Em seu comentário desta segunda-feira (8), Archimedes Naspolini Filho falou sobre sinônimos utilizados no futebol. O comentarista citou que este esporte é cultura, embora alguns destes termos possam não ser reconhecidos pelos torcedores: mata-mata, orelha da bola, paulistinha e outros jargões foram analisados por Archimedes.
Confira o áudio na íntegra:
Confira o texto na íntegra:
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Ouvia, ontem, a transmissão do jogo de futebol entre o Criciúma e o Hercílio Luz, de Tubarão, e, quando o narrador informou que o jogador havia pegado na orelha da bola eu fiquei imaginando como seria uma bola com orelhas. Não, porque, realmente, dar um chute na bola e acertar a orelha da coitada, não deixa de ser um fenômeno a ser estudado pela academia de Estocolmo, a Academia Sueca, que elege os ganhadores do prêmio Nobel, a cada ano.
Aí resolvi buscar outros jargões utilizados na transmissão de uma partida de futebol e me surpreendi com o que encontrei.
O narrador afirma que aquele centro avante morreria de fome porque toda bola que recebe é quadrada. Ora bolas, se estamos falando de bola não há como fazê-la quadrada, mas o narrador se expressa assim e o ouvinte sabe decodificar a expressão e entender o que está falando.
Muito interessante!
A gíria é resultado de grupos de torcedores que, não querendo ser entendidos por outros de outros grupos, inventaram um dicionário próprio com regras gramaticais apropriadas: só seriam entendidos entre eles. Mas o sucesso foi tão eloquente que locutores, técnicos, comentaristas e jogadores do mundo inteiro se utilizam de tais expressões para melhor explicarem seus acertos e seus erros, suas facilidades e suas dificuldades.
Um jogador dá o drible da vaca, o outro faz um corta-luz, um terceiro acerta a canela do adversário e é chamado de açougueiro. E o gol só saiu no apagar das luzes, mas o jogo não era à noite!
Um gol foi anulado: justificativa: o artilheiro estava na banheira. Um jogador mostrando cansaço: dele se diz: abriu o bico. No intervalo o técnico vai arrumar a casa, é preciso jogador na boca do gol, com domínio das bolas perigosas, das bolas venenosas.
Aquele é um jogador cafofa, isto é, de chute fraco. Depois do carrinho, a cobrança da falta: o chute fez a bola carimbar a barreira, e o goleiro já estava catando borboleta.
Linguagem danada, mas do domínio de narradores, repórteres, comentaristas, torcedores e ouvintes do esporte bretão.
Dirigente é chamado de cartola, demora na reposição de bola é chamada cera, jogo antiesportivo tem nome próprio: catimba; simular falta na área é chamado de cavar pênalti, jogador que corre o campo todo está cheio de gás, e quando lhe falta empenho faz corpo mole; uma goleada é chamada de chuva de gols, uma bola alta na área é batizada de chuveirinho.
Descer a lenha é ser violento, entortar é realizar um drible espetacular, jogar pra si e não passar a bola é fominha, sofre um gol de fácil defesa é frango. E vem o gol chorado, aquele difícil de ser marcado; o jogo aberto, aquele jogado de maneira ofensiva; jogo fechado ou na retranca, jogado defensivamente; jogo embolado, aquele confuso, sem definição tática.
Gaveteiro é o jogador, ou o juiz, que aceita suborno.
A linha é burra quando os jogadores da defesa avançam intencionalmente para provocar o impedimento dos adversários.
O torneio é mata-mata quando é eliminado o time que perde no confronto direto.
Na cobrança de pênalti a bola deve estar posicionada na marca da cal.
Morrinho artilheiro é uma saliência, no gramado, que muda a trajetória da bola.
A barreira é chamada de muralha. O gol, às vezes, é na gaveta. Na prorrogação o primeiro gol assinalado é chamado de morte súbita.
Chutou a bola nas nuvens ou um gol aonde dorme a coruja. O passe pode ser açucarado e o campo um tapete verde.
E mais: Garantir o Bicho é garantir um resultado favorável ao time.
Tostão, ou Paulistinha é a contusão muscular na coxa, causada, quase sempre, intencionalmente, pelo adversário.
Sair do jejum – marcar gol depois de muito tempo sem balançar as redes.
Tijolada ou Pombo é sinônimo de chute forte.
Tapetão é quando a vitória é obtida na justiça desportiva.
Um toque suave ou sutil, desviando a trajetória da bola, tem nome: Totó.
Trivela é um chute com efeito dado com a parte da frente externa do pé.
A pequena área é chamada de Zona de Perigo e Zebra é o resultado positivo para uma equipe que consegue vencer um adversário reconhecidamente mais forte.
Gírias do futebol não deixam de ser cultura. Inculta, certamente, mas cultura!
E que todos comecemos o dia como queremos termina-lo! Bom dia!