Propriedades de Urussanga e Pedras Grandes, no Sul catarinense, integram o calendário de fiscalização contra a praga Cancro Bacteriano da Videira, realizado pela Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc). Esta doença nas parreiras foi identificada pela primeira vez no Brasil em 1998 e está em quatro estados: Pernambuco, Bahia, Ceará e Roraima. Santa Catarina permanece livre da praga.
Ao todo, serão 105 propriedades visitadas pelas equipes de fiscalização da Cidasc em Santa Catarina, iniciadas em 14 de dezembro de 2020 e estendidas até 26 de fevereiro deste ano. Por ter destaque na produção vinícola, especialmente com a uva goethe em Urussanga, o Sul catarinense integra o calendário, com três propriedades no município e outras quatro em Pedras Grandes a serem fiscalizadas.
A equipe da Cidasc faz uma análise visual minuciosa das folhas, ramos e fruto e, em caso de suspeita de contaminação, faz a coleta e encaminha para análise laboratorial. O levantamento é feito anualmente, seguindo instrução normativa de 2014 do Ministério da Agricultura.
De acordo com o gestor do Departamento Estadual de Defesa Sanitária Vegetal da Cidasc, Alexandre Mees, a contanimação das videiras pela Cancro Bacteriano traria prejuízos para o volume produtivo no Estado. "As ações de defesa sanitária vegetal não visam a proteção individual, mas coletiva da cadeia produtiva. É importante o engajamento em defesa da sua produção", alertou o gestor em entrevista ao Programa Agora, da Rádio Som Maior.
"Nas nervuras da planta podem aparecer as manchas e isso pode evoluir a ponto de estrangular aquele ramo e não levar a seiva para o cacho, aí não completa o ciclo da produção", detalha Mees sobre os efeitos que a bacteria pode trazer aos frutos. "Se for fruto de mesa, não vai ser atrativo. Para uso industrial não seria um problema diretamente, o prejuízo acontece porque a produção vai ser drasticamente derrubada", completa.
O produtor pode fazer periodicamente a análise das plantações. De acordo com Mees, são sintomas comuns da praga o aparecimento de pequenos pontos escurecidos na folha, possivelmente com uma borda amarela. Quando há grande número desses pontos representa perda de folha e produção.
Fiscalização é feita anualmente pela Cidasc
Para manter a praga longe do Estado, a Cidasc, além da fiscalização, alerta para os cuidados que os produtores - e a população em geral - devem ter com as plantas importadas de outros estados ou países.
"O produtor que queira ampliar a produção, que procure adquirir mudas de videiras registradas no Ministério da Agricultura, regularmente, com certificado fitossanitário e termo de conformidade. É para garantir, além da qualidade genética, um material sadio", aponta Mees.
O gestor citou o exemplo do Chile, país exportador, no cuidado com o ingresso de plantas de outros países. "Lá eles fazem revista completa de toda a bagagem de quem chega, para não entrar com nada vegetal, por exemplo. A produção deles é de exportação e um dos diferenciais deles é ter poucas pragas", afirma.
A Cancro Bacteriano surgiu no Brasil em 1998, na divisa entre Bahia e Permanbuco. "Provavelmente houve introdução irregular de mudas, é comum as pessoas não resistirem e trazer uma muda quando viajam para buscar novas tecnologias. Ou até contaminação das próprias roupas, equipamentos ou ferramentas, qualquer coisa pode ser um vetor de pragas", alertou.
Em caso de detecção no Estado, a Cidasc inicia as medidas para erradicação, a exemplo do trabalho realizado em São Paulo, que teve a praga, mas conseguiu bani-la.
"Caso se detecte aqui no Estado, são iniciadas medidas de contenção, o levantamento passa a ser mais detalhado para delimitar as regiões e as medidas de erradicação serem tomadas", finaliza Mees.