Thiago Ávila *
Se montássemos um grid com as dez melhores equipes da década, cada um com seu melhor carro, seus melhores pilotos e engenheiros, como seria? Primeiramente é válido lembrar que a década de 10 só acaba no final deste ano, mas como se popularizou que a década terminou em 2019 e 2020 é um ano perdido, nos rendemos ao senso comum. Hoje começamos com os cinco primeiros, durante a semana fechamos o grid.
MERCEDES
Os alemães sem sombra de dúvidas foram os melhores destes últimos dez anos. Foram seis títulos consecutivos, com 93 vitórias e um domínio absurdo na era híbrida.
- Carro: W07 (2016). Foi o ano de maior domínio dos flechas prateadas, com 19 vitórias em 21 corridas. Sendo que essas duas restantes foram perdidas na Espanha - quando Hamilton e Rosberg se bateram na primeira curva - e na Malásia – quando o motor de Lewis estourou nas voltas finais.
- Chefe e Engenheiro: Toto Wolff e James Alisson. O austríaco moldou a equipe hexacampeão mundial, trazendo Hamilton e montando uma das equipes de engenheiros e estrategistas mais competentes da história. Já o britânico foi, na minha opinião, o melhor projetista da década. Além de montar os competitivos carros da Renault e Lotus no início desse período e ter um papel importante na evolução da Ferrari na nova era, foi fundamental nos últimos três títulos da Mercedes. No mais recente, inclusive, conseguiu uma retomada gigantesca depois de maus resultados na pré-temporada e levou os alemães para uma de suas temporadas mais avassaladoras.
- Pilotos: Lewis Hamilton e Nico Rosberg. Não tem muito o que falar, foram os dois campeões pela equipe. O melhor da década e um de seus maiores rivais. Nico ainda supera os outros pois foi o único que correu de igual para igual com Lewis por quatro anos e ainda levou uma delas.
RED BULL
Tirando a Mercedes, a marca de energéticos completa os outros quatro títulos da década. Com 58 vitórias e um domínio na primeira metade, é a segunda melhor equipe dos últimos dez anos.
- Carro: RB9 (2013). O RB9 foi o carro quase perfeito dos austríacos. Foram 13 vitórias em 19 corridas, uma das obras primas de Adrian Newey. E justamente na melhor fase de Sebastian Vettel, que conquistou um recorde de nove vitórias consecutivas.
- Chefe e Engenheiro: Christian Horner e Adrian Newey. A dupla dos sonhos de qualquer equipe. Horner chegou jovem, mas arrumou a casa deixada pela Jaguar em 2005. Em cinco anos o britânico fez a equipe levar o primeiro caneco, e até hoje segue sendo um dos chefes mais desejados da F1. Newey é um gênio, não tem discussão. Já tinha feito diversas máquinas campeãs nos anos 90 e foi o cara que projetou os quatro RBs vencedores.
- Pilotos: Sebastian Vettel e Max Verstappen. Um é tetracampeão, o outro é um talento enorme. O que pesa ainda a favor do holandês em relação a outros candidatos é a temporada de 2019, na qual foi uma pedra no sapato de Hamilton, mesmo com um carro visivelmente inferior.
FERRARI
Os tifosi não poderiam ficar de fora do top-3. Com 28 vitórias, a única temporada fraca nesse período foi em 2014.
- Carro: SF71H (2018). Foi o único carro que se bateu de frente com a Mercedes. Na primeira metade, foram dominantes, mas na volta das férias tiveram uma queda, mesmo que ainda se mantiveram no topo com boas chances de quebrar a hegemonia dos alemães.
- Chefe e Engenheiro: Maurizio Arrivabene e Mattia Binotto. Nenhum dos dois foram lá excelentes chefes. Binotto é um excelente engenheiro, ele foi o ‘cabeça’ dos carros de 2017 e 2018. E Maurizio, apesar de errar demais nas estratégias, tinha um forte espírito de liderança e a dupla com Mattia quase parou a Mercedes.
- Pilotos: Fernando Alonso e Charles Leclerc. O espanhol levou a equipe nas costas entre 2010 e 2014, quando o carro não era lá essas coisas. Foram três vice-campeonatos, sendo dois perdidos na última corrida. Já o monegasco em apenas um ano já conquistou o coração do torcedor ferrarista. Duas vitórias e sete poles, além de bater o experiente Vettel, cavam seu lugar no time dos melhores da Ferrari na década.
MCLAREN
A década da equipe 12 vezes campeã mundial é divida em duas partes: a era Hamilton e a pós-Hamilton. Com 18 vitórias, os britânicos se encontram na quarta posição da nossa lista.
- Carro: MP4-26 (2011). O desempenho do MP4-26 foi um dos mais impressionantes da era pré-híbrida, caindo curiosamente no pior ano da carreira de Hamilton (a sorte do britânico foi ele ter ido para a Mercedes nos anos seguintes). Foram seis vitórias e apenas três corridas fora do pódio. Ao contrário de Lewis, foi um excelente ano para Button, que foi vice-campeão.
- Chefe e Engenheiro: Ron Dennis e Paddy Lowe. Depois da saída de Dennis foi só ladeira abaixo na McLaren, apesar de Ron já dar sinais de ‘passar da validade’ com as intrigas com Alonso em 2007, a perda de desempenho em 2012 e a contratação de Magnussen em 2014. Já Paddy foi o responsável pelos três carros da era Hamilton, os únicos que botaram a McLaren brigar por vitórias.
- Pilotos: Jenson Button e Carlos Sainz. Rodízio de pilotos na McLaren foi o que não faltou. Foram oito em dez anos. Muita gente fraca (Magnussen, Pérez, Vandoorne...), outros excelentes (Hamilton e Alonso), mas dois escolhidos. Button levou o time nas costas após a saída de Hamilton e aguentou o tranco quando inventaram de fazer parceria com a Honda. Já Sainz, em apenas um ano na equipe, foi um dos principais responsáveis por recolocar a McLaren ao patamar de equipe competitiva, inclusive alcançando um pódio inédito desde 2014.
LOTUS GP
É impressionante em pleno século XXI termos o nome Lotus vinculado em um dos principais times do século. Durou apenas quatro anos, mas já serviu para se colocar como a quinta melhor equipe da década.
- Carro: E20 (2012). A temporada de estreia da equipe já foi brilhante. James Alisson montou um carro que levou o time a uma vitória, dez pódios e o retorno sensacional de Raikkonen, que terminou a temporada em terceiro. O carro também tinha um dispositivo polêmico mas legal, o chamado duplo DRS, que dava mais velocidade de reta quando se abria a asa traseira. No período antes das férias, a equipe fez oito pódios, na volta os outros times já haviam passado por cima.
- Chefe e Engenheiro: Éric Boulier e Nick Chester. O chefe comandou a Lotus nos dois primeiros anos da equipe, no auge da parceria com James Alisson. Éric foi demitido após Alisson ir para a Ferrari e a equipe perdeu seu rendimento. Nick Chester esteve no projeto dos quatro carros e assumiu o posto de diretor de engenharia após a saída de Alisson.
- Pilotos: Kimi Raikkonen e Romain Grosjean. Não foi tão difícil escolher, além deles só Pastor Maldonado correu. Kimi é detentor de 100% das vitórias do time, Romain levou dez pódios. Fechamos por aqui.
* Jornalista