Os servidores públicos concursados de Criciúma não descartam entrar em greve. A diretoria do sindicato que representa a classe em toda região apresentou dados à Câmara de Vereadores que comprovam a discrepância dos salários em comparação com os profissionais comissionados. Além disso, os representantes acusam a falta de repasse da inflação aos trabalhadores.
Para se ter ideia, conforme apurado pelo sindicato, o salário mais baixo dos comissionados é 1.880,07, enquanto os profissionais concursados, como serventes e trabalhadores da infraestrutura, recebem R$ 1.132,00. De acordo com a presidente do Siserp, Jucélia Vargas, agora é o momento de negociar, porém, os servidores foram pegos de surpresa.
"É algo rotineiro negociar no município, já que as categorias têm a data-base para negociação. Pedimos uma reunião e fomos surpreendidos com o Projeto de Lei já na Câmara, totalmente aquém do que está na pauta. Estamos há três anos sem repasse da inflação, pelo contrário, os servidores tiveram perdas. O menor piso da prefeitura teve uma redução de R$ 128 de 2019 para cá”, afirma a sindicalista.
De acordo com a presidente, o projeto quer conceder a inflação apenas de 2021. “Ou seja, dos outros dois anos não vai ter. Isso causa indignação, porque no mês de dezembro o prefeito aumentou o salário dos comissionados e criou mais cargos”, lamenta. “Isso é inadmissível. A prefeitura vai valorizar os comissionados, cargos políticos e eleitorais, não os professores, os trabalhadores das obras e os enfermeiros”, acrescenta Jucélia.
Por isso, os líderes do sindicato pedem para que o projeto seja retirado da pauta na Casa Legislativa, até que o reajuste final seja negociado. “Não foram só os servidores de Criciúma, o movimento sindical da região se sentiu ofendido”, comenta a presidente do Siserp. “Vamos, com certeza, nos colocar à disposição para negociar. Em paralelo a isso, construir uma série de ações”, completa.
Outra reclamação é referente ao cupom alimentação pago aos servidores. “Hoje, todos que trabalham 30 e 40 horas recebem R$ 175 e metade do valor aqueles que atuam entre 10 e 20 horas”, explica Jucélia. A nova proposta irá conceder o benefício conforme a escolaridade de cada profissional. “É a coisa mais ridícula que existe. Não se pode criar isso. A gente espera que o governo tenha sensibilidade”, enfatiza.
Chance de greve
A presidente do sindicato afirma: há chance de greve. “Com certeza tem. Não já, porque temos a nossa data-base no mês de abril. Mas, podemos paralisar a partir do momento que recebermos o salário sem o reajuste. Até lá, é um processo de manifestação, diálogo e visitas. Mas, não está descartado”, comenta Jucélia. “Por isso, pedimos que a população não deixe para falar do servidor quando as atividades forem interrompidas, mas que compreendam que os profissionais precisam ser valorizados e não terem os salários reduzidos a cada ano”, conclui.
Projeto está na Câmara
Segundo o líder do Governo na Câmara, Nícola Martins, existem quatro pautas relacionadas ao assunto tramitando na Casa Legislativa. "Todos os vereadores foram convidados pelo prefeito a conhecerem o projeto antes dele ser protocolado. Cabe a eles tomar uma decisão, talvez, na próxima semana", comenta. "Existe, legalmente, no regimento interno, a possibilidade de retirar o projeto, mas o governo não tem essa intenção", completa.