A Câmara de Vereadores de Criciúma realizou nessa quarta-feira (22) a 1ª reunião da Comissão Temporária da Casan, com representantes da concessionária e da agência reguladora da Cisam-Sul. O objetivo da comissão é analisar o contrato com a prefeitura, cumprimento de metas e os motivos que fizeram a cidade ter problemas de falta de água recorrente.
O vereador Nícola Martins é o presidente da Comissão e o que ele mais sentiu nessa primeira reunião foi a falta de comunicação. “Teve momentos em que fiquei com a impressão que os representantes da Casan não conhecem os da agência reguladora, vou perguntar para eles quantas reuniões tiveram porque existe uma falta de comunicação entre todos eles”, explica.
Segundo Nicola, a Casan disse que quando é realizada uma obra a empreiteira tem receio de atingir a rede da Companhia de Gás de Santa Catarina mas não tem de atingir a da concessionária. “Por que a Casan repara e não cobra da empresa, isso vai para o custo operacional e afeta a tarifa, a população paga uma besteira que a empreiteira realizou”, diz o vereador.
A Casan explicou que apesar do sistema ser antigo tem uma troca periódica a partir de cada situação, e que em relação aos ramais apenas na quinta vez que acontece o vazamento é realizada a troca.
O último contrato da Casan é de 2012 e a Comissão quer saber o que foi feito nesses últimos anos, mas sem politizar o assunto. “Estamos pedindo relatórios e a agência reguladora tem que cumprir o seu papel e ela não está cumprindo. Fiquei com a impressão que não tem essa reunião com a agência reguladora, eles não cobram e isso fica claro no plano de emergência e contingência”, destaca Martins.
O vereador Julio Kaminski, relator da comissão, mostrou durante a reunião que existe o plano de segurança da água desde 1998. “A agência reguladora diz que não tinha o plano, a Casan mostrou isso ao Ministério Público mas quem não informou isso? Onde está a prefeitura? Notificaram a Casan de algo que já existia, tem muita informação”, complementa Nicola.
Vazamentos
A Casan durante reunião da comissão explicou que durante o mês de janeiro também teve um problema com a empresa Itajuí que é a responsável por construir a nova linha da barragem do Rio São Bento mas isso deixou uma dúvida no parlamentar.
“Ela vai ser ao lado da que existe, e falaram que quando rompe a pressão é tão grande que movimento o solo então porque não fizeram em outro lugar?”, questiona Martins.
De acordo com Nicola, a agência reguladora falou que ainda está vendo a possibilidade de multar a concessionária sobre os vazamentos. “A própria Casan diz que a Câmara foi a única que questionou sobre descontos em fatura, ou seja, a agência reguladora e a prefeitura não tinham questionado sobre os descontos em fatura”.
Ar no cano
Ainda na reunião da comissão, a questão do ar nos canos, segundo o vereador, os representantes da Casan concordaram que isso existe e que em alguns casos pode até fazer o relógio voltar.
“Se tem que fazer um movimento municipal de troca de relógio que a Casan ajuste e faça isso”, explica o vereador.
Um dos percentuais apresentados durante a reunião foi que entre pegar a água na barragem e distribuir os criciumenses tem 32% de perda. “Nos últimos 10 anos eles disseram que diminuiu 13% mas um terço de perda ainda é alto”, comenta Martins
O que a Câmara vai fazer?
Tendo 180 dias para trabalhar, a Câmara Municipal solicitou contratos e também cópias de relatórios que a agência reguladora fez, além disso, estão contratando uma assessoria de engenheiros civis e sanitaristas para auxiliar na análise de relatórios.
Ainda, o presidente da comissão vai visitar outros municípios. “Vou a Joinville ver como eles municipalizaram, vou em Florianópolis ver como estão lidando com essa situação”, finaliza Nicola.
Posicionamento da Casan
Segundo Matheus Pacheco, superintendente da Casan Serra/Sul, o que foi apresentado durante a união foram todos os investimentos executados dos últimos anos da Casan. "Foi boa a sessão porque a gente conseguiu apresentar o que realmente está ocorrendo, para não ficar em ‘disse, não disse’. A Casan está investindo bastante no município", disse Pacheco. "A gente está aumentando reservatório, ampliando redes de abastecimento e de coleta de esgoto, a licitação da nova ETA [Estação de Tratamento de Água] está para ser lançada em breve. Vamos ter uma boa segurança hídrica aqui no município", complementa.