"O Brasil registrou pouco mais de 7% de aumento de mortes violentas em 2020, um comparativo com o mesmo período de 2019 de acordo com o Fórum Nacional de Segurança Pública", contou o coronel Márcio Cabral em seu comentário desta terça-feira, 3, na Rádio Som Maior. "Esse aumento não é algo de explicação simples", garantiu.
Em seguida, o coronel elencou essas razões. "A falta de habilidade de alguns governadores em lidar com suas polícias locais, demonstrando por exemplo no início do ano, no Ceará, falta de habilidade do governo que levou as polícias locais a uma greve sem precedentes. Levou ao recrudescimento do crime naquele estado, com aumento de quase 40% nas taxas de homicídios somente em fevereiro e março", comentou, citando a primeira razão.
"A interferência do STF que criou exigências burocráticas e restrições às operações policiais nas áreas de fortes evidências da predominância do crime organizado, restringindo as ações das polícias nos universos locais, em especial no Rio de Janeiro, em São Paulo, Minas Gerais e Bahia, tirando toda a garantia política e jurídica das polícias", afirmou, citando o segundo motivo. "A soltura em massa de criminosos em razão da pandemia, que não observamos em larga escala por aqui, mas que pelo Brasil foi uma festa de libertação que catalisou alguns conflitos armados entre facções criminosas pelo território nacional afora", reforçou, pautando a terceira causa.
A partir daí, Cabral analisou a postura da grande mídia perante a essas reflexões e dados. "Mas tudo isso foi passando ao largo dos olhos direcionados da grande mídia, pois a única notícia sobre este assunto de crimes violentos que observei foi uma análise ingênua, incorreta ou então de má fé sobre o assunto: "assassinatos voltam a crescer no Brasil depois de dois anos de queda", esta foi a manchete do maior jornal de circulação de nosso país. A notícia, no seu interior, veio acompanhada de alguns gráficos, a maioria com dados consolidados de 2019, dizia que as polícias foram responsáveis por mais de 13% dos assassinatos do país", observou. "Parece muito forte querer imputar às polícias as mortes praticadas, na sua esmagadora maioria, como assassinatos", emendou.
O comentarista tratou de definir assassinato, para então enquadrar o papel da mídia. "O dicionário trata como assassinato a morte de alguém sem qualquer oportunidade de defesa e feita de forma premeditada. A esmagadora maioria das mortes acontecidas no universo policial foram em áreas de grande conflito armado, no mais absoluto universo da legítima defesa, que a grande mídia tenta distorcer tonificando a opinião pública contra a conduta policial, que tem que entrar nestas áreas de risco com inferioridade numérica, geralmente desprovida de igual capacidade de equipamento de combate, atuando sempre em ambiente hostil à sua presença", observou.
Por fim, Cabral fez um elogio à atuação dos policiais do Brasil. "Às vezes, isto me parece uma grande loucura, mas ainda bem que existem esses loucos a transitar por esta corda bamba com uma mera sombrinha a se proteger. Esses são os meus herois, mas eles também morrem, mas esses meus herois não morrem de overdose, esses herois talvez pudessem ter dado ao Cazuza a ideologia que ele dizia tanto precisar para viver. A ideologia que esses meus herois encontraram foi nas palavras do escritor português Eça de Queiroz, esses meus herois da vida de verdade tem sua overdose centrada na coragem e sua ideologia embarcada na adoração pelo bem e no amor pelo trabalho", salientou. "Esses meus herois merecem mais respeito, dona grande mídia", finalizou.
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