A Eliane não inaugurou apenas mais uma fábrica. Foi uma das mais modernas da América Latina, que recebeu investimento (caixa próprio) de R$ 130 milhões.
Só para se ter uma idéia da dimensão: está sendo concluído um túnel, que vai passar por baixo da rodovia, para ligar com a outra fábrica.
Não teve ali nenhum incentivo econômico ou fiscal do governo. Nada de enquadramento em programas do tipo Pró-emprego. A fabrica poderia ter sido implantada no centro do país, mas ficou em Cocal do Sul, onde está sua matriz, e onde vai criar empregos e fazer receita para a cidade e para o governo do estado (via ICMS).
Mas, o governo do estado não fez a sua parte. Não concluiu a pavimentação da rodovia que passa na frente da fabrica (menos de 1 quilômetro). Era para ser feito no último semestre do governo passado, ficou para o primeiro semestre do ano passado, já no atual governo, e nada foi feito até agora. Em qualquer lugar do país, o governo do estado faria pavimentação em pista dupla, duas vezes se fosse necessário.
Além disso, na inauguração de ontem, não vieram governador, vice, secretário da fazenda ou do desenvolvimento econômico do estado. Para representar o governo do estado veio o jornalista Ricardo Dias, diretor de comunicação da secretaria da Casa Civil.
Nenhum demérito à Ricardo, que merece todo o respeito, é um profissional reconhecido, cidadão de bem, e sempre muito respeitoso. Mas, é um técnico, em cargo de segundo escalão.
O governo do estado dá a entender que não tem a dimensão de um investimento tão importante da iniciativa privada.
The best
A Eliane é uma das mais tradicionais empresas de revestimentos cerâmicos do mundo, e a inauguração da fábrica, ontem, marcou a comemoração dos 60 anos de atividades.
Edson Gaidzinski Junior é neto do fundador, Maximiliano, e filho do segundo presidente, Edson.
Ele morou mais de duas décadas nos Estados Unidos, enfrentou chão de fábrica, se qualificou profissional e tecnicamente, e voltou para comandar a empresa no seu pior momento. Deu a volta por cima, com uma gestão ousada, moderna, e depois fez a venda para o grupo americano Mohawk.
Mas, por competência reconhecida, continua na presidência. Ele é um craque.
Na veia
É praticamente consenso que o crescimento da economia precisa de novas empresas, que venham a agregar receitas novas. A fabrica nova da Eliane se enquadra perfeitamente neste perfil. Com um adicional - consolida o processo de recuperação do setor cerâmico do sul catarinense, que já foi o mais importante do país, e, com os aportes feitos por grupos de fora, está recuperando o espaço.
As empresas eram superavitárias na operação, mas arrastavam um passivo impagável, que inviabiliza investimentos. Por isso, o parque fabril estava vencido, ultrapassado. O que comprometia o setor.