com isso”, disse o prefeito.
Já Ronaldo Benedet destaca que uma solução a curto prazo seria a prorrogação da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), com o intermédio do Estado para que um grupo de mineradores ou empresas catarinenses fosse capaz de assumir a usina. “É uma construção de trabalho para sensibilizar o governo e negociar com a Engie. Acho que o complexo não pode mais ficar nas mãos de estrangeiros”, disse.
Ainda nesta semana, as autoridades regionais e estaduais deverão se reunir juntamente com o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, para discussão de possíveis atuações conjuntas para a salvação da Jorge Lacerda.