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“Tenho a consciência que não foi o meu ato que tirou a vida desses jovens”, diz réu do caso Boate Kiss

Interrogado de hoje é da banda Gurizada Fandangueira

Por Redação Porto Alegre, RS, 09/12/2021 - 11:17
Foto: Divulgação
Foto: Divulgação

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Segue o interrogatório dos réus no plenário do júri do caso Kiss nesta quinta-feira (9/12). Luciano Bonilha Leão, o roadie da banda Gurizada Fandangueira, foi o primeiro interrogado. O réu, que chorou em vários momentos da sua fala, confirmou que fazia a compra dos artefatos pirotécnicos para serem usados pelo grupo musical em suas apresentações. E que foi ele quem acionou o artifício que, em contato com a espuma aplicada no teto da boate, provocou o incêndio na Kiss, em 27/01/13. Naquela noite, 242 morreram e outras 636 ficaram feridas.

Segundo Bonilha, o pedido partiu de Danilo, o líder da banda (falecido no incêndio). A compra era efetuada na loja Kaboom, por unidade. “Nunca tive essa informação (se poderia ser usado indoor)”, afirmou.

O réu explicou como foram montados os efeitos especiais para o show na Boate Kiss na noite do incêndio. “Foram colocados dois (fogos de artifício), um em cada ponta do palco, e um terceiro era dado para o vocalista Marcelo de Jesus dos Santos”. Foi Luciano quem colocou a luva na mão do vocalista e colocou o artefato na mão dele. “Fui eu que acionei”.

Alguém avisou Luciano que estava pegando fogo. “Era bem azul”. Luciano tentou apagar o foco com água, foi quando se propagou. Uma pessoa pegou um extintor de incêndio debaixo do palco, tentou usar, mas não funcionou. Marcelo fez o mesmo, mas sem sucesso. Luciano disse que o extintor “não tinha lacre e parecia vazio”.

Não ouviu ninguém da banda anunciar fogo. “Eram 26 microfones no palco. Se os microfones estivessem abertos, lá do fundo teriam percebido o desespero”. Quando o tumulto já tinha se generalizado, Luciano disse que Danilo queria proteger a gaita. Mas Luciano aconselhou que seguissem em fuga.

Disse que as pessoas gritavam: 'Abre a porta que tá pegando fogo'. Não sabe dizer o porquê estava fechada. Quando a porta se abriu veio uma força de vento e a fumaça baixou. “Daí, eu fui indo e me prendi num ferro no chão, rente ao bar. Pensei que seria esmagado”. Luciano disse que não conseguia mais enxergar, nem respirar. Usou a camiseta para proteger o nariz. “Pedi a Deus, que me tirasse dali”. O roadie foi arrastado para fora da boate. Luciano disse que os bombeiros já estavam chegando. “Todo mundo se ajudando. Se não fosse isso, a tragédia seria muito maior”.

O roadie também relatou que a boate estava cheia naquela noite. “Era muito apertado mesmo”.

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