Como bom gaúcho, Walter Dieter era craque no churrasco.
E gostava!
Por ele, era “carne no fogo” todos os dias.
Mas não apenas pela “refeição”.
Para Walter, o churrasco cumpria o papel de juntar pessoas.
Seja para comemorar metas batidas, ou encaminhar negócios.
E lá estava ele, no meio da roda, contando causos, disparando piadas novas e soltando aquelas gargalhadas envolventes.
Sozinho, Walter animava qualquer ambiente.
Por suas “convicções" em relação ao churrasco, Walter convenceu Dilor Freitas a fazer um salão de festas na TV Eldorado, que “batizou" de galpão.
Dilor, dono da TV Eldorado e da RCE.
No galpão teve festa da “firma”, encontro com agências e clientes, eventos políticos.
Era a churrasqueira mais usada da cidade.
Mas isso era o “extra campo”.
Na ativa, como chefe do comercial, Walter era (de novo) craque.
Não teve ninguém no seu patamar.
Tinha uma capacidade de convencimento que era de impressionar.
Criativo, animado, ousado, otimista sempre.
Nos conhecíamos desde quando veio do Rio Grande, início da década de 80.
E não lembro de vê-lo de mal humor ou baixo astral.
Era respeitoso. Mesmo quando tinha que “chamar a atenção” ou dar uma “luz alta”.
Nunca vi ele desancar alguém.
Com o seu jeito de fazer, e os métodos novos que implantou, promoveu uma verdadeira revolução na mídia da cidade.
As agências de propaganda nasceram a partir da sua chegada.
Conhecia tudo de televisão.
Mas também se fez competente no rádio e no jornal impresso.
Porque “pegava" rápido.
Afinal, como ele dizia, quem vende televisão também vende rádio, jornal, cerâmica, carne, cimento, etc e tal.
Venda é venda.
Walter fez grandes eventos, desenvolveu belos projetos para rádio e televisão.
Era homem de tirar “coelho da cartola”.
Quando parecia não ter saída, ele buscava uma novidade.
Na sua primeira agência de publicidade, um dos primeiros clientes (e o maior que a agência teve) foi uma empresa do ramo imobiliário que resolveu fazer condomínios fechados.
Era algo novo na cidade.
Para pegar, tinha que vencer tabus, mudar conceitos.
Campanha feita, muito bem desenvolvida, com bom argumento de venda.
Mas faltava a “cereja do bolo”.
Algo além de apenas uma campanha de mídia de empreendimento.
Deu-se uma meia dúzia de “torós de idéias”. E nada.
Até que o Walter apresentou na reunião:
Vamos dar um terreno para o Realdo Guglielmi!
Realdo era o grande empresário “da moda”.
Dono de um jatinho que ficava mais no ar do que na terra.
Para ele estar trabalhando às 3 da tarde e decidir jantar no Rio ou em São Paulo, e voltar na mesma noite para trabalhar na manhã seguinte, era só dar vontade ou ter um “fato motivador”.
Quando teve a Copa do Mundo na Argentina, Realdo lotava seu jatinho para assistir todos os jogos do Brasil. E voltar em seguida.
Se Realdo tivesse um terreno naquele condomínio seria a melhor “mídia".
Mas, faltava convencer Realdo.
Walter e eu fomos “escalados" para a missão.
Ele só pediu para escolher o local.
E deu certo, as vendas explodiram.
Walter Nicolau Dieter teve duas agências de publicidade, foi sócio do Jornal da Manhã, diretor do Criciúma Esporte Clube e trabalhou em várias empresas de comunicação.
Nasceu no Rio Grande, mas escolheu Criciúma para se estabelecer, viver com a família, acompanhar o crescimento e sucesso dos filhos, receber os netos.
Ele inseriu seu nome na historia da mídia de Criciúma e região.
Homem sério, trabalhador, gente boa, leal sempre.
Morreu na segunda-feira, aos 71 anos. Foi cedo demais. Tinha muito ainda a dar.